domingo, 12 de novembro de 2017

Entrevista The Pulltones






O rock é um planeta de múltiplas facetas musicais e que o 2112 defende como lema no blog: “Todos os sons... uma só tribo!” Por isso é que apresento com muito orgulho a banda The Pulltones de surf music instrumental formada por Lucas Schneider (guitarra), Maicon Martini (baixo) e Elvis Moreira (bateria). A banda já tem dois ótimos trabalhos lançados que obteve uma ótima repercussão na mídia o que os levou a gravar no lendário selo Baratos Afins... Saia da sua mesmice musical e se permita surfar nestas megas ondas sonoras que te conduzirão ao paraíso!



2112. Vamos começar contando um pouco da história da banda, ok?



Schneider. Bem, resumindo a gente tocava em uma banda que de rocks 50s, rockabilly e afins, quando a banda “acabou” eu convidei o Elvis e o Maicon pra gente continuar tocando junto, desta vez como um trio de surf instrumental. Depois de algumas relutas eles aceitaram fazer esse projeto meio maluco de tocar surf instrumental. Foi algo bem rápido, a banda acabou mais ou menos em julho/agosto de 2015, em setembro a gente já tava fazendo ensaio, compondo, em novembro gravamos o E.P e no dia 31 de Dezembro nós não aguentamos a expectativa e subi o E.P no Youtube e compartilhei em todos os grupos que eu tinha no facebook relativos a Surf Music e pra pessoas que eu sabia que curtiam o som. Dali em diante surgiram os convites e a gente chegou onde estamos hoje, com um um álbum pela baratos afins e participações em alguns festivais.



2112. Gosto muito da energia da surf music e sempre admirei os trabalhos de Duane EddyLink Wray, Dick Dale e The Shadows. Quais são as influências de vocês? 



Schneider. Nossas Influencias vem desde bandas dos anos 60 como Dick Dale, The Original Surfaris, The Pyramids, como mais novas como Messer Chups, The Dead Rocks. Eu curto Link Wray e Shadows, mas acho que o som da The Pulltones esta mais ligado ao Surf Reverberado da Califórnia.



2112. Pessoalmente acho o som de Link Wray super atual e considero Rumble gravado em 1958 o ponto de partida para o que mais tarde seria o hard rock. Vocês curtem o cara?



Schneider. Sim, eu mesmo conheci o som dele por outras bandas por exemplo, depois fui saber que essas músicas vinham do Link Wray, pra você ver a influência do cara.



2112. É incrível como a distorção de sua guitarra mudou o modo de tocar/gravar guitarra e com certeza influenciou toda uma nova geração de guitarristas. Vocês sentem isso também?     



Schneider. Sim! Link Wray veio com seu visual rocker de uma escola entre country e rockabilly mas na hora de tocar ele colocou riffs, ritmos e um “peso” que não era comum na época, sem dúvidas ele foi uma ponte pra outros estilos futuros.



2112. Vocês lançaram o primeiro EP da banda com cinco músicas ainda em 2015 ano de fundação da banda. O que gerou esta urgência? Vocês tinham muito material composto?



Schneider. Lançamos exatamente no dia 31.12.2015, 4 meses antes nem banda existia, nem composições. Acho que a sede de compor e gravar era tanta que o negócio saiu rápido mesmo. A gente queria um cd pra divulgação da banda, jamais imaginaríamos que esse E.P gravado em 4 horas iria repercutir tanto. Outro motivo e que quando eu decidi deixar a outra banda de rocks 50s eu ouvi muitas críticas, e quando divulguei a banda The Pulltones ouvi muita gente dizendo que não ia dar certo, que rock instrumental não iria me levar pra lugar nenhum, que eu não ia ter onde tocar e que ninguém se interessaria pelo som, eu acho que esse E.P além de ser um álbum carregado de vontade de gravar/compor é uma vitória pessoal contra negatividade de muitas pessoas.



2112. Ouvindo hoje o trabalho pronto existe alguma coisa que gostariam de mudar ou tudo está ok?



Schneider. Olha, nada no meu som sempre está bom o bastante, eu sempre acho que daria pra ter feito melhor. Tanto na gravação do E.P quanto na gravação do Storm Fisherman alguns pontos eu queria ter feito com um reverb de melhor qualidade ou até outras formas de captação, algumas músicas eu gostaria que soassem exatamente como se fossem gravadas nos anos 60, mas um dia eu chego lá.



Maicon. Tudo está ok, novidades, mudanças e afins estarão presentes em nosso próximo álbum.



Elvis. Gosto do resultado de Storm Fisherman não mudaria nada. Talvez tocar uma outro música autoral ao invés de Cecília Ann.




2112. Vocês gravaram ao vivo no estúdio?



Schneider. Sim, ao vivo, sem metrônomo. No primeiro EP nós tínhamos uns 350,00 no bolso pra gravar, isso só daria pra uma música gravado em separado, gravamos ao vivo mesmo. Gravamos um som meses depois pra um projeto e que gravamos faixas separadas, foi legal essa experiência, mas a gente chegou a conclusão que a dinâmica parecia melhor gravando ao vivo, e também as bandas de surf nos anos 60 gravavam desse jeito também não? Decidimos fazer isso novamente no Storm Fisherman, só que desta vez fomos bem mais exigentes em relação a detalhes como captação, ambiência e produção.

Vale lembrar que quando gravamos o E.P nos nem tínhamos ideia que essas músicas iriam tocar em tantas Web Rádios, a gente só queria um E.P de divulgação, jamais imaginaríamos que colocaríamos ele no spotify ou que venderíamos o mp3 dele no Bandcamp pra um cara da Califórnia por exemplo, por isso o Storm Fisherman foi melhor produzido e planejado, a responsabilidade tinha crescido.



2112. O álbum teve uma ótima acolhida nas Web Rádios independentes e também no Facebook nos grupos dedicados surf music o que ajudou bastante, não? Como vocês encaram essas novas mídias que de uma certa maneira colocaram um fim sobre o império das grandes gravadoras. Como a banda encara esses desafios?    



Schneider. Eu não sei se a banda teria vingado se eu não tivesse essas mídias pra divulgar o som da banda. A gente mora no interior de São Paulo, aqui as coisas estão melhorando mas a maioria nem fazem idéia do que seja surf instrumental. Se não fosse esses grupos e Web Rádios não sei se nosso som teria chegado aos ouvidos de pessoas no sul do pais ou na capital paulista, na North Sea Surf Radio onde nossas músicas tocaram em programas de brasileiros, americanos e até um grego. Se tudo isso não existisse nosso som teria bastante limitação no público que iriamos atingir.

 
2112. O que vocês pensam sobre a distribuição gratuitas das músicas nas mídias digitais. Vocês são contra ou a favor?



Schneider. Olha, uma banda grande e famosa não precisa de royalts de música, isso é mixaria perto do que eles ganham num show hoje em dia... O Paul McCartney não tá nem ai pra quem quer gravar a música dele ou quanto ele ganha quando a música dele toca na fila do mercado ou o cd que ele vende... o show dele custa 800,00 por cabeça e as pessoas deixam de almoçar e jantar pra comprar o ingresso, ele teria show de segunda a segunda se quisesse. Já para bandas independentes essa distribuição gratuita é uma faca de dois gumes, ele deixa de ganhar com a venda, mas ao mesmo tempo ajuda a propagar mais o trabalho. Nosso som já chegou a muitas pessoas através do Youtube e BandCamp, e a venda do cd no show já completou a gasolina da volta muitas vezes. 



Maicon. Como banda independente não vejo a distribuição gratuita como algo ruim, na verdade é algo que pode até ajudar a bandas a se divulgarem, aliada a força das mídias sociais acredito ser a melhor fórmula para o cenário underground.



Elvis. Acredito que com a evolução da era digital a distribuição gratuita se faz necessária pois acaba abrindo possíveis contatos e parcerias, não deixando de lado a mídia física que pode ser adquirida por um fã que queira ajudar o projeto. O lado ruim da distribuição gratuita é não ter retorno financeiro, tendo assim que arcar com todos os gastos.



2112. Como são os shows da banda?



Schneider. A meu, não sei dizer bem, o que posso dizer é que quando o público corresponde e eu vejo gente dançando e agitando na frente isso reflete no jeito que eu toco e na dinâmica da apresentação.  



Elvis. O show da Pulltones é um show cheio de energia com músicas que podem remeter a ondas calmas até ondas radicais gigantescas que não deixam ninguém parado. Tocamos com a alma!   



Maicon. Geralmente quanto tocamos em lugares onde o público reconhece o valor da Surf Music e sabe aprecia-la é como sentir uma ligação entre a banda e as pessoas, literalmente me vejo surfando em uma onda sonora, difícil explicar a sensação.



2112. Vivemos num país em que a música instrumental não é tão valorizada como deveria chegando a ser quase relegada ao underground. No princípio o público estranhou o som de vocês já que 99% dos grupos de rock brazuca tem vocalistas?



Schneider. Hahhahahahahaha, até hoje as pessoas esperam alguém começar a cantar e percebem depois da 3º musica que o som é instrumental mesmo. Sabe quando dizemos que o som é instrumental a maioria das pessoas imaginam aquele lance daquele programa do sesc, aquele jazz e tals... mas o surf é diferente, você não fica sentado ouvindo um guitarrista, você dança, você se diverte



2112. Os fãs já pediram para que vocês incluam nos discos/shows set músicas com vocais ou já acostumaram? 



Schneider. Meu isso depende do lugar e evento que estamos tocando certo? Quando estamos tocando em um bar com várias bandas com público variado a gente sempre ouve uma coisa ou outra, mas quando toca num festival que tem um público que conhece o surf é só alegria hahahha!



2112. Vocês fazem muito festivais?



Schneider. Não muitos como eu gostaria, mas participamos de alguns sim. Geralmente temos participado de festivais ligados a surf music, rockabilly e outros gêneros retrô. Seria legal um dia estar participando de festivais com uma faixa de público mais abrangente.



2112. O que vocês ouvem além de surf music?



Schneider. Eu ouço blues, rockabilly, rock and roll, Belchior e moda de viola.   



Maicon. Sou bem eclético dentro do rock! Ouço desde anos 60 até anos 2000, sou muito fã dos anos 90 época do grunge, uma das minhas bandas prediletas é o Rage Against The Machine.       



Elvis. Escuto o que tiver tocando no rolê (todo tipo de música e estilo musical), minha playlist tem desde Sepultura a Amado Batista kkk.



2112. Neste ano vocês gravaram o álbum Storm Fishman pelo lendário selo paulista Baratos Afins, certo? Como surgiu o convite?



Schneider. Ai entra um nome importante, Juliano Peleteiro. No início de 2016 recebemos um convite do Juliano pra tocar com os Brutus na capital paulista, foi muito bom, fizemos duas apresentações e a gente foi trocando ideia, eu nem sabia que ele trabalhava na Baratos Afins. Ainda em 2016 o Juliano mostrou o som do E.P pro Calanca, esse E.P foi para as mídias digitais como Spotify através da Baratos. Quando a gente gravou o album Storm Fisherman nós não sabíamos ainda como lançaríamos ele, através do Juliano esse álbum passou novamente aos ouvidos do Luiz Calanca, diz a lenda que ele gostou hahaahaha, ai nós nos acertamos e fizemos 500 copias do Storm Fisherman. Conhecemos o Calanca pessoalmente esses dias, acho incrível como nós conseguimos hoje em dia fazer tanta coisa tão longe, através de e-mails e facebook por exemplo



2112. Vocês tiveram mais tempo de estúdio que na gravação do EP?



Schneider. Sim, O EP usou 4 horas de estúdio, o tempo total do Storm Fisherman deve ter sido algo em torno de 12 horas.



2112. Vocês gravaram várias faixas autorais e algumas covers. Como foi realizado a escolha do material? Elas foram testadas nos shows?



Schneider. Em relação as músicas covers acho que escolhemos músicas que estavam no contexto do álbum saca? Músicas que gostamos e achamos que ficariam legais regravadas por nós e colocadas no contexto do álbum. Já as autorais funciona assim: A gente decide que o álbum vai ter 8 músicas nossas, a gente pega as músicas que criamos nesse período se tiver faltando musica a gente faz mais, não temos músicas sobrando pelo menos por enquanto. Run Emanuelle Run por exemplo a gente tocava ela desde fevereiro de 2016 por exemplo quando estávamos divulgando o E.P, já Baleia Song que e uma música composta principalmente pelo Elvis Moreira foi finalizada poucos dias antes de gravarmos

2112. O resultado final ficou satisfatório?



Schneider. Sim!    



Maicon. Mais satisfatório impossível, a satisfação de pegar em mãos os CDS e lembrar de tudo que passamos para chegar até aqui, não tem preço. 



Elvis. Gostei muito do resultado final, atingiu proporções que nem imaginávamos desde a maravilhosa capa feita pelo Lucas Santana, a parceria com a Baratos Afins... Sobre as músicas cada uma tem sua particularidade e pensávamos em fazer um CD que a pessoa escutasse e não teria vontade de pular nenhuma faixa. Para mim foi um resultado satisfatório.


2112. Como é a cena rock em São Paulo?



Schneider. Temos aqui The Dead Rocks, FootStep Surf Music Band, Os Brutus, Mullet Monster Mafia, Violentures, mais uma porrada que não dá nem pra lembrar e escrever aqui só de surf.



2112. Qual o maior elogio que vocês já receberam de um fã?



Schneider. Olha, não sei qual o melhor, mas o dia que um cara da California comprou meu som pelo Bandcamp e mandou e-mail elogiando a banda, dizendo que o som era muito bom eu fiquei bem feliz. Quando você ouve um elogio de uma pessoa próxima é uma coisa, de um cara que mora do outro lado do mundo onde surgiu o estilo que você toca 50 anos atrás.



2112. Agradeço a disponibilidade de vocês em responderem as perguntas e dizer que o microfone é de vocês para as palavras finais!



Schneider. Agradecemos o espaço e a entrevista super bacana, acho que é a primeira entrevista que participamos na vida, tô quase me sentindo um rockstar hahaha. Brincadeiras à parte, esperamos que todos curtam, se tiverem curiosidade procurem nosso som pela internet, curtam nossa página, ouçam pelo Spotify, Deezer ou mesmo faça uma visita a Baratos Afins, peça para o Calanca mostrar o que ele tem de lançamento em Surf Music e você vai se deparar com bandas maravilhosas.
Tem muita coisa boa acontecendo nesse país, festivais. Troquem aquele role pra ver banda tocando Creedence por conhecer bandas novas.






Discografia

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2015. E​.​P 


01.  Fucked Faraó 02:12                                 

02.  Satan´s Work 02:16                                 

03.  Bustin´ Surfboards (Cover) (free) 02:38           

04.  Hola 02:58                                               

05.  Squad Car (Cover) (free) 02:42     
         

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2017. Storm Fisherman 


01. Big Beach 02:22                 

02. Storm Fisherman 02:49     

03. Ceccilia An 02:07               

04. California Games 02:55     

05. Livia 02:23                         

06. Run Emanuelle Run 03:01        

07. Surf Mistery 02:29             

08. Baleia Song 02:35              

09. Obsessão 03:10                  

10. Operação Prato 03:54       

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