segunda-feira, 7 de maio de 2018

Entrevista Sasha Zavistanovicz



Para quem não sabe Sasha é guitarrista da banda Underload que já lançou dois grandes trabalhos na praça e que também mantém um trabalho solo instrumental de altíssimo nível. No final do ano passado lançou o seu segundo solo e realizou o sonho de muitos guitarristas: estudar no Musicians Institute em Los Angeles. O ano promete...   


2112. 2018 começa com motivos de sobra para você festejar. Primeiro foi o lançamento de Space N’ Time seu segundo projeto solo e depois a sua ida para Los Angeles estudar no Musicians Institute. Como você está depois de tudo isso? 


Sasha Z. 2017 foi um ano muito positivo, de muito trabalho e com os projetos avançando bastante. Nos últimos dias de dezembro, tudo culminou no lançamento do single autoral Space n’ Time, em parceria com os irmãos Busic (Dr.Sin). Logo no primeiro dia de 2018 cheguei aqui em Los Angeles pra tornar um sonho de mais de 10 anos realidade. Sempre quis vir para cá e este foi o momento certo. Estou realizado, mas já pensando nos próximos passos.


2112. O que achou da escola?


Sasha Z. A escola é sensacional. Nunca imaginei uma estrutura tão completa pra auxiliar no desenvolvimento do músico. Workshops e uma infinidade de atividades extras se somam aos professores (que são fantásticos) e ao currículo que inclui técnica, teoria, performance, aulas particulares, repertório e até music business. Superou as expectaticas, que já eram altas!


2112. Você passará alguns meses de estudos intensos abordando técnica, teoria, equipamento, afinações entre outras coisas. E em termos musicais quais são as novidades?


Sasha Z. Sempre fui apaixonado por estudar música mas a rotina intensa de aulas e shows limitava o tempo e o estudo acabava se tornando mais uma manutenção do que uma evolução em relação ao que já havia alcançado no instrumento. Planejei esses meses aqui em Los Angeles pra evoluir como músico e absover novas ideias, me inspirar. Isso com certeza vai refletir nas futuras composições e projetos.


2112. Esse tempo será de grandes mudanças tanto no seu jeito de tocar como de compor. Mesmo estando no princípio dos estudos você deve estar com a cabeça fervilhando de idéias, não é? 


Sasha Z. Com certeza! A forma que o conteúdo é trabalhado aqui é muito diferente de como sempre estudei e isso acaba trazendo novos desafios e consequentemente ideias. Sair da zona de conforto é a melhor forma de evoluir e buscar inspiração. Tem sido uma experiência transformadora.


2112. Nesse meio tempo como fica o Underload?


Sasha Z. A Underload lançou recentemente o vídeoclipe de Russian Roulette e o single “Are You Kiddin’ Me” e no momento o futuro da banda é indefinido. O Joce (baixista) vai passar uma temporada em Dublin e quando todos estivermos de volta conversaremos sobre os próximos passos.


2112. Você já deu umas “voltinhas” pela cidade?


Sasha Z. Com certeza! LA é uma cidade muito cultural, com diversas atrações relacionadas à arte. No pouco tempo livre tenho aproveitado pra conhecer alguns pontos turísticos, lojas de discos e intrumentos. É imperdível! Em uma das minhas caminhadas até esbarrei com o Ozzy Osbourne! Sério mesmo! (risos)


2112. Pretende assistir a alguns shows?


Sasha Z. Já tive o privilégio de assistir o G3 no Orpheum Theater e o Jonny Lang (que é um dos meus artistas favoritos) no Canyon Club. Os shows foram incríveis e estou sempre de olho nas agendas. As grandes turnês estão sempre passando por aqui.


2112. Vamos falar um pouco sobre Space N’ Time seu segundo trabalho solo. O


Sasha Z. Carpe Diem foi meu primeiro álbum. É um trabalho que tenho muito orgulho e representa muito bem o Sasha daquela época. Eu tinha 16 anos quando compus as 9 faixas e foi muito bacana poder registrar as minhas ideias o resultado dos meus estudos nesse disco. Space n’ Time é um single e meu trabalho mais recente. Acho que é possível perceber a maturidade e a evolução que o tempo a estrada proporcionaram. Esse trabalho conta com Andria e Ivan Busic do Dr.Sin, o que somou muito para o resultado final.


2112. As músicas incluídas são todas inéditas ou tem material que não foi aproveitado no trabalho anterior?    


Sasha Z. Sapce n’ Time é um single totalmente inédito.


2112. Como foram as gravações?


Sasha Z. Foi uma experiência incrível estar em estúdio com os irmãos Busic. Gravamos a bateira e o baixo no estúdio deles em São Paulo, trabalhando os arranjos de forma colaborativa e depois finalizei as gravações de guitarra e violão na Noise Produtora de Áudio em Caxias do Sul. A mixagem e masterização ficou por conta do Andria Busic, que fez um excelente trabalho!


2112. Você mesmo produziu?


Sasha Z. O trabalho foi co-produzido em conjunto com Andria Busic.


2112. E como surgiu a participação dos irmãos Busic?


Sasha Z. Tudo teve início com um convite que recebi do amigo e grande vocalista, Rodrigo Marenna pra gravar um solo em uma música que ele estava produzindo com os Irmãos Busic. A partir daí ficamos em contato e imaginando como seria bacana trabalharmos um som autoral juntos. Quando o convite surgiu não pensei duas vezes. Sou muito fã do trabalho deles com o Dr.Sin e foi um sonho realizado poder trabalhar com a melhor cozinha do rock brasileiro.


2112. Benhur Lima produziu a capa novamente?


Sasha Z. A arte do single foi desenvolvida por Marcus Lorenzet (Art Spell), que fez um excelente trabalho.


2112. Na sua volta ao Brazil pretende fazer alguns shows de divulgação deste trabalho?


Sasha Z. No momento não tenho planos de shows instrumentais. Estou em uma fase muito criativa e pretendo trabalhar forte as novas composições para depois pegar a estrada.


2112. O microfone é seu...

Sasha Z. Agradeço de coração esse espaço e a todos que acompanham meu trabalho. Estarei trazendo ao Brasil muitas novidades na bagagem e tenho certeza de que vem muita coisa bacana pela frente. Keep rockin’!



Entrevista Bônus: Underload


O rock dos anos 60/70 ainda é fonte de inspiração para muitas bandas e o Underload não foge à regra. Mas quem escutar o seu primeiro cd vai sentir orgulho de ver o nível que nossas bandas estão atingindo. Peso, melodia, balanço e um vocal de arrepiar faz toda a diferença e trazendo uma certeza: Não precisamos ficar babando as bandas gringas pois as nossas estão no mesmo patamar de qualidade. Ouça bem, mas bem alto e depois me diga se estou errado...


2112. O Rio Grande do Sul tem sido um celeiro fértil de grandes bandas e grandes músicos. Na opinião de vocês o que o Estado oferece de diferente dos demais? Como está a cena gaúcha hoje?


Sasha Z. Realmente, o Rio Grande do Sul possuí uma cena muito forte, com grandes músicos e profissionais de destaque nos mais diversos estilos. Falando especificamente da cidade onde vivemos, Caxias do Sul oferece um edital público que tem ajudado muitas bandas e artistas a elevar a qualidade do material, além de profissionalizar o trabalho como um todo. Nosso álbum e o clipe da música Russian Roulette (em fase de gravação) foram viabilizados através dessa iniciativa. Além disso, existem diversos blogs, estúdios, festivais e projetos privados que promovem ações em prol da cena musical local. Isso faz toda a diferença.


2112. Como surgiu a banda?


Sasha Z. A banda surgiu com o objetivo de dar sequência ao lançamento do meu primeiro álbum solo, que é instrumental. Após decidir que o novo trabalho teria vocal, comecei os contatos e fui recrutando os integrantes. A química foi instantânea e logo nos entrosamos musicalmente, levando a energia da banda para os palcos. No estúdio, registramos nosso primeiro álbum e o singles Otherside e Mad Love.


2112. Existe uma forte influência setentista no som de vocês que além de Led Zeppelin, Aerosmith, Deep Purple, Glen Hughes... inclui o soul e o funk o que garante mais groove a música e também elementos do novo rock como The Winery Dogs e Black Country Communion. Enfim, quais são as influências de vocês?


Joce. Exatamente, somos muito influenciados por essas bandas citadas. O soul e o funk naturalmente estão dentro do rock 70, pois foi a década de ouro para ambos estilos. Por isso tais misturas são inevitáveis. Além das bandas citadas, admiramos muito também o Black Sabbath e o Rival Sons. Duas gerações, o clássico de olho no futuro.


2212. De uns anos para cá o roqueiro de uma maneira geral vem abrindo mais a mente no que se refere a inclusão de outros ritmos ao peso do rock. Existe algum tipo de relutância ainda por parte do público por causa desta mixtura?


Beto Vianna.  Acreditamos que a música, de maneira geral, evolui, e o público se adapta às mudanças.


2112. Como é o processo de composição? Todos participam?


Beto Vianna. Em nosso processo de composição, respeitamos muito a individualidade de cada integrante, e desta forma, todos criam e colocam suas particularidades nas músicas. Todas as idéias são bem analisadas, pois têm potencial para se encaixar em algum som.


2112. Recentemente vocês lançaram o primeiro trabalho. Escutando atentamente o cd como um todo ficou como vocês queriam? Vocês conseguiram reproduzir o som da banda ao vivo?


Joce. Lançamos em 2014 nosso primeiro álbum. Com certeza ficou como queríamos na época e ainda achamos um excelente material. Porém hoje em dia naturalmente o som vai se transformando, algo muito comum com quem produz música. Nos nossos dois recentes singles, percebe-se um amadurecimento e um direcionamento diferente sonoro do que foi gravado em 2014. Apesar de o disco não ter sido gravado ao vivo, conseguimos sim reproduzir a performance da banda. Acredito eu, devido a muitos ensaios e entrosamento, etambém cada um entrou sabendo exatamente o que tinha que fazer, foi um processo rápido.


2112. Quais músicas vocês destacariam?


Joce. O grande ápice do disco são as faixas Russian Roulette (faixa 2) e Burning Higher (faixa 3), para mim são músicas que estão um pouco acima das outras. Porém, tem outras faixas que representam muito bem o som da banda.

2112. Como surgiu na história de vocês o programa de incentivo à cultura para a gravação do cd?


Sasha Z. Desde o início da banda definimos como objetivo registrar um álbum. Ao colocar no papel todos os custos de gravação, mixagem, masterização, produção, prensagem, assessoria de imprensa, etc., percebemos que a forma mais rápida de arrecadar o montante necessário seria através das leis de incentivo. Aqui em Caxias do Sul, contamos com o Financiarte. Decidimos inscrever um projeto e fomos contemplados. Os recursos possibilitaram um resultado final de alto nível.

2112. Como é manter uma banda em meio a toda essa confusão financeira que se encontra o país?


Beto Vianna. Todos têm de "vestir a camisa". Devemos acreditar em nosso trabalho e dar o sangue para tal propósito. A situação financeira é complicada, porém encaramos nossos gastos como investimentos para um bem maior, que é nosso som.


2112. Hoje já se tornou comum baixar cd’s pela internet. Como vocês encaram este desafio? Vocês são contra ou a favor? É possível se manter apenas dos shows?


Beto Vianna. A forma de consumir música vêm mudando ao longo dos últimos anos, portanto é natural que as pessoas busquem meios mais práticos para ouvir os artistas. Não adianta remar contra a corrente e levantar uma bandeira contra os downloads dos álbuns. Temos que produzir conteúdo, de fácil acesso e maior alcance possível.


2112. Que conselhos vocês dão a quem pensa hoje em formar uma banda? Como é a vida de um músico? É uma vida glamorosa como muitos pensam? Qual o lado positivo e qual o lado negativo desta vida?


Sasha Z. Hoje, temos a internet como uma ferramenta muito poderosa e que acabou com as limitações geográficas. O principal conselho é trabalhar bem as mídias sociais.  Ser músico vai além de uma profissão, é um estilo de vida. Você precisa acreditar que tem algo a dizer através do seu som e batalhar muito para fazer as coisas acontecerem. Não há glamour. É preciso encarar a banda como uma empresa e trabalhar não só o lado musical e artístico, mas também o lado business. O lado positivo é trabalhar com o que a gente realmente ama, isso não tem preço. O lado negativo é lidar com o preconceito de quem ainda não considera música uma profissão, mas isso apenas serve de motivação para ir cada vez mais longe.

 
2112. Existem novos projetos para este ano?


Joce. Existem sim. O principal que eu posso destacar é o lançamento do vídeo clipe de Russian Roulette do nosso primeiro disco. Clipe com financiamento cultural do município e que vai ser nosso principal material de vídeo gravado até o momento. Acompanhando o lançamento desse vídeo clipe haverá também um show de lançamento e estamos planejando um grande espetáculo para os fãs da banda.



Integrantes:

Beto Vianna (vocal)

Maurício Gomes (bateria)

Joce (contrabaixo)

Sasha Z (guitarra)



Contatos:



E-mail: Sasha_zavista@hotmail.com

Facebook & Instagran: Underload

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