segunda-feira, 13 de março de 2017

Entrevista Baranga

Enquanto muitos roqueiros vivem em busca de novidades gringas, eu prefiro ir em sentido contrário e buscar no underground e mesmo no mainstream bandas brasileiras que muitas vezes tem mais valor no exterior do que dentro do seu próprio país. Não vou dizer que não ouço bandas internacionais... adoro Led Zeppelin, Pink Floyd, Pantera, Rolling Stones, Motörhead, The Who etc; mas precisamos também valorizar o nosso produto interno.  O Baranga por exemplo faz um rock visceral com letras bacanas que se cantadas em inglês competiria fácil com “bandinhas fodonas internacionais” que apenas copiam modelos antigos e logo engolimos como tal... Escute esta banda e tire suas conclusões!

2112. Como surgiu a banda?

Soneca: Já nos conhecíamos de outras bandas, toquei com o Deca no Pitbulls On Crack.  E com o Xande numa outra banda que o Deca também participou no início. Paralelo a isso, eu e o Xande fizemos algumas jams, em estúdio, com o Paulão. Depois de uma reunião dos quatro em um bar resolvemos montar uma nova banda.

Deca Essa banda comigo, Soneca e Xande fazia versōes de clássicos de rock, rolou legal tocarmos juntos, mas como eu prefiro tocar músicas próprias, saí, mas mantivemos contato e começamos a falar do assunto e procurar um baterista. Curtimos o 1o ensaio e o resto é história.

2112. Até a gravação do primeiro trabalho como foi os primeiros anos da banda?

Soneca: Logo no primeiro ano, gravamos uma Demo e participamos de um programa da TV Cultura, que se chamava Musikaos, com apresentação do Gastão Moreira, ao lado da Patrulha Do Espaço e Made In Brazil. Isto impulsionou a banda, e depois de muitos shows, divulgando a Demo, partimos para a gravação do primeiro álbum, que saiu em 2003.

Deca: foi como é até hoje, com ensaios, shows e composiçōes. Essa banda sempre teve e tem vontade de produzir músicas novas.
2112. Como funciona o processo de composição de vocês? O que vem primeiro: a letra ou a música?

Deca: As músicas e letras aparecem por separado e vamos juntando nos ensaios. Nunca fizemos uma música a partir de uma letra.

Soneca: Geralmente, os riff’s vem primeiro e depois encaixamos uma letra. Em algumas ocasiões rolam letras prontas que tentamos encaixar em algum riff. Mas são nos ensaios que fazemos os arranjos e estrutura da música. Eles são mais importantes do que a ordem do que saiu primeiro, seja riff ou letra.

2112. Geralmente o primeiro trabalho de estúdio de uma banda serve como laboratório para os trabalhos seguintes. Na opinião de vocês como é o entrosamento da banda antes da gravação, durante os ensaios e nas sessões de estúdio?

Deca: Todos nos relacionamos muito bem e colaboramos bastante.

Soneca: Apesar de ser um trabalho desgastante, manter a diversão nos ensaios é fundamental. Só assim a banda se mantém entrosada. Afinal, é disso que se trata o Rock ‘n’ Roll.
2112. Olhando a discografia da banda qual dos trabalhos dá mais orgulho e porquê?

Deca: Gosto de todos. Se for pelos timbres dos instrumentos, gosto bastante do 1o e do 5o e último.

Soneca: Como estamos gravando um disco novo, espero que o próximo álbum seja o que me dê mais orgulho, porque não há nada melhor do que se manter ativo e produzindo. 

2112. Quais as maiores influências de vocês?

Soneca: Na banda são: AC/DC, Status Quo e Motorhead.

Deca: Tem grandes bandas nacionais que gostamos, mas nenhuma influenciou o estilo da banda. Provavelmente porque fomos influenciados pelas bandas que influenciaram essas bandas nacionais.

2112. A atual cena do rock empolga?

Deca: Sim!

Soneca: O dia que o Rock não me empolgar mais estarei aposentado ou morto.

2112. Como vocês veem o revival de bandas que se baseiam no som dos anos 60/70? Tem alguma coisa legal na opinião de vocês?

Soneca: Acho bacana, curto bandas como o Black Crowes, Gov’t Mule, Blackberry Smoke etc. Soam atuais apesar de ter uma sonoridade ‘vintage’.

Deca: Para mim é legal pela influência, mas desde que não seja cópia ou pura reedição do que já foi feito. É legal ter artistas e bandas novas e, desde que as músicas e o show sejam bons, está tudo certo.

2112. Vocês concordam com a frase: “Drogas, sexo e rock’n’nroll”?

Deca: Concordo sempre com o Rock and Roll! Sexo vai da intimidade de cada um, e drogas é um tema mal interpretado e mal resolvido no planeta inteiro.

Soneca: Não fazendo mal aos outros cada um tem o direito de fazer o que bem entender, portanto, concordo plenamente.
2112. Os títulos dos cd’s da banda são um tanto provocativos e debochados: Whiskey do Diabo, O céu é o hell, O 5ª dos infernos.. Qual a intenção por detrás deles?

Soneca: Provocar. Arte é provocação, e o Rock não pode ser diferente.

Deca: São nomes de músicas que estão nos CDs e o rock tem dessas coisas. São expressōes do dia-a-dia pelo mundo afora como "o que diabos é isso". Simples assim. Zero satanista ou coisas esquisitas do tipo. São pra chamar a atenção mesmo!

2112. O que vocês diriam para bandas que mal se formou e já pensam em gravar?

Soneca: Ensaie bastante antes de gravar. Poupa tempo no estúdio e o resultado sempre fica melhor.

Deca: Parabéns! Porque já devem ter certeza de que são músicas legais e de que estão prontas para gravar.

2112. Existe uma má vontade por parte de muitos fãs de rock/mídia/festivais/gravadoras em relação ao rock nacional quando afirmam que o rock produzido por gringos é melhor. Qual a opinião de vocês acerca disso?

Deca: o que existe há muito tempo no Brasil, talvez desde sempre, é a "certeza" burra de que tudo importado é melhor. Pode ser tanto uma camiseta como pode ser uma banda.

Soneca: Se existem pessoas que pensam assim azar o delas. Não se trata de ser melhor ou pior. Uma banda nacional sempre será diferente mesmo fazendo um som de “nível gringo” e não faltam exemplos no país de bandas nacionais com este nível de profissionalismo. 

2112. Qual o recado que vocês enviariam para estas pessoas?

Soneca: Seja feliz e deixe que os outros também sejam.

Deca: Não se importem de onde vem as coisas, importem-se se vocês curtem e pronto.

 

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