quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Entrevista Black Pantera


Já com quatro álbuns (sendo dois ao vivo) na bagagem a banda tem conquistado uma legião de fãs por onde passa (inclusive no exterior!) com seu discurso direto e uma massa sonora devastadora que prova que nem só de Sepultura, pão de queijo e pinga vive a nossa querida Minas Gerais.

2112. O Black Pantera tem um dos discursos mais fortes e honesto do rock brasileiro. Essa sinceridade já causou problemas para vocês?

Rodrigo Pancho. Apenas nas redes sociais mesmo, alguns desavisados que seguem a banda que se dizem ser fãs e não se ligam que somos uma banda de protesto, ai vem falando pra gente não misturar música com política, mas a gente procura tratar bem todo mundo e mostrar que não tem como desvincular
2112. As letras abordam o racismo, a liberdade e os direitos dos homens sem soar panfletário. Isso me lembrou muito do punk: tudo simples, rápido e direto na veia.

Rodrigo. Nascemos no underground e temos grande influência do punk e do hard core e sim nos cantamos o que vemos e vivemos, é muito natural para nós, não tem forçassão de barra, gostamos de fazer música direta sem muita firula, nada contra quem gosta, e se der na telha de fazer algo mais progressivo a gente faz também sem problemas, não nos prendemos a regras de estética na hora de compor
2112. Vocês apoiam ONGS, manifestações de ruas, discussões na Internet que envolve todo e qualquer tipo de opressão?

Rodrigo. Todos nós somos pais de família e temos outros trabalhos além do trabalho com a banda, é sempre muito corrido para nós dedicar a outras atividades, nossa forma de manifestar é através da nossa música e nos nossos shows, não apoiamos diretamente nenhuma ONG mas somos a favor delas e de qualquer manifestação que seja a favor de um bem do povo

2112. Os shows do Black Pantera é pura energia bruta. Vocês e o público se interagem de uma maneira super bacana. É muito importante acontecer essa troca de energia, não?

Rodrigo. Não sabemos fazer diferente, e a gente sempre sobe pra dar o nosso melhor no palco, pode ter 10 ou 10 mil pessoas, da nossa parte sempre vai ser assim, essa troca de energia com o público é o nosso combustível
2112. Quanto tempo dura em média um show de vocês?

Rodrigo. Tocamos geralmente em festivais onde o tempo de show costuma ser entre 30 min a 1hr de show, mas quando é só a gente costuma durar mais.

2112. A banda já tem um público fiel tanto aqui como no exterior assim como o apoio da crítica. Já está dando para viver da música?

Rodrigo. Todos vivemos da música, mas ainda não vivemos da banda, todos fazemos trabalhos paralelos com outras bandas como freelancer ou em gravações e até aulas particulares de música, mas creio que estamos no caminho e logo estaremos vivendo só do Black Pantera pelo menos esse é o plano
2112. Ao contrário de outras bandas vocês primeiro fizeram nome no exterior para depois se voltarem para o mercado interno. Como foi fazer o caminho inverso?

Rodrigo. Sim, tocamos em Paris no festival Afropunk em 2016 e novamente em 2017 no Download fest também em Paris antes mesmo de qualquer capital brasileira, pra nós foi uma experiência incrível e que nos abriu várias portas pra tocar em festivais importantes no Brasil 

2112. O underground brazuca está produzindo uma série de ótimas bandas dos mais variados estilos. Que bandas vocês destacariam com um trabalho interessante?

Rodrigo. Na nossa cidade mesmo temos algumas bandas que somos fãs que são Nekrotério que é um Punk horror muito bem feito com um humor bem sádico, tem o Broken Jazz Socyeti que mandam um stoner pesadão, Azul Flamingo também é uma banda nova que surgiu em Uberaba e ta ganhando destaque no cenário nacional com um som bem experimental, tem o Uganga de Araguari que crescemos ouvindo esses são das antigas mas cada ano estão melhores e sempre na ativa produzindo o fino do trash e hard core, e pelo Brasil afora sempre trombamos com grandes bandas de vários estilos e muito boas, Molho Negro, Stolen Birds, Rest in Chaos e por ai vai , o Brasil é muito privilégiado musicalmente, o povo que tem preguiça de pesquisar porque o rock ta muito vivo.
2112. Uma ressalva: Penso que o underground precisa apenas se unir e se profissionalizar para tomar posse do seu espaço. Afinal, sem união nada vai a frente...

Rodrigo. Nós somos uma banda de mente muito aberta que gosta de outras vertentes do rock, é muito bom quando a gente toca em festivais onde tem uma variedade de gêneros porque isso leva outros públicos e o festival só ganha com isso, achamos que tinha que ta tudo misturado nos rolês Metal, HC, Punk, Thrash, Clássico, indie, Stonere por ai vai tudo é música tudo isso é rock

2112. Cantar em português em algum momento foi barreira para vocês se comunicarem com os gringos?

Rodrigo. Acho que foi o diferencial, eles até comentaram nas vezes que fomos que não entendiam o que a gente falava mas que sentiam a energia e isso pra eles era o suficiente.
2112. Vocês já pensaram em gravar ainda que fosse um único álbum cantado em inglês? Existe essa possibilidade?
Rodrigo. Quando tocamos nos EUA em 2018 lançamos um single em Inglês chamado Punk Rock Nigga Roll e pegou super bem la e aqui, tanto que tocamos ela em todos os shows, como disse não nos prendemos a nada esteticamente, não gostamos de seguir um padrão pré estabelecido, claro que temos facilidade em compor em português,mas da mesma forma que saiu esse single quem sabe não sai um disco todo em Inglês, não vemos problema nenhum nisso.

2112. Apesar do sucesso vocês ainda são uma banda independente. Existe projeto de assinar com algum selo?

Rodrigo. Acabamos de assinar com a Deck, gravadora que trabalha com grandes artistas do cenário brasileiro como Pitty e Elza Soares, estamos muito felizes e com certeza será uma nova etapa a partir do ano que vem lançando um álbum com o suporte de uma grande gravadora como a Deck.
2112. Vocês fazem uma mistura empolgante de metal com punk, thrash, hardcore, groove... criando o que eu chamaria de "Black Pantera Sound". O que ainda falta misturar nessa massa sonora? 

Rodrigo. Estamos misturando mais ainda nas novas composições e estamos curtindo bastante, cada um na banda tem a sua influência e a gente compõe sempre com muita liberdade ,acho que o segredo de se criar um som com identidade é não se limitar a rótulos

2112. Como é o processo de composição de vocês?

Rodrigo. Geralmente alguém chega com um Riff na cabeça e daí partimos pra uma Jam onde só Deus sabe onde isso vai parar kkkkk, deixamos o gravador do celular ligados e depois a gente ouve e vai lapidando e no fim quando temos a forma pronta a gente coloca a letra.
2112. O primeiro álbum foi gravado rápido com vocês registrando até três músicas num único dia. Isso apesar de gerar muita pressão deixou o álbum bem cru, próximo da realidade do shows da banda. 

Rodrigo. Sim foi bem isso, o primeiro álbum não tínhamos pretensão de nada, era tudo no feeling e como não tínhamos muita grana pra gravar em pista, acabamos gravando as primeiras todo mundo junto ao vivo e acabou ficando com um resultado muito bacana, simples e direto.

2112. Agressão foi mais pensado pois vocês tiveram mais tempo em estúdio. O que isso mudou no som da banda?

Rodrigo. O Agressão demoramos mais pra fazer, esse temos já a ideia de querer criar um conceito com letras que abordam bastante os temas de guerras e violência urbana, são músicas mais progressivas que mostram uma evolução musical da banda, mas sem perder a identidade, foi bom poder fazer um disco mais pensado, foram duas experiências diferentes mas ambas prazerosas.
2112. Não podemos deixar de citar o primoroso trabalho do Ricardo Barbosa. Ele seria algo como o quarto membro da banda?

Rodrigo. Ricardo foi o cara com certeza, grande amigo e devemos tudo a ele, ele gravou, mixou e masterizou os dois álbuns e fez um grande trabalho dentro das possibilidades do estúdio dele, ele conseguiu extrair o melhor da gente, gratidão eterna pelo grande Ricardo Barbosa.
2112. Estamos enfrentando um momento político bem caótico e o clipe de Prefácio é muito oportuno. Na opinião de vocês o Brasil tem saída? O que precisa ser mudado?

Rodrigo. Queremos acreditar que o Brasil tem saída mas muita coisa tem que ser feita, a começar pelas crianças, o Brasil é gigante e a desigualdade ta na mesma proporção, uma melhor educação, qualidade na saúde pública, lazer e qualidade de vida não iguais para todas e isso é triste de ver, jovens que precisam trabalhar pra sustentar a família não têm a mesma chance contra jovens que só estudam e por ai vai, tem muita coisa errada no nosso país, esse governo atual principalmente que parece querer privilegiar apenas os ricos, e ta cagando pra nós povo trabalhador, o pior disso tudo é saber que tem muita gente que votou e que apoia as idéias de um presidente que é assumidamente racista e misógino.

2112. Penso que o leitor precisa ser menos fanzoca e ser mais consciente nas suas escolhas. Afinal política é apenas um cargo e não um fã clube de estrelinhas, não é?

Rodrigo. Pensamos igual, independente do governo, não se deve endeusar quem está lá para nos servir, nós que tínhamos que estar no poder é o povo quem coloca eles lá, é ridículo alguém chamar um presidente de mito, se qualquer governante fizer algo de bom para o povo não está fazendo mais do que a obrigação dele e não devemos endeusar nenhum político de nenhuma bandeira que seja, o Black Pantera não é a favor de nenhum político, pra gente nenhum presta, mas esse que está atualmente vem sendo o mais escroto de todos os tempos.

2112. O ano praticamente já acabou... quais são os planos para 2020? Novo álbum, novos shows no exterior...

Rodrigo. Agora nosso foco é fazer o melhor álbum que pudermos pela Deck e fazer muitos shows pra divulgar o novo trabalho que deve sair com certeza no primeiro semestre de 2020.
2112. Qual o e-mail/telefone para a contratação da banda para shows e aquisição de materiais?

Rodrigo. Pessoal que tiver interesse pode chamar pelo email da banda que é
blackpanteraproject@gmail.com que a gente encaminha pro nosso produtor que é o Adriano Ministro de SP, mas se quiser trocar um papo informal com a banda a gente sempre no face e instagram @blackpanteraoficial só chamar que a gente responde na hora, vendemos nosso merch pelas redes sociais e nos shows por enquanto só chamar que a gente entrega em qualquer lugar do mundo.

2112. Abre a roda e senta o pé... o microfone é seu, meu camarada!

Rodrigo. Gostaria de agradecer em nome da banda todos que nos seguem que colam nos shows que indicam pros amigos que curtem e compartilham nossos posts, vcs é quem fazem a diferença pra banda ser cada dia mais conhecida e reconhecida pelo mundo, obrigado a você Carlos e o Blog 2112 que está ai nos dando essa moral e esse espaço pra poder falar e expor nossa idéias e opiniões, quem quiser conhecer mais sobra o nosso trabalho é só procurar nas redes sociais por Black Pantera que vai encontrar muita coisa bacana estamos também em todas as plataformas digitais com nosso dois álbuns de estúdio e dois ao vivo pelo Show Livre e aúdio arena originals só procurar, grande abraço e até qualquer show!

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