quarta-feira, 6 de maio de 2020

Entrevista Claudio Fonzi



Recentemente a Renaissance Discos relançou em grande estilo o álbum Ao Vivo (1975) acrescido de várias faixas ao vivo inéditas remasterizados em embalagem digipack dupla com dois encartes super bacanas. Conversamos o Cláudio e o resultado vocês lêem a seguir.
2112. Parabéns pelo magnífico trabalho prestado não apenas aos fãs da banda Veludo mas também a toda a nação prog com o lançamento desse incrível álbum duplo que a meu ver é a versão definitiva desse classic album.
Claudio. Valeu!! Muito obrigado!!
2112. Voltando um pouco no tempo... como e quando surgiu a idéia de relançar o álbum?
Claudio. As ideias ocorreram de forma paralela. Já havia interesse no relançamento do CD "Ao Vivo 1975", mas, dificilmente ele seria reeditado se não existisse também o material inédito dos shows em 2017 e 2018. Ao mesmo tempo, talvez não acontecesse o lançamento desse material atual se não existisse o gancho da reedição. As conversações se iniciaram em 2017, mas todas as etapas do planejamento se desenvolveram em 2019.
2112. Claro que para colocar o projeto em prática foi preciso contactar os membros da banda. O que eles acharam da sua idéia?
Claudio. Fui o principal responsável pela ressurreição da banda para shows ao vivo em 2017 e um lançamento em CD ou DVD sempre esteve em pauta. O Veludo havia renascido em 2012 para gravar seu primeiro CD de estudio. Tal processo acabou se tornando longo e doloroso, devido ao falecimento do vocalista Miguel Pedra ainda em 2012. O CD acabou sendo lançado somente em 2016. Recebeu o título de "Penetrando por Todo Caminho sem Fraquejar". Não participei desse processo, mas logo após o lançamento, fui convidado por Nelsinho Laranjeiras, baixista e líder da banda, para ser o responsável pela distribuição do CD. Daí em diante foram várias conversações para que acontecessem também shows.  Posteriormente, a produção do CD "Veludo ao Vivo 1975-2018" foi feita em conjunto com Nelson. 
2112. Ao Vivo é o único registro oficial do Veludo com a sua formação considerada clássica: Elias Mizrahi, Gustavo Schroeter, Nelsinho Laranjeiras e Paul de Castro. A gravação passou por algum processo de restauração para tentar extrair o melhor som possível?

Claudio. Sim, ele passou por uma remasterização na época de seu primeiro lançamento e agora passou por outra.

2112. ... o som na minha opinião ficou bem melhor que a primeira versão. 
Claudio. Sim, concordo.
2112. Você sabe informar se essa gravação traz o set completo da banda no festival Banana Progressiva?

Claudio. Existem outras músicas, mas não tive a oportunidade de ouvi-las. Nelson me informou que não estão boas.

2112. Quanto tempo levou para a realização do trabalho na restauração dos áudios, parte gráfica, pesquisa de fotos e fatos da época etc?

Claudio. A pesquisa de fotos e fatos da época já tínhamos feito para os shows em 2017, quando elaborei um release para a banda. O processo de produção exclusivo para o CD foi em 2019 e levou cerca de 6 meses.


2112. Junto ao Ao Vivo foi incluído um outro show realizado depois do retorno da banda em 2017 e mais oito faixas bônus: As dez fases do homem comum, Força, luz e calor, Sonata Claríssima/Pica Pau na torre, Veludeando e Nascimento e Morte e no segundo cd Beija Flor e Momentos. Como foi reunir todo esse material? Deve ter sido muito emocionante ouvir essas raridades em primeira mão, não é?
Claudio. Sim, foi muito emocionante mesmo. Documentos realmente históricos que poderiam ter tido o triste fim de jamais serem conhecidos pelo público. Todo esse material pertence ao acervo de Nelsinho Laranjeiras e ainda bem que ele o guardou por tantos anos.
2112. De quem foi a idéia de expandir o álbum?

Claudio. As ideias entre mim e Nelson foram surgindo durante nossas conversações, mas, quem definiu a questão fui eu.

2112. Outro detalhe a ser mencionado é o grandioso acabamento gráfico em capa tripla digipack com dois encartes recheados de fotos e informações. Simplesmente impecável...

Claudio. Fiquei muito feliz com o resultado gráfico. Muito feliz mesmo!! As ideias de composição dos livretos também fluíram de forma conjunta com Nelson. Um dava uma ideia aqui, outro dava outra ali e assim o produto se formou. As fotos foram selecionadas por ele. Aprovei todas porque estavam realmente excelentes. Contribuí também para os textos, mas diria que minhas maiores contribuições foram encarar os custos que se tornaram bem mais altos e cobrar muito, muito, MUITO para que a fábrica caprichasse na impressão, no material e no acabamento gráfico. E falando em custos... não posso deixar de citar a fundamental participação do amigo e produtor Zaher Zein, um dos maiores colecionadores e estudiosos do Rock Progressivo Brasileiro. Se depender de mim, faremos muitas outras parcerias no futuro.
2112. 46 anos se passaram desde que você assistiu a banda pela primeira vez na TV e agora o lançamento desse álbum. Qual a sensação de ter o trabalho pronto nas mãos?

Claudio. Foi muito emocionante. Já trabalho com produções fonográficas há mais de 30 anos e tenho muito carinho por todas, mas essa está sendo realmente a mais especial. Como foi possível minha vida ter dado tantas voltas durante 46 anos e acabar cruzando justamente com aquele grupo que me encantou na infância? É uma situação que parece mais ser um sonho do que realidade.

2112. Você tem recebido muitos pedidos do exterior?

Claudio. Infelizmente, estamos vivendo um momento global absurdamente inesperado e ainda não pude enviar nenhum exemplar, pois o correio brasileiro interrompeu esse serviço. Imagino, porém, que ainda mandarei vários. Por outro lado, felizmente, essa problemática está sendo bem superada, pois as vendas no Brasil estão fluindo muito bem e até superando as expectativas.

2112. Existem outros projetos desse calibre? 

Claudio. Com certeza!!! Mas nada posso falar além disso.

2112.
Posso dar uma dica? Que tal relançar a banda Apokalypsis ou As Setes Cidades do Bacamarte que são super difíceis de achar?

Claudio. Sem dúvida, são boas dicas. Vamos ver o que o futuro nos dirá.

2112. Qual o telefone, link de site ou e-mail para as pessoas adquirem o cd?
Claudio Fonzi. Renaissance Discos

Renaissance Discos: Centro Comercial Conde de Bonfim - Rua Conde de Bonfim, 615 - Loja 109 - Bairro Tijuca - Rio de Janeiro - CEP: 200520

Tel/Whatsapp: (21) 997766973

2112. ... o microfone é seu!

Claudio. Inicialmente, agradeço muito pela oportunidade recebida para divulgar o CD e te parabenizo pela qualidade de seu blog. Entrevistas realmente interessantíssimas e sempre focalizando estilos musicais que a grande mídia faz questão de ignorar a existência. Além disso, deixo umas pequenas sugestões para todos os músicos: Façam sempre o possível para gravar seus ensaios e shows. E depois guardem tudo com carinho, pois, poderão vir a utilizá-los no futuro. Por último, façam sempre o possível para publicar esses registros. Se realmente não conseguirem uma produção industrial e oficial, publiquem na internet. Cada registro artístico é um pedaço da história da humanidade e deve ser sempre divulgado para jamais ser perdido.


"O Veludo foi o primeiro grupo de Rock Progressivo brasileiro que vi tocar. Isso aconteceu na TV em 1974 e me marcou profundamente. Eu era apenas um menino e fiquei muito impressionado com a energia do som daqueles músicos. Infelizmente, não tive oportunidade de ir a nenhum dos seus shows e tal lacuna permaneceu em minha vida por mais de quarenta anos. Em 2017, porém, surgiram possibilidades de reativar a banda para tocar ao vivo e me empenhei ao máximo para que tal evento acontecesse. Tenho muito orgulho de ter contribuído para a volta dessa fantástica banda, com suas histórias, músicos e composições que jamais poderiam ficar esquecidas."

 

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