sábado, 28 de julho de 2018

Entrevista banda Quartetinho



A diversidade sonora do Brasil o tornou um dos países mais musicais deste planeta... e o que o Quartetinho faz é levar essa bandeira adiante através de releituras de grandes clássicos da MPB (alguns há muito esquecidos!), do Jazz entremeados por material próprio. Em breve a banda estará lançando o seu primeiro EP e é com muito orgulho que apresento esta entrevista...         

2112. É muito prazeiroso ouvir um trabalho como o que vocês desenvolvem unindo o jazz as várias vertentes da MPB e levando a isso todos os lugares que abrem as portas para vocês tocarem. É como diz Milton Nascimento em uma de suas letras: “Todo artista tem que ir onde o povo está.” Parabéns!

Quartetinho. Muito obrigado! Estamos muito felizes que as portas estão se abrindo pra gente!

2112. Vocês fazem uso de várias sonoridades para criarem uma própria. Pergunto, como vocês classificam o som da banda?    

Quartetinho. Classificar seu próprio som é uma missão bem complicada. A opinião da banda normalmente diverge da opinião do público e não sei quem tem mais legitimidade para classificar o estilo.  Bebemos do jazz, do samba, do choro, do baião e do frevo. Nosso objetivo é misturar tudo o que nos agrada, nesse sentido pode ser perigoso nos prendermos a uma classificação.

2112. É interessante ver jovens como vocês com interesses musicais tão diferentes da nova geração que em 80% só ouvem o que as está tocando nas paradas de sucessos. O que vocês escutam além do jazz e da MPB?

Quartetinho. Felizmente somos quatro integrantes de criações distintas na música. Quando estamos viajando de carro, pode-se ouvir na rádio desde rock até ragas indianos, passando pelo forró e a música de concerto.

2112. Vocês são de visitar lojas de discos ou mesmo pesquisar na internet novos sons? O que vocês tem escutado de bacana? Algum destaque?

Quartetinho. Já estamos bastante imersos na era digital da distribuição da música, acessamos as músicas mais por aplicativos ou meios virtuais. Gostamos de ouvir a galera que também faz um som instrumental mas já tem um tempo de estrada maior como Relógio de Dali, Silibrina, Bixiga 70 entre outros.

2112. Vejo grupos como vocês, Silibrinas, Duo Instrumental, Jazzmine... lutando para se manterem de pé visto que muitas rádios estão se perdendo ao comercialismo e também o fechamento de vários estabelecimentos de shows. Qual seria a solução para esses problemas?    

Quartetinho. É muito importante que as bandas do mesmo estilo e região construam juntos uma cena. Enxergar seus semelhantes como concorrência é um tiro no pé nessa luta.

2112. Outra coisa que me frusta é a indiferença das gravadoras, das rádios e de uma parte do povo em relação a obra de mestres como Pixinguinha, Cartola, Villa-Lobos, Ary Barroso, Heraldo do Monte, Hermeto Paschoal... Como o público reage quando vocês tocam essas músicas?  

Quartetinho. Ficamos muito felizes quando percebemos alguém na plateia balbuciando a letra da música que estamos tocando, mas também tem sido muito realizador que muitos vem perguntar depois dos shows o nome de alguma música. Ser uma vitrine desses compositores faz parte da filosofia da banda.

2112. Nas andanças de vocês ainda é possível ouvir bandas mantendo a tradição da verdadeira MPB como o samba de raiz, maxixe, marchinhas...?    

Quartetinho. Consideramos mudanças naturais e importantes. Não sei se conseguimos classificar uma “verdadeira MPB”. Os exemplos citados na pergunta ainda estão em alta pelo menos na época do carnaval.

2112. Existe um circuito bacana de shows e festivais no Rio para bandas como vocês que tocam música instrumental?  

Quartetinho. Não a como negar que a vida para bandas do nosso estilo é mais fácil em São Paulo. Porém felizmente tem aparecidos bastantes oportunidades em eventos de empresas ou bares. Não são muitos os festivais que o nosso som é completamente compatível, mas sempre que aparece um oportunidade mandamos nosso material.

2112. Eu entrevistei um bluesman chamado Ari Frello que além de shows em bares, teatros, festivais toca em praças públicas e onde mais der. Vocês também fazem uso desses espaços?

Quartetinho. Por termos instrumentos elétricos e bateria ainda estamos buscando uma estrutura de tocarmos na rua. Mas faz parte sim dos nossos objetivos. É muito importante ocuparmos espaços públicos com arte!

2112. E qual é a reação do público? Deve ser uma experiência bem bacana não?

Quartetinho. Nosso clarinetista/saxofonista junto com o nosso guitarrista já fizeram um ensaio aberto no calçadão de Ipanema e muitos pararam para apreciar!

2112. Qual música vocês nunca deixam de incluir senão o público reclama?

Quartetinho. É importante em um show instrumental que o público conheça pelo menos algumas melodias. Tocamos sempre clássicos da bossa nova e standarts conhecidíssimos para que todos os ouvintes tenham familiaridade com alguma música.

2112. Vejo o underground como palco de grandes bandas e novidades musicais incríveis mas que na maioria das vezes não chega ao ouvido do grande público. O que vocês pensam a respeito?  

Quartetino.  Talvez seja arrogante da nossa parte querer que a maioria goste do tipo de som que fazemos. Mas entendemos sim que se deve ter mais espaços na cena cultural para gêneros diferentes, é importante que a população tenha acesso a novos estilos.

2112. Uma cooperativa unindo bandas, produtores, radialistas, empresários, designers, cineastas não seria uma solução imediata?  

Quartetinho. Para nós é fundamental o debate sobre cultura entre diferentes parcelas da nossa sociedade!

2112. Sinto que as bandas precisam se unir mais... Por exemplo a banda “X” que é bem conhecida no circuito vai participar de um evento poderia convidar um membro de uma outra banda para fazer uma participação especial e durante o show falar um pouco dessa banda ou mesmo abrir mão de três ou quatro números na sua set list e dar esse tempo para uma banda iniciante fazer a abertura. O que vocês acham?   

Quartetinho. Total de acordo. Como dissemos, no nosso contexto enxergar seus semelhantes como concorrentes é um tiro no pé.

2112. A banda surgiu no campus da Universidade Federal do Estado do RJ. Como e quando vocês resolveram formar o grupo?   

Quartetinho. A banda surgiu no final do ano passado. O guitarrista e arranjador Calvin Sucena reúne um grupo de amigos que adoravam debater sobre música para dar vida a suas obras.

2112. Vocês tem formação musical erudita ou são autodidata?

Quartetinho. Estudamos em diferentes instuições de ensino musical como a escola de música Villa Lobos, Starling Academy of Music, Sistemus e claro sempre complementando os estudos em casa.

2112. A banda faz releituras dos grandes clássicos do Jazz e da MPB em seus shows... mas existe projeto de incluir composições próprias no repertório?

Quartetinho. Sim! Estamos nos últimos detalhes da nossa primeira música autoral.

2112. O Quartetinho é uma banda instrumental... mas vocês já pensaram em incluir vocais convidados em alguma música nos shows ou mesmo em futuras gravações?

Quartetinho. Sim, já fizemos convites para cantoras fazerem uma participação em nossos shows na Lapa e se tivermos oportunidade de acompanhar alguma carreira solo não recusaremos!

2112. A voz não deixa de ser um instrumento, não é?

Quartetinho. Claro!

2112. O que os fãs do Quartetinho podem esperar para este ano? A gravação de um cd está nos projetos?

Quartetinho. Estamos finalizando nosso EP com três versões de clássicos brasileiros, está ficando lindo!

2112. ... dá para adiantar alguma coisa?

Quartetinho. Infelizmente não, o processo de mixagem é longo hehe

2112. O microfone é de vocês...

Quartetinho. Primeiramente muito obrigado pelo convite! Queríamos deixar o convite para visitarem nosso Facebook (Quartetinho) e nosso Instagram (@quartetinhojazz) onde lá encontrarão fotos, vídeos e datas dos próximos shows. Até a próxima!

Telefone de contato: 55 21 982213764 

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