quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Entrevista Banda Vlad V


Assim como foi bacana entrevistar várias “classics bands brazucas”, era também um sonho ter uma exclusiva com a Vlad V. Sempre ouvi seus álbuns com grande devoção assim como admiro a sua postura no cenário musical e também por unir dois estilos de música que eu adoro: o hard e o progressivo. Missão cumprida!    

2112. Este ano o Vlad V completa 32 anos de bons serviços ao rock’n’roll brazuca com vários álbuns lançados e fãs que os acompanham em todos os lugares. Qual o balanço que você faz da trajetória da banda?

Jean. Bom, com o lançamento do álbum “Stratovladis” no ano passado, acho que fechamos um ciclo e agora é hora de buscar novos horizontes. Mas também é bom olhar para trás e ver que deixamos uma obra bacana.

2112. Vocês são uma das poucas bandas de Santa Catarina com tantos anos deestrada e muitas histórias para contar. Como é o cenário musical por aí? Tem muitos lugares para tocar como festivais ou circuito de bares que promovam eventos para as bandas se apresentarem?

Jean. Temos alguns Pubs que abrem para música autoral e também alguns poucos festivais, mas a cena está fraca... já foi bem melhor.

2112. Você é o único remanescente original de todas as formações da banda. Está muito difícil conseguir músicos compromissados?

Jean. Por coincidência estamos passando por uma mudança na formação. A rapaziada continua fiel ao rock mas é muito difícil manter uma banda de rock autoral hoje em dia.
2112. No início a banda tinham um som mais pesado que com o passar dos anos ganhou contornos progressivos o que deu mais condições para vocês experimentarem. Uma banda precisa estar em constante mutação para não perder o rumo?

Jean. Tem que haver desafio. Mudar é preciso, mas sempre respeitei as raízes.

2112. Quais são as bandas que mais influenciam vocês?

Jean. Cara, curto de Renato Teixeira a Iron Maiden, de Zé Ramalho a Satriani. Mas claro que as bandas clássicas dos anos 60 e 70 de hard e progressivo foram as que mais me influenciaram.

2112. Pessoalmente eu detesto “rótulos” mas como você definiria o som do Vlad V?

Jean. Hard progressivo. Fazemos um som pesado mas com vertente de vários outros gêneros.

2112. Incomoda ouvir as pessoas dizerem que vocês são o Rush brasileiro?

Jean. Acho um baita elogio, um tanto exagerado, é claro! Mas é uma das influências mais fortes que tive na minha formação musical.
2112. No fundo eu acredito que as pessoas e a própria crítica tem essa necessidade de comparar por algum motivo nossas bandas às gringas. Como você vê esse parâmetro? Isso de alguma maneira te irrita?

Jean. Às vezes é chato mesmo, mas faz parte desse meio. Se eu fizesse jazz e alguém me comparasse com Pat Mentheny acharia o máximo (risos).

2112. É interessante ver que vocês levam tão a sério essa questão das influências a ponto de regravarem vários clássicos do rock no álbum Na Casa do Rock. Como surgiu a idéia deste projeto tão audacioso?

Jean. Na época um parceiro nosso, Cleber Maçaneiro, abriu as portas do seu novo estúdio (Casa do Rock), e como eu tinha apenas umas duas, três canções inéditas para gravar, os covers vieram à tona.

2112. Qual foi o critério usado para a escolha do material?

Jean. Nada muito sério, basicamente os sons que a gente toca nos bares junto com o material autoral.
2112. Achei genial a releitura de Child In Time com a inclusão de flauta... deu uma leveza impressionante no arranjo final. De onde veio a inspiração?

Jean. Quando comecei a tocar flauta, por volta de 97, gostava de praticar esse solo. Na hora de gravar caiu como uma luva.

2112. É interessante ver que a sua voz se adequa as canções como se elas tivessem sido compostas especialmente para você cantar. Na sua avaliação o resultado final ficou satisfatório?

Jean. Sim fiquei satisfeito, foi um trabalho muito prazeroso. E reproduzir esses clássicos foi um grande desafio.

2112. Estamos vivendo um tempo de grandes desafios no país com o fechamento de vários espaços culturais o que dificulta cada vez mais o trabalho de vocês músicos. Como é manter uma banda na ativa hoje?

Jean. É complicado mesmo! Todos temos que ter recursos e trabalhos fora da música. Mas isso aqui é Brasil cara, fazer o que?! A culpa não é nossa!

2112. “Entre as nuvens” se tornou o grande hit da banda comparável ao que Satisfaction representa para os Rolling Stones, Aqualung para o Jethro Tull ou mesmo Stairway To Heaven para o Led Zeppelin. Quando você a compôs imaginou que ela ganharia as proporções que ela tomou?

Jean. Não mesmo... mas quando ela aconteceu nas rádios foi incrível.
2112. Já aconteceu da banda tocá-la e os fãs cantar em uníssuo com você? Qual foi a sensação?

Jean. Entre as nuvens, Doce lar dos malucos, Mama, Longe do fim, são várias as que a galera canta conosco nos shows... é o máximo!

2112. Como é o seu processo de composição? O que mais te inspira?

Jean. Normalmente as canções aparecem no violão ou saem de algum riff de guitarra. A natureza e tudo mais que me cerca acabam servindo de inspiração, inclusive as coisas não tão boas da vida.

2112. Você toca vários instrumentos: guitarra, banjo, violão, flauta, harmônica... o que possibilita a banda experimentar mais a fundo a sua musicalidade e mesmo criarem arranjos mais ricos. O que você escuta em casa? Quais os álbuns que nunca deixa de ouvir pois são essenciais na sua formação como músico?

Jean. Meu instrumento mesmo é a guitarra e por consequência vieram o violão e a flauta. Claro, na tentativa de criar novas atmosferas musicais, experimentei vários outros instrumentos, pra colorir a música que componho.

2112. A cena hoje está muito saturada com bandas que apesar de trazer um visual rock em nada soam como uma autêntica banda de rock. Você é do tipo de pessoa que acompanha as novidades no cenário musical ou isso pouco importa?

Jean. Para mim pouco importa.
2112. O que uma banda precisa para chamar a sua atenção?

Jean. Ter boas composições.
2112. Recentemente o Festival Totem Prog comprovou que o retorno de bandas importantes como Terreno Baldio, Veludo, Som Nosso de Cada Dia... ainda desperta o interesse do público por músicas de qualidade. Eu acredito que o público está um tanto cansado de tantas armações, não é?

Jean. Essa é a razão do Vlad estar na ativa. Sempre vai ter um público que valoriza o que tem qualidade. Bom... pelo menos gosto de pensar assim.
2112. Entre os álbuns gravados pela banda qual você escolheria por algum motivo como sendo especial ou cada álbum tem uma história em particular...

Jean. Cada álbum tem sua história e como eles refletem momentos da minha vida, gosto de pensar que o próximo que está por vir vai ser o melhor e o que eu mais vou gostar. No momento meu xodó é o álbum “Stratovladis”, onde eu consegui dar uma pegada bluzeira fazendo novamente um disco puxado pela guitarra.

2112. Quero agradecer a chance de entrevistar você um dos músicos que eu sempre admirei e que há muito eu sonhava estar em contato. O microfone é seu...

Jean. Quero mais uma vez firmar o lance de que estamos divulgando o álbum Stratovladis... super recente, do ano passado, e que agora o Vlad conta com sangue novo na cozinha, que em breve lançaremos material inédito com a nova formação nos canais de comunicação: youtube, spotfy, facebook... Eu que te agradeço a oportunidade de divulgar nosso trabalho. Quero parabenizar o amigo por manter a chama do bom
rock’n’roll acesa. Aquele abraço e qualquer hora dessas a gente troca uma ideia e toma uma gelada pessoalmente.

2112. Com toda certeza!


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