segunda-feira, 12 de março de 2018

Entrevista Volkana




Se você é daqueles babacas que pensa que rock é só para macho pode ir abaixando as calças pra levar ferro. O Volkana vai te mostrar o lado inverso da moeda com um trash metal que vai fazer o seu cérebro tremer de alegria... é porrada em cima de porrada. Deixe o orgulho de lado e vai num sebo mais próximo a procura de First, garanto que você não irá se arrepender. Clássico!!       

2112. Há exatos 31 anos nascia o Volkana que causou surpresa por se tratar de uma banda de heavy metal feminino. Havia muito preconceito?   

Marielle. ​Primeiramente gostaria de agradecer o espaço, muito obrigada. Olha Carlos... todas nós da banda na época, nunca trabalhamos com outra coisa que não fosse música... começamos com 17, 16 e 14 anos no caso da Débora... então, sempre vivemos só no meio musical ... com meninos rsrsr ... e meio como meninos rsrs, e sinceramente, não sentíamos muito isso. Sentíamos as vezes que eles nos protegiam, nos ajudavam... mas preconceito, se rolou, passou batido... acho que estávamos preocupadas com outras coisas... sei lá!!​

2112. E como vocês lidavam com este “falso estereótipo” de que lugar de mulher é na cozinha? 

Marielle. ​Pois é, não sei... a gente não se ligava muito nisso. Em Brasília éramos uma turma unida, e não rolava muito isso, como eu disse anteriormente, se rolou a gente não se ligou.
2112. Na época já existia representantes do quilate de Joan Jett e Lita Ford vindas das Runnaways; Girlschool, The Plasmatics liderada pela audaciosa Wendy O. Williams, Siouxsie And The Banshees e mesmo aqui no Brasil Rita Lee, Tibet, As Mercenárias, Flammea e vocês do Volkana. Seria insegurança ou puro machismo?  

Marielle. ​Então, acho que é insegurança né... não sinto muito isso entre músicos, público pode até ser, jornalistas e tal... na real, sentia que incomodávamos mais as mulheres que os homens. ​

2112. Parece que só Sir Lemmy Kilmister do Motörhead entendeu os novos tempos ao gravar o histórico EP St. Valentines Day Massacre em conjunto com as meninas do Girlschool, não é?      

Mariele. ​Lemmy.. não precisa dizer mais nada né... um cara genial, vitorioso, e visionário. Eu acredito que quando uma pessoa é do bem e genial, nada incomoda, ele só cresce e ajuda quem está ao seu redor a crescer tbm. ​

2112. Recentemente assistimos um fato deste naipe quando Cronos do grupo Venon em um ataque de estrelismo sacaneou as meninas do grupo Nervosa. Qual a sua opinião a respeito disso?  
Marielle. kkk total recalque né kkkk... Não desmerecendo o trabalho da banda, mas o dele, que estacionou no tempo, não evoluiu, e eu já tinha ouvido falar por meio de outros músicos que o cara é um mané... e vamos e venhamos, o Venon só é Venon hoje porquê fez história lá no começo, porquê sonoramente, hoje temos bandas muiittoooo melhores. Eu particularmente nunca gostei de Venon, respeitava pela história, mas depois dessa, quero que os caras se explodam kkkk.

2112. Eu acredito em insegurança, inveja... levando em conta que a banda das meninas estava levando o público deles à loucura, não é?
Marielle. Claro... elas são demais, detonam, e ai o cara chega achando que pode diminuir o trampo delas com comentários medíocres... se deu mal, pois elas provaram no palco que ele estava errado em falar qualquer coisa que não fosse "parabéns" ... deve estar gaga kkkk​.

2112. Isso só vem provar que o metal que produzimos aqui é de primeiro nível...  
Marielle. Eu ia finalizar a resposta anterior com está frase!​

2112. Você e Débora (bateria) entraram no lugar de Ana e Eliane... Como surgiu o convite para vocês participarem da banda?

Marielle. Então, como te falei anteriormente, nós já tocávamos em outras bandas, cada uma em uma. Eu fui da Escola de Escândalo e na época tava gravando com o Arte No Escuro e a Debora tocava com a Simone (atual Sy Young) e depois elas foram pro Detrito Federal. A Karla também tinha uma banda onde era vocalista, resumindo, sempre tocávamos juntas com essas bandas, saíamos juntas pra fazer bagunça... éramos uma turma grande e unida... coisa de adolescente dos anos 80... éramos felizes, diferente dos de hoje kkkkk. Ai sempre rolava o papo de vamos fazer um som juntas e tal, e um dia rolou e foi legal. A Ana e Elaine já estavam com outros projetos tbm... não existe esse papo do mal que rolou treta. O povo não tem o que fazer e inventa esses lances né kkk. ​

2112. A nova formação deu uma reviravolta ao optar por cantar em inglês, trocaram de cidade e gravaram sua primeira demo Thrash Flower que incluía duas faixas. O que levou vocês a uma mudança tão radical?    

Marielle. ​A banda já foi formada com as letras em inglês, desde o começo. Ganhamos a gravação da demo de um estúdio de Brasília, com o Andy, onde já havíamos gravado nossas outras bandas e tivemos muita força de uma banda irmã a Fallen Angel, que tinha na guitarra o Fejão que tocava comigo na Escola de Escândalo.​ ​Ai gravamos uma música da Eliane que já estava pronta e era muiittoo boa, Hide, e uma que fizemos juntas, Descent to Hell. ​Ai mandamos as demos pra algumas pessoas, que curtiram, e ai mandamos pra Eldorado, que também gostou do som e do lance de sermos só meninas. Após a assinatura do contrato nos pediu para mudarmos para S.P.

2112. Vocês tinham experiência de estúdio?

Marielle. ​Sim, pois como te disse todas já tinham outras bandas e todas gravaram. Na época eu estava gravando nos estúdios da Emi no Rio com produção do Mairton Bahia e com auxílio do Gutje da Plebe e do Renato Russo que indicou a banda para a gravadora. A Débora estava gravando no Rio também com o Detrito... não lembro a gravadora, mas era a mesma do Capital com produção do Charles Gavin. A Mila já tinha gravado com o Detrito também para a coletânea que lançou Finis Afrikae, Escola de Escândalo, 5 Generais. 

2112. O que os donos de bares ou locais de shows diziam quando vocês procuravam espaços para tocar? A início quem acreditou e apostou em vocês?  

Marielle. Ah, a gente sempre tocava com outras bandas né... nunca íamos sozinhas procurar, fazíamos tudo em bando rsrs. Quando chegamos em S.P. que as coisas mudaram, ai a gravadora sempre fechava os lances pra gente, e logo fizemos amigos que ai tbm ajudavam. Trabalhávamos com o Renato que era produtor do Ratos, e muitas outras bandas legais da época.​

2112. O sucesso da demo tornou a banda conhecida e obviamente abriu portas. Como eram os shows nesta época?
Marielle. Ah... eram legais rsrs... a gente era muito muleca... não estavamos muito preocupadas com nada... o lance era tocar kkkk. como e onde era o de menos muitas vezes. Sempre tivemos um público fiel e parceiro... e muitos nunca deixaram, se tornaram grandes amigos, e são muitos graças a Deus.
2112. Vocês recebiam muitas cantadas?

Marielle. ​Cara.. homens são muittooo diferentes de mulheres... depois dos shows os caras vinham e só apertavam a mão da gente e diziam " ducaralho o show!" kkkk, pediam autógrafo, ganhávamos presentes, mas sempre com muito respeito, até demais kkkkk  a gente se divertia com isso, porque a gente achava que assustava eles kkkkk​. Antes do show se tinha um engraçadinho, depois ele vinha e pedia desculpas kkkk. 

2112. Todo mundo compunha na banda?   

Marielle. ​Geralmente eu e Karla. Quando a Selminha entrou deu umas ideias diferentes que foram legais.​ Ela tinha uma pegada diferente... eu e Karla erámos mais punk kkkk,

2112. O ser lançado First teve uma boa aceitação? Pergunto isso levando em conta que o material ainda hoje soa brutal... um verdadeiro clássico do metal nacional. Vocês nunca pensaram em relançá-lo em cd?    

Marielle. ​Ele vai ser relançado agora no início de 2018, acredito que em março estará por ai novamente. O First soa muito atual e diferente do que veio depois por causa dos nossos gostos. Nossas raízes, Mila, Karla, eu e Débora era o punk rock, mas nós queriamos tocar bem rsrs... e quem toca bem faz metal kkkk. E ai a gente começou a ouvir metal... não tocávamos tão bem mas dava pra misturar​. Eu e Karla também gostávamos de rap... maloqueiragem rsrs... e ai sempre colocávamos uma pitada do estilo nas músicas que nos deu um tom original, criticado na época, mas que depois virou modinha né rsrsr. 

2112. O que levou você a sair da banda? Havia muitos conflitos internos?   

Marielle. ​Não... eu tive um problema de saúde na minha família que é de Curitiba, onde nasci. Como meu pai é militar fui pequena pra Brasília e cresci lá... me considero candanga... amo o cerradão rsrs. Ai, tive que optar... mas infelizmente meu irmão, que aliás faz participação no First, Mariel Loyola, veio a falecer o que me deixou mutiiioooo,  mas muitoo mal. Tanto que parei com tudo depois... até fiz umas coisas, mas nada que eu realmente curtisse.​

2112. As constantes troca de integrantes parece ter desnorteado o futuro da banda pois um novo trabalho só iria surgir quatro anos depois: Mindtrips. Você chegou a ouvi-lo? O que achou?

Marielle. ​É, não foi leve pra ninguém tudo que aconteceu. Sim ouvi o Mindtrips, é um belo trabalho, profissional. ​A menina cantava de verdade kkkk... eu sempre fui "vocalista" de banda, não cantora, existe uma grande diferença. Pros mais eruditos o Mindtrips é o melhor disco da Volkana, pros "raiz" é o First, já me liguei nisso rsrs.

2112. Não podemos esquecer que em 2002 a demo de vocês seria relançada em conjunto com a demo da banda Flammea em um único LP. Você participou deste projeto?

Marielle. ​Cara ... pelo o que o Serginho me falou ninguém sabia. Foi tipo algum fá que foi lá e compilou os 2 e ficou demais né?
2112. Em 1996 a banda encerra atividades e só voltaria a se reunir em 2008 novamente com você, Mila Menezes, Renata Lopes e Sérgio Facci. Porque resolveram voltar?

Marielle. ​Na verdade não foi uma volta, foi o início do Projeto Brasil Heavy Metal, onde fizemos um show em S.P pra falar sobre o lançamento do trabalho.​
2112. Havia projetos para lançar algum material?   

Marielle. ​Não, como te disse ali, foi só um show pra fazer barulho pelo lançamento genial do projeto que mais trade seria finalizado.​

2112. Em 2011 a banda teve uma música incluída na trilha sonora do documentário Brasil Heavy Metal e você ainda participou como solista na canção tema junto a outros artista. Como surgiu a proposta?     

Marielle. ​Então, tudo começou em 2008, e foi andando, e nós estivemos sempre com eles apoiando o projeto... ela é a história do metal nacional. Em um país memória, iniciativas com estas tem que ser apoiadas.​

2112. Com certeza! Entre a sua saída do Volkana e sua volta com a banda o que você fez além de tornar-se radialista?

Marielle. ​Ei fiz uma banda com meu ex- marido chamada Cores D Flores aki em Curitiba, onde a Karen Ramos que está na atual formação da Volkana tocava comigo. E todo ensaio ela tocava um trechinho de algo da Volkana rsrs... era fã e era adolescente na época rsrs... Fizemos muitos shows pelo Brasil... foi legal, mas ai com a minha separação do meu ex, não rolou continuar.​

2112. Foram tempos duros?

Marielle. ​Não rsrsrs... conheci o trabalho em rádio que amooooo... é uma praga viu rsrs... apaixonante!! Hoje criei minha própria rádio na web, onde toco tudo que existe de melhor no Classic Rock, Folk e Blues... porquê rádio dial hoje em dia não tem mais condições. Pra quem conheceu a Fluminense... aliás... faz propaganda ai kkkk. www.onerockradio.com ... capricho na programação...nego fala que é rádio pra músico kkk... mas não é não, é rádio pra quem gosta de guitarras!
2112. Como radialista você tem acesso a muito material de bandas legais. Quais nomes você indicaria como promissores?    

Marielle. ​Cara, pra mim, das novas que estão no médio mainstrean - entre o pop e o peso com boas letras e um instrumental fodástico - Scalene e Far From Alaska. O Clemente dos Inocentes lançou um disco ano passado muito bom​ também, vale a pena ouvir. O lance é que tem muiittaassss bandas surgindo. O problema, na minha opinião é conteúdo de letras... e sem isso pode ser a melhor banda com os músicos mais foda que pra mim né, não adianta nada. 

2112. Na sua opinião o cenário está mais maduro e profissional do que na época que você começou?

Marielle. ​Tecnicamente sim. Só tecnicamente! ​


2112. Existe projeto do Volkana gravar algum material este ano?  

Marielle. ​Sim, estamos já com 2 músicas novas, e uma versão que vcs vão curtir mutiiooo... aguardem. Devemos gravar elas até junho, com clip e tal. Deve sair um clip do show de SP até final de março​. War, where my enemy lie...

2112. O microfone é seu...
Marielle. Olha, queria agradecer novamente o espaço, ele é muito importante pra gente, e espero que todos continuem curtindo o que vem pela frente do novo VOLKANA... o bicho vai pegar... rsrs... pois estamos "com sangue no zóio rsrsrs"! Bjs mil a todos e sucesso sempre. Yeahhhhh! 


One Rock Radio – Coordenação

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