segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Entrevista Banda Eterna




Há exatos 19 anos atrás essa entrevista saía no Jornal Católico Sacro Via que comandei junto com mais dois grandes amigos: Evaldo e Riva. E recentemente olhando o jornal resolvi postá-la no 2112 afinal gosto não se discute e a banda é muito boa... Espero que a música vença o preconceito e todos gostem e aproveitem do testemunho dos rapazes!

Sacro Via. Como e quando surgiu o Eterna?

Alexandre. A banda é fruto de oração do Fradão. A comunidade necessitava de um trabalho desses, pois muitos “dependentes” da comunidade eram roqueiros e o Fradão entendeu isso e viu que a maneira de atraí-los era através deste tipo de música.

Sacro Via. Como vocês definiriam o som do Eterna?

Danilo. Como um white metal. Uma banda de metal tocando pro Senhor. Não tem outra caracterização. É isso mesmo!

Sacro Via. Houve cuidados na hora de escrever as letras para que não se tornassem piegas à vista de um jovem que ainda não escuta rock cristão ou o que conta é a mensagem independente da ideologia?

Danilo. “O Espírito sopra onde quer, a gente não sabe de onde vem, nem para onde vai”. A gente buscou oração, a maioria das letras foram escritas de madrugada diante do Santíssimo. No início não havia intenção de colocarmos referências bíblicas e fomos escrevendo, mas na época da mixagem ao orarmos de madrugada o Rosário, Nossa Senhora mostrou o encarte cheio de referências bíblicas e então fomos ver que realmente era direcionado para Deus, porque tudo que está escrito, de uma maneira ou de outra, tem referência bíblica.        

Sacro Via. O que vocês ouviam antes de fazerem rock católico e o que vocês escutam antes.

Paulo. Todo tipo de heavy metal do mundo: Iron Maiden, Kiss, Ozzy, Dio e muitas outras bandas. Eu nunca gostei de outro tipo de som.

Danilo. Nós ainda escutamos música do mundo com o objetivo de saber o que o povo escuta, analisando e pensando o que seria melhor para o Eterna atingir o público, tirando o que eles tem de melhor em técnica. Prestem atenção: Técnica!

Sacro Via. O que vocês esperam do Eterna?

Danilo. Que ele seja nossa fonte de sustento, nossa missão! Somo operários da última hora e com certeza Deus está nos chamando para isso. Esperamos através do Eterna pregar o Evangelho fazendo um som que a gente curte e conquistar os que curtem esse som na permissão e na benção de Deus.

Sacro Via. Qual é a espiritualidade de vocês em relação à banda?

Danilo. Quanto a espiritualidade que é necessária para que isto aconteça a gente é bem mariano. Maria se manifesta muito para nós na intercessão. Somos adeptos da reza do terço, do rosário e tem um pouco de um pouco de contemplação porque nosso diretor espiritual, o Fradão, é um monge e ele ensina muita coisa sobre o silêncio para nós.
Falando ainda da espiritualidade, a oração pentecostal a gente procura orar um bom período antes dos shows para que Deus possa falar no coração da gente e para a gente falar no coração das pessoas a Palavra do Senhor.    

Sacro Via. Falemos um pouco sobre Shema Israel. Como deu-se a sua concepção e como foram os dias em estúdio?

Danilo. O trabalho vinha sendo formado no coração de Deus, acredito, há bastante tempo. Deus mostrou muito amor por nós neste trabalho. Quando entramos no estúdio já estávamos ensaiando as músicas há bastante tempo em shows e o Espírito Santo foi direcionando e tudo foi rolando bem natural.
As gravações em estúdio começaram no dia 10/03, sendo que no dia anterior montamos a bateria e passamos o som... Foram dias bem intensos de gravação tipo doze horas de gravações por dia. Entre os dias 10 e 11 as partes da batera foram todas gravadas e alguma coisa de baixo. No dia 12 mais alguma coisa de baixo e preparando o esquema para gravar a guitarra que rolou nos dias 13 e 14 junto ao vocal.
No dia 15 encaramos todos os vocais e já no da 16 tínhamos uma idéia do que seria o trabalho como um todo. Em abril, na segunda quinzena voltamos para as mixagens e algumas regravações de voz e guitarra. A introdução de Shema Israel foi feita com alguns efeitos especiais. Tinha sons de pêndalos, chuva, fogo, vento... essas coisas!  
Foi feito uma montagem pelo Daniel juntamente com o Alexandre e eu simulando um coro de monges em um hino que o povo cantava. Fora issoa experiência da gente lá foi muito legal.

Alexandre. Chegamos lá com bastante oração de nossa parte, da parte do Fradão e da Comunidade e o que mais levou a gente adiante foi a união e a presença de Deus.          
 
Sacro Via. Como ocorreu de vocês regravarem “Resgate” da Banda Canção Nova?

Danilo. Bom, a regravação da música Resgate se deu porque no show do dia 16/05/96 só tínhamos três músicas para tocar, então a gente decidiu fazer uma versão para o O Senhor é Rei e Resgate pintou legal, né? Tem a ver com a nossa história, o resgate que o Senhor que o Senhor fez em nossas vidas. A gente começou a tocar em todos os shows e quando chgou a hora de gravar o Eraldo sugeriu que a gente conversasse com a Adriana que curtiu idéia e a gente gravou.  

Sacro Via. Vocês estão satisfeitos com os resultados obtidos no estúdio?

Danilo. Sim, nós estamos satisfeitos! Estamos colhendo os frutos que o próprio Senhor plantou para nós, pois a Palavra diz que não é bom receber a graça de Deus em vão segundo o apóstolo Paulo em uma de suas cartas. Sabemos que estudando, jejuando, orando mais do que já fazemos os resultados podem sair bem melhores.  

Sacro Via. Como aconteceu de Shema Israel ser produzido por Daniel Stilling?

Danilo. O contato com o Daniel foi bem legal...

Alexandre. ... partiu de um trabalho que o Eterna tinha feito quando era outra formação, outro estilo de música. Daniel gravou uma fita que tinha três músicas nossas e gostamos do trabalho dele e resolvemos trazê-lo também para o trabalho do Eterna.   

Sacro Via. Ouvindo Shema Israel depois de pronto ficou alguma coisa que gostariam de mudar ou tudo está ok?

Alexandre. Seria comodismo de qualquer músico após gravar um trabalho achar que está bom. A gente houve hoje e com certeza no próximo trabalho do Eterna a gente vai querer estar bem melhor.  

Sacro Via. Quando e como se deu a conversão de vocês

Paulo. Minha conversão rolou através da música, do heavy metal cristão. Na Igreja Católica não rolava esse tipo de som na época e aí conheci umas bandas de “White Metal” evangélica tipo Petra, White Cross etc... que me mostraram que podíamos fazer esse tipo de música para Deus. Fiquei lá durante quatro anos até conhecer as bandas católicas Cristoatividade e Rosa de Saron que me fizeram sentir vontade de voltar para a Igreja Católica. Resumindo, minha conversão, do Alexandre e do Danilo foi através da música.  

Sacro Via. É possível fazer uma análise do tipo antes e depois da conversão?

Danilo. Antes da conversão era uma busca do que a gente não sabia o que e onde. Hoje sabemos que o que a gente buscava era Jesus. E é legal pois todos os dias são parecidos, não tem mais aquele mau humor da segunda feira, depender da sexta à noite para ser feliz ou do sábado paa encher a cara. Hoje todo o dia é dia de Deus, do Senhor.

Alexandre. Antes como músico a gente buscava outra coisa, ainda mais no rock... buscava alegria no sexo, nas drogas etc. Hoje depois da conversão, a gente vê alegria de poder ajudar pessoas que estão no buraco que a gente esteve um dia. Isso é que foi a grande mudança da gente, poder enxergar Jesus nas outras pessoas.

Sacro Via. Olhando para traz, qual a mensagem que vocês dariam para os jovens ainda presos às drogas, prostituição e vícios do mundo?

Danilo. É o que a gente fala nos shows... Jesus tem uma viagem bem “louca” para dar à vocês, é só aproveitar essa viagem. É bem diferente daquela que a gente tem pelo mundo com drogasse outras coisas.     
Sacro Via. Drogas, álcool, Eterna... Qual a relação?

Danilo. Passado! Drogas e álcool são o passado do Eterna. Deus utilizou desse passado e no profundo amor d’Ele talvez tenha permitido que a gente se desviasse do caminho para hoje podermos falar prá moçada que também está se perdendo nessa. O Espírito nos libertou!   

Sacro Via. A sociedade nutre uma posição muito negativa quanto as bandas de heavy metal. Alguns alegam ser uma música barulhenta, agressiva e autenticamente satânica. Qual a posição do grupo frente a essas opiniões?

Danilo. Uma história que a gente conhece desde quando começamos a ouvir metal. O que caracteriza o heavy metal é a imposição de muitas coisas: política, roubalheira, violência, sexo desenfreado e daí vem a crítica de algumas pessoas da Igreja que não entendem o porque de bandas católicas fazerem esse tipo de som.
Eu creio que na hora certa Deus vai mostrar os frutos, porque só se conhece uma boa árvore pelos seus frutos. O que temos a dizer é o testemunho da nossa vida, tudo que já vivemos e passamos antes de conhecer Jesus. Muitas vezes assisti o clip gospel do Renascer (programa evangélico!) fumando maconha e cheirando cocaína durante a madrugada e devagarinho aquilo foi me tocando. Deus tinha um plano para a minha vida, assim como também para o Alexandre e o Paulo que foi protestante durante quatro anos tocando rock lá porque a Igreja Católica não oferecia.
Agora eu creio que o demônio não teria o objetivo de tirar a gente de um mundo de drogas, de uma sexualidade errada e do álcool para falarmos de Jesus tocando heavy metal. Certamente o demônio não iria reverter esse quadro com certeza.

Sacro Via. O que vocês diriam para os jovens que ainda estão divididos entre ouvir metal católico e não católico?

Danilo. Antigamente ouvíamos idolatrando o cara, queríamos ser iguais a ele, usar drogas, ter milhares de minas como eles etc. Hoje ouvimos algumas poucas bandas do mundão... claro que não todas, mas somente aquelas menos nocivas pois temos a consciência do mau espiritual que isso nos traz. Mas precisamos entender a linguagem do som que a molecada de hoje quer ouvir. Para finalizar, nós diríamos que quando Jesus se ajoelhou e foi orar pelos apóstolos, podemos observar que Ele diz: “Pai, não vos peço que os tire do mundo, mas que os preserve de todo o mal.”      

Dedico esta postagens a dois amigos muito importantes na minha vida e na construção deste jornal: Evaldo e Riva, amigos eternos para todos os momentos. Deus os abençoem sempre e sempre!

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