quarta-feira, 1 de abril de 2020

Entrevista Banda Avulso S/A



A cena independente apesar da falta de apoio dos órgãos culturais continua mais forte do que nunca é o que prova bandas do calibre da Avulso S/A que manda ver um hardcore com elementos pop sem perder o peso, a agressivo aliado a um texto super foda. Confiram!  

2112. A banda faz uma mistura de hardcore com elementos de pop rock. Nessa fusão o som tende mais para o hardcore ou para o pop rock?

Will McQueen: Desde o início decidimos optar por esse caminho do hardcore, apesar que ainda acho muito difícil dizer que o que fazemos é hardcore, mas essa sonoridade, com a mescla de outras influências e estilos é o que nos deixa satisfeitos.

Rapha Freddy: Atualmente a sonoridade e letras tem mais a dinâmica do hardcore, porém a banda está aberta para outros estilos musicais, ser uma banda versátil é o que todos desejam.
2112. O Hardcore é um estilo muito fechado e fico me questionando como vocês estão furando esse bloqueio. Já houve algum tipo de represália por parte de fãs mais radicais?

Rapha Freddy: Entendo que seja devido a versatilidade e ecleticidade de estilos musicais em nossos arranjos, isso acaba cativando o meio em que tocamos.

Will McQueen: Nunca tivemos problemas, pois a galera saca que é uma coisa real e sincera, sem querer forçar, sabe...Tem músicas nossas que tem uma quebrada de reggae, outras músicas tinham inserções de hip hop, ou seja, é a nossa verdade e as pessoas acreditam nessa identidade, nessa cara que a banda tem.

2112. O Clash conseguiu essa façanha ao lançar o classic album London Calling mixturando diversos estilos que os conduziram para muito além dos muros do punk rock. E tudo isso sem que perder a sua essência e sua ideologia punk, não é?

Rapha Freddy: Exatamente isso, você só consegue alcançar outros ouvidos, mostrando algo que lhes agrade, mas sempre mantendo seus princípios.

2112. ... antes que gere maiores polêmicas devo dizer que não sou contra os puristas ou os extremistas. Só vejo que a música precisa de andar para frente, estar em constante movimento para não ficar se auto repetindo.

Will McQueen: A música é uma linguagem em constante evolução e o meu maior receio é ficar sendo um pastiche, repetindo as mesmas coisas, fórmulas, isso não me agrada, sempre quero propor o novo.
2112. A banda tem seis anos de estrada e com certeza tem muita história interessante para contar. Como surgiu a banda e como tem sido a luta diária de vocês para mantê-la na ativa?

Will McQueen: A banda surgiu de uma dissidência, Jonas (guitarra) e eu tocamos em várias bandas desde 2003, e em 2009 fizemos uma banda com um amigo em comum, e aí chegou num momento que estava um caos e muito conflito, então um membro saiu, dias antes de uma apresentação, cumprimos essa apresentação com o nome antigo e numa outra apresentação já nos denominamos Avulsos S/A. Tivemos ótimas pessoas passando pela banda, mas hoje temos uma formação mais consolidada.

2112. Não é segredo que muitos são os músicos que bancam suas bandas do próprio bolso e tudo por amor a música. Com vocês também não deve ser diferente, não é?

Rapha Freddy: Com certeza, não temos patrocínio algum, todo o gasto com a banda vem de nossos esforços, esperamos que isso mude com o lançamento do nosso EP, e assim as portas possam se abrir pra conhecer nosso trabalho.
2112. Sempre leio reclamações de falta de espaços, cachês injustos, desunião da cena... Qual a opinião de vocês sobres essas questões e quais seriam as soluções para melhorar isso a curto prazo?

Rapha Freddy: Então, a falta de espaço vejo que não condiz com a crítica, basta você correr atrás e conseguirá lugares pra tocar, talvez não seja aquele palco ou público esperado, mas as vezes vale mais a pena tocar pra meia dúzia de pessoas que prestarão atenção em seu trabalho, do que 2 mil que ficarão vegetando durante sua apresentação. Em relação a cachê, isso é bem polêmico, pois a banda tem que saber o que está procurando, se quiser ganhar grana com a música terá que partir para o cover, fazer eventos como festas e casamentos é uma opção mais segura, se quiser fazer música autoral, tem que participar de festivais e procurar casas que permitam a divulgação de seu trabalho;

Will McQueen: O rock em si, hoje é uma música de nicho, porém eu ainda acredito que no autoral tem muita coisa boa, na nossa cidade (Mogi das Cruzes) tem muita banda boa, que daria para fazer um ano inteiro de um grande festival autoral, e ainda bem, que aqui temos espaço para isso, há pessoas que acreditam no autoral, que abrem esse espaço para que possamos mostrar a nossa música. A única coisa que não concordo é que tem uma contradição, pois parte do povo que pede renovação na música, são os mesmos que não consomem os artistas novos, ficam ouvindo bandas de 20, 30 anos atrás.

2112. Mas voltando a banda o que vocês ouvem e quais bandas mais influenciam o som da Avulso S/A?

Will McQueen: Eu sou um caos completo cara... Ouço as coisas mais inusitadas, hip hop, punk, MPB...eu tento absorver de tudo e aprender com tudo, isso dá um escopo maior para a sonoridade que gostaria de atingir um dia.

Rapha Freddy: No meu caso ouço muito rock progressivo, hardrock, stoner, heavy metal, MPB e as vezes um pouco de música clássica, gostaria de ter tempo pra poder ser mais eclético, ajudaria muito na hora de compor letras e arranjos.

2112. Olhando o atual cenário o que vocês indicariam como sendo bandas relevantes?

Will McQueen: Eu fico vendo muito o underground, e eu estou curtindo bandas como Zimbra, Medulla, a sonoridade deles me agrada muito, vale muito a pena quem não conhece ir atrás.

2112. Tenho ouvido bandas de um modo geral com um discurso tão violento que ao invés de alertar ou conscientizar acaba soando como meros discursos de ódio. Qual a opinião de vocês e o que os influenciam na hora de compor o material para a banda?

Will McQueen: Na hora de compor, queremos colocar para fora os nossos sentimentos e anseios. Geralmente fazemos reflexões do nosso cotidiano, e sempre é uma troca de ideias entre o Jonas e eu.

2112. Em 2013 vocês gravaram duas músicas: Ao redor e Ação e reação. Como foi a reação entre os fãs do estilo e da própria banda?

Will McQueen: Em 2013 foi mais uns experimentos, tanto que essas músicas nem foram disponibilizadas para muita gente, estávamos num momento de transição e estava tudo bem estranho, faltava segurança.

2112. Em 2019 foi a vez do EP Sempre em frente com sete faixas. Fale um pouco deste trabalho e o que ele destoa do trabalho anterior?

Will McQueen: Foi a realização de um momento muito feliz da banda, tivemos uma receptividade muito boa, e com relação a outras músicas foi a tranquilidade e a segurança do que estávamos fazendo, fizemos novos arranjos e pensamos cada música de uma forma que soassem com uma identidade, mas que no conjunto final parecessem interligadas, tanto que a ordem em que as músicas estão disponibilizados no álbum conta uma história.

2112. Para este ano teremos alguma surpresa? Já está rolando material novo?

Will McQueen: No momento estamos trabalhando na divulgação do nosso EP e pretendemos no terceiro bimestre desse ano, lançar mais algumas coisas. Mas ainda estamos reorganizando algumas coisas.

2112. Qual o telefone/e-mail de contato para shows?

Will McQueen: Nosso telefone é (11)998294403 ou através do email avulsosrock@gmail.com

2112. ... obrigado pela entrevista, o microfone é de vocês?

Will McQueen: Agradecemos a entrevista e pedimos que quem quiser conferir o nosso trabalho estamos nas principais plataformas de música e também acessem a nossa página no Facebook e nosso canal no YouTube. Obrigado a todos.

Rapha Freddy: Agradecemos essa oportunidade e nos vemos pelos palcos da vida.

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