domingo, 19 de novembro de 2017

Entrevista Álvaro Assmar



Nem só de cravo e canela vive a famosa terra de Gabriela! Aqui o tom é blues em alta voltagem pelas mãos de um verdadeiro conhecedor musical que além de cantor, músico, compositor, chefe de família... é um agitador cultural que divulga através de seu programa de rádio o blues em todas as suas vertentes. E é com muito orgulho que apresento esta entrevista não só para os amantes do blues, mas também para “você” que procura por música de qualidade. Creiam, aqui o blues é regado com muito dendê, yeah! 

2112. Este ano você comemorou 31 anos de estrada dedicada ao blues... Analisando todos esses anos de luta a cena blues brasileira melhorou ou ainda está precisando de ajustes?

Álvaro Assmar. Na verdade são 32 anos de carreira, pois eu comecei como profissional em 1985. Acho que houve uma evolução do movimento sim, mas ainda existe um longo caminho a ser percorrido. Atualmente acompanhamos nas redes sociais a movimentação dos artistas que pretendem viabilizar os seus projetos através de festivais no Brasil e fora dele. O importante, é que os artistas precisam se organizar cada vez mais, se utilizando da internet para chegar ao seu segmento.

2112. Em 1986 o lendário Celso Blues lançou Marginal Blues... O título desse disco ainda é profético?

Álvaro Assmar. Teve a sua importância no contexto da época, abrindo caminho para uma evolução que se verifica nos dias atuais através dos artistas que viabilizam suas ideias em discos, shows e festivais. É a vida que segue.

2112. Apesar de todas as mudanças no cenário musical o blues ainda é underground apesar das muitas bandas e eventos espalhados pelo país dedicados ao gênero. Na sua opinião o que poderia ser feito de imediato para mudar essa situação? 

Álvaro Assmar. Acredito que nada é estático. O panorama que se tem hoje, passa ainda pela falta de cultura de um povo, que ainda vê música como sendo um instrumento de manipulação de massas. O Rock & Roll também foi visto dessa forma no passado mas artistas brasileiros mudaram isso através de novas ideias. Rita Lee, na minha opinião, foi quem tornou o rock mais acessível à população, seguida de Raul Seixas e o efeito “Rock in Rio”(1985), que revelou outras bandas do segmento de forma mais popular, afastando uma ideia “xenofóbica”, de que era música importada ou “música de gringo” que queria afundar a MPB. Música é um instrumento de cultura, que deve ser colocada nas escolas de forma clara e imparcial para as pessoas exerçam o seu livre arbítrio à informação.

2112. Em 1985 você junto ao seu irmão Adelmo mais os músicos José Luiz Lima e Alfredo Martins fundaram o Cabo de Guerra. O que mais o motivou a fundar a banda além do gosto pelo blues?

Álvaro Assmar. Naqueles dias, formamos um grupo que fazia o que ninguém fazia. As múltiplas influências de cada um, foram essenciais à criação de um gênero que misturava “hard rock” com “progressive rock” e alguns ingredientes “pop”, já que os mecanismos de divulgação eram rádio e TV. Inocentemente, achávamos que alguém iria reparar no nosso suposto talento, por conta do grau de dificuldade de execução dos temas. Ainda lembro que durante os shows, as pessoas ficavam meio que inertes, apenas prestando atenção na nossa execução. Nossas músicas eram cheias de convenções coletivas e isso não fazia parte do contexto da época. Sendo em Salvador, a coisa era mais grave, pois a “cultura” do trio elétrico promovia que todos deveriam “pular” ao invés de prestar atenção à música. Nos meus fraseados, era possível notar a forte influência do blues e do “hard rock”, por conta do que eu ouvia na época.

2112. A Bahia nunca teve antes de vocês vínculos profundos com o blues, certo? Como as pessoas que iam aos shows viam o trabalho de vocês? Como foi o princípio da banda?

Álvaro Assmar. Como tudo é difícil no começo, nós promovíamos circuitos colegiais, onde era possível evidenciar o que fazíamos e tivemos muita sorte por trabalhar em atividades paralelas, que garantiam a nossa sobrevivência e das nossas famílias, já que todos eram casados e com filhos. Sempre era possível mensalmente, investir parte do nosso salário em equipamentos e um local de ensaios com o mínimo de estrutura para preparar o repertório. Naqueles dias, as bandas não tinham essa estrutura pois eles estavam na batalha, apenas com a música como forma de sobrevivência. Não havia essa preocupação da nossa parte.

2112. Gosto muito do bluesman Ari Frello que toca vários instrumentos em eventos tradicionais mas também em praças públicas para divulgar sua música. Vocês também fizeram este roteiro?

Álvaro Assmar. Não. Eu penso que tudo depende da forma como você disponibiliza o seu trabalho. Entendo que é necessário se transformar no seu maior fã. Se você coloca o seu trabalho do tipo “pague o que quiser”, inevitavelmente será tratado como um “qualquer que ninguém quis”. Isto tem a ver com a autoestima pessoal e profissional do artista. Música é um negócio como outro qualquer, que tem que gerar viabilidade. Caso contrário o artista vai “padecer” de música e não “viver” de música. Se tais eventos forem respaldados financeiramente de algum modo, acho muito importante tal prática. Tudo envolve investimento e é preciso haver retorno. Não existe mais lugar para a expressão “tudo por amor à arte”. Música é “negócio”!

2112. Mas havia lugares para tocar ou vocês plugavam seus instrumentos aonde davam chances para vocês tocarem!

Álvaro Assmar. Tudo era previamente articulado. Não acredito em acaso. Para algo acontecer, a estratégia tem de ser pensada antes.
2112. Depois do surgimento do Cabo de Guerra o cenário blues na Bahia melhorou um pouco ou ainda é minoria perto dos ritmos regionais como o forró, o axé, o maracatu, o samba de côco... 

Álvaro Assmar. A predominância musical na Bahia, ainda é o que chamamos de “música bovina”. Claro que sempre houve segmentos interessados em outras tendências e procurei fazer a minha parte, de modo a proporcionar sempre o meu melhor. Nada é cem por cento perfeito. No Cabo de Guerra, tivemos o mérito de construir um público que se identificava com o que fazíamos mas em termos de blues, só com o Blues Anônimo, foi possível criar um “instante zero” e o que aconteceu daí em diante, foi apenas consequência.

2112. Você acha que a falta de informação é o que mais dificulta a entrada do blues no cardápio musical do dia a dia dos brasileiros ou ainda existe muito preconceito e mal entendido musical?  

Álvaro Assmar. Na minha forma de ver, tudo é contexto de época. A “xenofobia musical” ainda é uma atitude “burra”, que acaba sempre em um dano cultural de proporções imprevisíveis. A falta de informação e ausência de políticas públicas claras nesse sentido, dificultam ainda mais a difusão da informação. Hoje temos a internet, que dá oportunidade de qualquer um evidenciar o seu trabalho. No dia em que todos entenderem que música é uma linguagem universal, talvez eles tenham alguma chance de sobreviver à esse “zoológico musical” em que o Brasil vive hoje.

2112. Uma vez postei no meu blog uma nota sobre o sambista Cartola comentando que sua poesia tem o mesmo valor que as músicas Robert “Crossroad” Johnson e muitos me criticaram duramente. Você concorda ou discorda?  

Álvaro Assmar.  Todos os artistas, em tese, tem algo a dizer, dentro do seu contexto de época. Não se pode comparar grandezas heterogêneas. Cada um tem a sua importância a depender do contexto cultural.

2112. Acho que seria bem interessante bandas ou solistas de blues lançarem um disco tributo tipo “Cartola Blues”. Eu sonho com isso cara... se convidado você aceitaria participar de um projeto desse porte?  

Álvaro Assmar. Quando me propus a seguir uma carreira profissional, sempre quis escrever o meu próprio discurso. No meu começo com o blues, era necessário fazer referência aos “standards”, para que o artista brasileiro se sinta aceito pelo segmento. A escolha por um trabalho autoral ou releitura do que já foi feito, é uma questão pessoal de cada artista. Com relação à participar ou não, de algum tributo ou coisa parecida, tudo depende da natureza do projeto.

2112. Sua poesia é tão cortante e poética quanto as dos bluesmens do Delta com seus sofrimentos, racismo, falta de perspectivas de vida melhores além de que existe uma ponte muito forte entre o samba de raiz e o blues, você não acha?

Álvaro Assmar. Em termos de ritmo, não existe limite para a música. O compositor, procura trazer à música, o que está à sua volta. Os temas são variados e depende da visão de cada artista.

2112. Falando de samba, preconceitos etc; como surgiu a história de Forró Blues? Explica isso pra gente...

Álvaro Assmar. Como disse na pergunta anterior, não existe limitações rítmicas na música. O blues não é conceito rítmico e sim, harmônico. Se houver um entendimento claro com relação à isso, sempre será possível uma mistura estimulante entre as várias tendências rítmicas, obedecendo sempre à um conceito estético que torne possível tais misturas. O “Forró Blues” é composto por uma frase rítmica ou “riff”, seguidos de dois “chorus” de doze compassos alternados de improvisos entre a guitarra e o acordeom, que traduz a sonoridade nordestina mais pura. Quando compus, tinha estes conceitos muito claros na minha cabeça.

2112. Você ouve outras coisas além do blues?   

Álvaro Assmar. Claro. Quando me tornei radialista em 1981, o meu horizonte musical se ampliou de forma surpreendente, pois era necessário ter a mente aberta para tudo que acontecia naqueles dias. Comecei na radiodifusão, produzindo e apresentando um programa de “jazz” e mais tarde me tornei coordenador artístico e programador musical. Tais atribuições, exigem do profissional uma atitude mais atenta quanto à demanda do público e os propósitos da emissora. Enfim, tudo é uma questão de “segmento” que se pretende atingir.

2112. Cara, tenho alguns bootlegs do mestre Buddy Guy fazendo jams com seus pupilos Eric Clapton, Jeff Beck e Stevie Ray Vaughan que é bom demais. Você gosta de participar de jams? 

Álvaro Assmar. Sim, desde que haja uma organização prévia. Tem que haver algum tipo de identificação de modo a proporcionar à audiência, algo agradável. Do contrário, seria um “tiroteio musical”, onde ninguém se entende, pela ausência de entendimento do que o blues significa, em termos de conceito de forma. Acho pouco provável que um músico de uma outra “escola”, conseguisse se sair bem numa “jam” com os nomes que você citou.

2112. Músicos mais jovens te procuram pedindo uma “palhinha”? 

Álvaro Assmar. Sempre! Pra mim, sempre é uma experiência enriquecedora, interagir com músicos de outras gerações mas nem sempre tudo é cem por cento. Alguns ainda não tem preparo suficiente para uma “palhinha”. Quando o músico tem algo a oferecer, tudo acontece de forma estimulante e enriquecedora.

2112. Mas voltando ao Cabo de Guerra o que realmente levou você a sair da banda e formar o Blues Anônimo?

Álvaro Assmar. Apenas a insatisfação musical quanto ao que fazíamos. Nada pessoal. Continuei ainda ajudando no que era possível, indicando um substituto e indo aos shows ajudar na mixagem e coisas assim. Apenas não queria atrapalhar o propósito da banda. Eu estava com outras ideias que não eram compatíveis aos objetivos do Cabo de Guerra.

2112. Houve divergências de idéias ou musicais?

Álvaro Assmar. Eu diria que, houve apenas uma divergência de caráter musical. Estava me sentindo fora da “vibe” deles. Isso acontece com qualquer artista.

2112. Existe registros dessas bandas em seus arquivos pessoais?

Álvaro Assmar. Sim. Lançamos um LP em 1992 e em 2009, fizemos alguns registros em meu estúdio, onde algumas das principais músicas foram gravadas e nunca lançadas oficialmente. Criei um perfil do Cabo de Guerra no Facebook, onde disponibilizei duas delas.

2112. Você nunca pensou em reunir essas bandas e registrar esses materiais como faz muitos músicos?

Álvaro Assmar. Tentamos reunir o grupo em 2009 mas acabou sendo inútil, pois cada um acabou enveredando por caminhos diferentes.

2112. Você é do tipo que acompanha a evolução da música através dos jornais, das revistas, da internet... ou como eu e tantos outros continua preso nos trabalhos clássicos do blues, do jazz, do hard, do prog produzido desde os anos 20 até o final dos anos 70 quando a música começou a retroceder em favor de um comercialismo barato que continua ativo até os dias de hoje?   

Álvaro Assmar. Sempre estou atento à evolução da música em termos gerais. O fato de ser radialista, acabou me facilitando o acompanhamento desse movimento. Nem tudo é evolução mas existe uma nova geração que tem coisas importantes a dizer. Em vários gêneros, é possível ver esta evolução. No meu caso, sou mais atento ao que acontece na esfera do blues, por conta de produzir a apresentar o programa semanal de rádio “EDUCADORA BLUES” desde abril de 2003, pela Rádio Educadora FM 107,5 Mhz, uma emissora do IRDEB (Governo Estadual da Bahia).

2112. Musicalmente falando pouco ou quase nada de original se produziu no anos 80 e os anos 90 foi época de reciclagem de muito do que se fez nos anos 60/70. Olhando o cenário atual o que você destacaria como interessante?

Álvaro Assmar. Em termos de blues, existe um grande número de excelentes artistas de várias partes do mundo, onde divulgo através do “Educadora Blues”. Nos demais gêneros, gosto muito da banda polonesa “Riverside” , da sueca “Work Of Art”, “Vintage Trouble” , “Black Country Communion”e “The Steel Woods”.

2112. Pessoalmente sou fissurado em Muddy Watters, Freddie King, Buddy Guy além do eterno Jimi Hendrix que deu ao blues uma nova dimensão e foi comparado por Guy a John Coltrane pelas inovações que trouxe ao gênero. Enfim, quais são as suas influências?  

Álvaro Assmar. Os Beatles me despertaram a vocação pela música. Isso aconteceu em 1964, onde eu tinha apenas 6 anos de idade. Na mesma época, conheci os trabalhos dos Yardbirds, Animals, Dave Clark Five, Rolling Stones e John Mayall. O movimento da Jovem Guarda também me trouxe informações essenciais ao meu crescimento musical. Quando eu conheci o trabalho de Jimi Hendrix e o Cream, já houve uma necessidade maior de buscar outras informações pertinentes à isso. Na minha infância, os garotos da minha geração pediam brinquedos aos seus pais. Eu pedia discos. Muito curioso para um garoto de 6 anos. Na década de 1970, descobri os supergrupos, como Black Sabbath, Led Zeppelin, Deep Purple, Pink Floyd, Yes, Emerson Lake & Palmer, Rush, Slade, Derek & The Dominos, The Allman Brothers Band e uma infinidade dos que eram destaque na época.

2112. Na época do Cabo de Guerra e dos Blues Anônimo vocês já compunham? Você aproveitou alguma dessas composições em sua carreira solo?

Álvaro Assmar. Não. Um ciclo havia se encerrado. Era preciso ir numa outra direção e foi o que fiz.

2112. Quais covers que nunca podem faltar nos shows senão o público reclama?

Álvaro Assmar. Atualmente, faço shows autorais para promover os 6 discos que lancei. Quando a circunstância é de show em bares ou restaurantes, toco alguns clássicos essenciais mas sempre com uma leitura particular. Não faço “covers”. Temas como “Statesboro Blues”, “Hoochie Coochie Man”, “You Got Me Running”, “Crossroads”, “Walking By Myself” e coisas do tipo. Às vezes, um colega aparece e quer participar. Os clássicos dão essa abertura de interagir com outros músicos.

2112. O que mudou no cenário desde que você começou até os dias de hoje? Houve alguma renovação em termos de bandas, músicos ou espaços para tocar?

Álvaro Assmar. Sempre existe alguma evolução mas existe um longo caminho a ser percorrido. Isso torna a música mais estimulante e a vontade de seguir em frente, é sempre o melhor caminho. Tudo está sempre em movimento.

2112. No final dos anos 90 você criou o Projeto Wednesday Blues que fazia intercâmbio levando músicos e bandas de blues para tocarem na Bahia. Como surgiu essa idéia e como foi a aceitação?

Álvaro Assmar. A ideia surgiu por conta de uma ausência total de iniciativas para levar o blues ao teatro e dar uma forma mais profissionalizada ao gênero, envolvendo emissoras de rádio, TV e jornais que estavam meio que alheios ao que eu tentei junto à minha esposa Gisa Oliveira. Foi uma nova experiência para nós, enquanto produtores, ainda meio que perdidos à tudo em torno da ideia. Fizemos durante 5 anos mais a ausência de patrocinadores acabou inviabilizando nossa iniciativa. Demos a oportunidade ao público de Salvador, assistir ao vivo, artistas como o Blues Etílicos, André Christovam, Solon Fishbone, Lancaster, Big Gilson, Danny Vincent, Beele Street, Blue Jeans, Jefferson Gonçalves e o americano Kenny Brown. Foi uma grande experiência e que serviu para o meu amadurecimento musical.

2112. Na sua opinião quem se destacou mais na opinião do público? 

Álvaro Assmar. O show mais esperado foi o do Blues Etílicos. André Christovam, Blue Jeans, Kenny Brown, Lancaster também foram muito bem recebidos pelo público e a TVE Canal 2 Bahia, registrou os shows entre 2000 e 2003 e até hoje exibe ocasionalmente

2112. Fale um pouco sobre o seu programa de rádio...

Álvaro Assmar. Está sendo uma experiência gratificante ao longo desses 14 anos e uma grande responsabilidade em proporcionar ao público, um conteúdo atualizado e na maior parte, exclusivo pois nem tudo é lançado no Brasil, devido à pobreza da indústria fonográfica, que aposta no “lixo musical” que vê na TV e se ouve no rádio. Tento fazer a minha parte, sempre proporcionando o meu melhor. O “Educadora Blues” é o programa de rádio voltado para o gênero, há mais tempo no ar. Acredito que a escolha dos conteúdos atualizados, foi o grande “gancho” para a longevidade do programa. Outras emissoras do país cometeram os mesmos erros, ao priorizar seus conteúdos em cima do que já aconteceu, se esquecendo da cena atual e de uma nova geração de artistas que tem algo a dizer! Tenho muito orgulho de ser um “recordista” em permanência no ar por tanto tempo. Em abril de 2018, o “Educadora Blues” completa 15 anos de existência. É um grande orgulho pra mim fazer parte disso. Seria legal que outras emissoras fizessem o mesmo.

2112. As bandas que desejarem enviar material para você tocar nos seus programas o que elas devem fazer? Existe um endereço específico para envio deste material?

Álvaro Assmar. Sempre recebo conteúdos através do meu Facebook e tenho o maior prazer em divulgar o que os meus colegas estão fazendo. Claro que nem todos os conteúdos tem um nível de exigência à altura do programa mas como eu disse antes, nada é cem por cento perfeito. O meu e-mail é alvaroassmar@gmail.com. Aqueles que quiserem entrar em contato para envio de material, terei o maior prazer em ouvir. Ouço tudo que me enviam.

2112. O blues é uma música tipicamente americana mas com os pés fincados nos lamentos africanos diga-se de passagem. Cantar blues em português descaracteriza um pouco o gênero ou isso é lenda de quem não gosta de cantar em português? Digo isso mencionando Celso Blues Boy que sempre cantou em português e era adorado por uma legião fiel de fãs que cantavam todas as músicas nos shows. Você acha que isso atrapalha ou ajuda no resultado final?    

Álvaro Assmar. Acho que não. Tudo depende da forma como a música se apresenta pra mim no momento da sua criação. A métrica poética em português é completamente diferente do inglês. No meu caso, músicas como “Rota Suicida”, “I Wanna See You Again”, “Crazy For You”, “Armadilha”e “When She Was Gone”, sempre são solicitadas e acabam ocasionando a venda de CDs e DVDs.

2112. O que te excita mais: palco ou estúdio?

Álvaro Assmar. Gosto de ambos. Cada um no seu momento. A oportunidade de interagir com o público é mais estimulante porque é preciso divertir as pessoas.

2112. Dos trabalhos que você lançou qual você destacaria como sendo o seu preferido ou o mais foda?

Álvaro Assmar. Geralmente no meu caso, gosto mais do álbum mais recente por traduzir a atualidade do meu momento musical. As canções mais antigas, já tomam um outro caráter em relação ao momento em que foram registradas no estúdio mas tudo é estimulante.

2112. Você se considera o pai do blues baiano ou você pouco se importa com isso?

Álvaro Assmar. Tenho muito orgulho em ser o pioneiro do gênero na Bahia e de ter lançado o primeiro disco de blues na minha terra. Gosto quando tenho reconhecimento do público pelo que realizei e ainda realizo. Espero oferecer um pouco mais.


2112. Para terminar, quero agradecer sua paciência e boa vontade em responder todas as perguntar e dizer que a casa é nossa e que o microfone é seu... pode fazer as considerações finais!

Álvaro Assmar. Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a oportunidade de me pronunciar sobre meu trabalho e do seu interesse a respeito. Posso dizer que depois de 32 anos na música, sou um homem feliz por ter realizado o que realizei e que ainda realizo. Estou gravando um novo álbum para o segundo semestre de 2018 e que terá um tom comemorativo, por ser o ano em que completarei 60 anos de vida. O disco terá o título de “Family & Friends”. Em paralelo à isso, o escritor baiano João Paulo Barreto está escrevendo a minha biografia e que tem como título provisório “Álvaro Assmar, 60 Anos de Blues”. Será o ano em que o “EDUCADORA BLUES” completará 15 anos no ar e o ano em que completarei 20 anos de casamento com Gisa Oliveira. O ser humano precisa de pouco para se sentir feliz mas com tantas celebrações para 2018, só tenho a agradecer à Deus por ter me concedido tantas coisas boas pra guardar na memória. Espero ter saúde suficiente para realizar muito mais e tenho certeza que vontade não faltará. O meu filho caçula Eric Assmar está sendo responsável por esta continuidade, sendo atualmente um dos mais importantes guitarristas brasileiros. É uma grande alegria pra mim, ser contemplado por tanta coisa boa! Muito obrigado e um grande abraço à todos! Yeah!

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