quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Entrevista Alemão Abstrato

Oriundo do Rio Grande do Sul, Alemão Abstrato produz uma música super dinâmica com influências do rock, do blues e da música psicodélica. O resultado você confere em dois álbuns super bacanas: Estar no Brilho (2005) e Blues, Rock e Psicodélia (2018) e na entrevista abaixo. 

2112. Você começou a trabalhar com música a partir de 2004. Mas isso a nível profissional?

Alemão. Não, no ambiente onde moro, fronteira Livramento/Rivera, os bares e pubs só pagam bandas que priorizam o cover, e como meu repertório prioriza a música autoral, só toco em festivais independentes onde não há remuneração.

2112. Na sua opinião é possível viver de música no Brasil? Qual a sua visão particular acerca do atual mercado de música.

Alemão. É possível sim, conheço músicos que tocam todos os finais de semana na noite, pois tem um vasto repertorio de cover, alguns deles tocam algumas autorais no repertório, mas é o cover que garante o sustento. Alguns músicos, além de tocar na noite, dão aula de música. O mercado da música no Brasil vive um momento de decadência musical, isso no que diz respeito ao mainstream. Um certo emburrecimento cultural por parte da maioria da população faz com que as gravadoras apostem em artistas com qualidade musical duvidosa virarem fenômenos populares, principalmente adorados pelo público jovem, e destaco o funk brasileiro como um grande exemplo desse emburrecimento cultural, justamente por se tratar de um estilo musical de péssima qualidade harmônica. 


2112. As plataformas digitais mudou o mercado da música pondo fim a obrigatoriedade do lançamento físico de álbuns e singles o que torna esses produtos praticamente obsoletos, não é?

Alemão. Eu acredito que há muitas pessoas que valorizam a mídia física, cd, vinil, k7, eu mesmo me incluo nessa. Geralmente quem valoriza os álbuns físicos, tem uma valorização maior sobre o trabalho artístico, acredito que isso faz com que esse mercado de mídia física se mantenha vivo.

2112. As gravadoras estão encurraladas visto que hoje qualquer um pode gravar seu próprio disco em casa com ótima qualidade de som. Na sua opinião o que futuro reserva para vocês músicos e bandas?

Alemão. Maior autonomia para os artistas, lembro que até os anos 90 as bandas independentes gravavam em fita demo, depois anos 2000, gravar um cd independente ficou bem mais acessível, e além disso a divulgação na internet. Vejo, para um futuro próximo, é uma aproximação cada vez maior das bandas independentes, festivais espalhados pelo país ganhando força, bandas sem a dependência de gravadoras para venderem seus discos.

2112. A base da sua música é o rock com fortes influências do blues e do psicodelismo. Que bandas você curte?

Alemão. The Doors, Janis Joplin, Cream, Jimi Hendrix, Ten Years After, Beatles, Free, Roling Stones, Led Zeppelin, Deep Purple, Frank Zappa, Ufo, Scorpions,  AC/DC, Black Sabbath, Ozzy, Queen, Rainbow, Jefferson Airplaine, Pink Floyd, Syd Barret, The Who, Alice Cooper, Guns’n’Roses, Nirvana, Os Mutantes, Casa das Máquinas, Made In Brasil, Raul Seixas, Arnaldo Baptista, Rita Lee (com Tutti Fruti), Secos & Molhados, Patrulha do Espaço, Bebeco Garcia, Jupiter Maçã, Cachorro Grande, Pata de Elefante, Plastico Lunar, Os Haxixins, Rogério Skylab, Colarinhos Caóticos, Wander Wildner......

2112. Aprendi com o Led Zeppelin, Jethro Tull, Beatles e os mestres do progressivo que "purismo" é cacoete de gente preconceituosa. Sou a favor da mistura de culturas musicais para se criar algo novo e excitante. A música fica mais rica, orgânica e emblemática, não é? 


Alemão. Concordo, apesar de minhas influências do rock clássico serem muitos marcantes, curto muito o experimentalismo musical, principalmente quando a música entra na psicodélia.

2112. Nosso underground é pouco explorado visto que temos uma cena com excelentes bandas que inclusive desperta mais interesse nos gringos que nos próprios brasileiros. Você tem o costume de ficar pesquisando bandas novas no Spotify, YouTube e outras plataformas digitais?

Alemão. Sim, no YouTube,, tem sempre músicas novas para ouvir, inclusive, bandas antigas, pouco conhecidas na grande mídia, e que graças a internet ficam ao alcance de todos, basta ter interesse de querer ouvir músicas nunca ouvidas antes.

2112. Alguma banda despertou o seu interesse?

Alemão. Sim, nos tempos atuais andei conhecendo várias bandas que me agradam, principalmente nacionais, tem muita coisa boa pra ser ouvida no Brasil, algumas que posso citar (Sorriso do Lagarto, Nefeliband, Spectrodelic Project, Nastyn Loaded, Hexwife, Close Enemy, Belini Rock, Kevlar, André Simões, Nastyn Loaded, Chapéu de Cobra)...

2112. Você mantém banda fixa ou contrata músicos para te acompanhar em shows e gravações?

Alemão. Atualmente não estou com formação fixa, mas é uma pretensão para um futuro próximo, ultimamente as formações tem sido variadas.

2112. Santana do Livramento faz divisa com o Uruguai. Como é a cena na sua cidade? Vocês fazem intercâmbio de shows com os uruguaios?

Alemão. Sim, sempre ouve esse intercambio, até porque as duas cidades são coladas uma na outra, como se fosse uma cidade só. É comum, algumas bandas terem integrantes brasileiros e uruguaios.


2112. Em 2005 foi lançado "Estar no Brilho" e em 2018 o ep "Blues, Rock e Psicodélia" (2018). Este ano ainda teremos algum lançamento? Quais são seus projetos nesse sentido?

Alemão. Está em fase final de gravação um novo álbum para o final desse ano (2020), que levará o nome de “Other songs of my universe”, que será lançado nas plataformas digitais, e também em CD.

2112. Bacana. É você mesmo quem produz e faz os arranjos dos seus álbuns?

Alemão. Sim, por tratar-se de um trabalho solo, é tudo de minha autoria.

2112. Seus álbuns são gravados ao vivo ou passa pelo processo tradicional de gravação individual dos instrumentos e das vozes?

Alemão. Na maioria das músicas, uso o processo tradicional de gravação individual, com poucas exceções.

2112. Como é o seu processo de composição? O que mais te inspira na hora de compor?

Alemão. Escrevo letras em cadernos, e depois pego o violão e faço os arranjos. O que mais me inspira, é quando estou com a mente desconectada perante os padrões do sistema como um todo, ou o contrário, fazendo análises de comportamentos do cotidiano. Escrevo muito em meus cadernos, esse é o bom de ser um artista solo, a questão da autonomia.

2112. Uma mera curiosidade... entendi o porque do nome Alemão mas não entendi o Abstrato. Qual é a ligação?

Alemão. Gosto de escrever coisas profundas do meu subconsciente, e também de me expressar nas entrelinhas do real e irreal.

2112. Qual o seu telefone/e-mail para aquisição de material de merchandising e para marcar shows pós pandemia?

Alemão. 55 984147578 ou alemão.abstrato@gmail.com

2112. .... o microfone é seu!

Alemão. O artista, ou banda independente deve manter a persistência de produzir e divulgar suas músicas, com grande entusiasmo, seja para pequenos ou grandes públicos, o mais importante é realizar todos os projetos artísticos possíveis que sejam relevantes.

Canal YouTube:

https://www.youtube.com/user/ALEMAOABSTRATOROCK

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