quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Entrevista StringBreaker & The StuffBreakers


Essa entrevista é uma espécie de diário de bordo sobre a tour que a banda fez recentemente pelos EUA tocando em várias cidades, a parceria com o selo Silent Brew Records e também sobre o lançamento do álbum Live In The USA, Travel To The Northern Lands (quem já ouviu nas plataformas digitais sabe que ficou duka!).        
2112. Parabéns por vocês demarcarem com a bandeira do rock brazuca o território americano. Me diga uma coisa: Qual foi o saldo positivo da tour?
Sérgio. Acreditamos que temos vários saldos positivos, desde fazer nossa primeira excursão que, além de fora do país, foi de maior duração (1 mês viajando e tocando) até ver que a aceitação com a nossa música foi muito constante em todos os lugares por onde a gente passou, o que é muito gratificante!
2112. E como surgiu a oportunidade de fazer essa turnê?
Sérgio. Foi um trabalho de organização de mais de um ano, e contou com uma ajuda imensa do nosso grande amigo local, o Mike Lemke. Nós e ele fizemos contato com os bares e casas de show durante muitos meses para fechar uma quantidade mínima de gigs que tornasse a viagem viável, e o Mike nos ajudou muito com a hospedagem e com a logística toda por lá. Além disso, o trecho NY (gravação e shows) foi organizado com a ajuda do pessoal da Silent Brew Records.
2112. Passado o primeiro momento qual é a emoção/sensação de ter tocado em terras americanas?
Dilson. É emocionante, e até meio engraçado, pois é tudo como nos filmes de Hollywood. Os lugares, os carros, o modo como as pessoas se comportam, tudo isso invariavelmente nos remetia a filmes e seriados que assistimos por aqui, ou mesmo a livros. Tivemos contatos com várias gerações de músicos e apreciadores da música lá, e era muito divertido quando algum dos novos amigos que fizemos sentava conosco, pegava um violão e tocava, por exemplo, Beatles, Pink Floyd, Neil Young, ou mesmo algumas coisas um tanto mais específicas como Traffic, e contavam histórias de quando eram mais jovens e acompanhavam essas bandas de perto. Tocar a música "deles", pra eles, com um tempero nosso, de quem apenas acompanhou de longe até nos deixou meio apreensivos no começo, mas já no primeiro show todos foram muito receptivos. Foi uma troca de experiências sensacional. E o contrário também aconteceu! Nos falavam de choro, de Tom Jobim... sem dúvidas, todas essas conversas e trocas que tivemos ao longo do mês nos enriqueceram demais, e esperamos que a eles também.
Sérgio. Tudo aconteceu de maneira tão rápida e tão frenética que as vezes parece que a gente sonhou que isso aconteceu (risos). Foi muito gratificante, ficamos muito felizes de ter conseguido realizar mais esta etapa com a banda. O que as pessoas não imaginam é a quantidade de trabalho que tivemos durante a tour toda, desde montagem e desmontagem sem roadie, tocar várias datas seguidas, as viagens, o trabalho in-house com as gravações, ensaios e composições. Tem que ter muita disposição e coragem pra peitar uma empreitada dessas, e pra nós o sentimento é de vitória!

2112. Vocês já mencionaram nas redes sociais o desejo de voltar para uma nova tour. Há projeto de visitarem a Europa também?
Guilherme. Certamente pretendemos voltar, a experiência nos EUA foi incrível, tanto na percepção a respeito de como eles vêem o nosso trabalho quanto para crescimento pessoal. Ter contato com outras culturas, realidades, pessoas e etc é muito engrandecedor. A Europa nos encanta e certamente, após o sucesso dessa primeira tour, estamos empolgados pra visitar o “velho mundo” também!


2112. Vocês tocaram em clubes, áreas abertas... e qual foi a aceitação reação das pessoas?
Sérgio. O tipo de local não mudou muito a percepção das pessoas. Percebemos durante os shows e em conversas com os diferentes públicos após as apresentações que as pessoas faziam um link com os grandes nomes que influenciam a banda, e as vezes até umas conexões que nem a gente imaginava, mas que está no mesmo mote de rock dos anos 70. Estes papos foram muito bacanas para vermos como as pessoas percebem a nossa música, e no fim nos ajuda a entender e consolidar a identidade da banda para nós mesmos!
2112. A turnê rendeu o álbum Travel To The Northern Lands, Live In The USA. O material foi extraído de um único show ou tem trechos de várias apresentações?
Guilherme. Gravamos todos os shows que fizemos durante a tour e escolhemos as versões que acreditamos ser as mais inspiradas e interessantes para montar o tracklist do álbum.
2112. Vocês gravaram toda a tour? Há registros também em vídeos?
Guilherme. Sim, gravamos toda a tour, o Sérgio levou a sua GoPro, o Mike, uma câmera 360. Tem alguns vídeos disponíveis no nosso canal do Youtube. Vale dar uma conferida lá, tem muita coisa legal!
2112. Live In The USA já está disponível nas plataformas digitais e em breve sairá em cd. O material sofreu overdubs de estúdio ou está em seu estado original?
Guilherme. Live In The USA é o registro real do que aconteceu nos EUA, os áudios originais desse disco são um LR pré mixado de uma mesa de 12 canais onde liguei todos os microfones, usei os equalizadores, distribui o pan e nivelei os volumes o melhor q pude. A saída stereo da mesa ia pra uma placa de 2 canais e gravava no meu notebook. A pós produção desse material foi mais no aproach de masterizar o áudio pronto. Dessa maneira, não existe a menor possibilidade de adicionar coisas ou editar detalhes de um determinado instrumento especificamente. Em Live In The USA você ouve como é o StringBreaker & the StuffBreakers tocando de verdade.
2112. Vocês fizeram muitos contatos por lá?
Guilherme. Tentamos aproveitar ao máximo o tempo que passamos lá, conhecemos pessoas, casas, muita gente envolvida com música, apreciadores e etc... Acreditamos que o saldo foi positivo.
2112. Apesar das datas dos shows deu para "turistar" um pouco? Deu para visitar o famoso Electric Ladyland Studios em Nova York?
Dilson. Com certeza! Tivemos uma tarde livre antes de uma das gigs e pudemos ver algumas coisas. O problema é que em Nova York, especialmente em Manhattan, tem TANTA coisa que o máximo que conseguíamos fazer em muitos desses lugares, pra tentar ver o máximo possível, era passar na frente. Sobre o Electric Lady, chegamos a estacionar e tocar a campainha, mas quem nos atendeu disse que não poderíamos entrar sem horário marcado pra gravações, nem mesmo pra tirar fotos, e a gente até entende... imagina quantas pessoas não fazem isso todos os dias. Mas vimos muitos lugares interessantes, como a Times Square, o Memorial do 11 de Setembro, a Quinta Avenida, o Empire State, o Physical Grafitti (sim, o do Led Zeppelin), o Central Park, o Edifício Dakota, que foi onde o John Lennon foi assassinado, e vários outros.
2112. Nova York a noite deve ser insana... Vocês assistiram algum show?
Guilherme. Infelizmente não tivemos tempo pra isso, mas acabamos assistindo a todos os shows que rolaram antes do nosso no Rockwood. Músicos extremamente competentes com sonoridades das mais variadas, passeando pelas vertentes do Jazz, pop e r’n’b. Foi bem legal! 
2112. Apesar do pouco tempo deu para vocês avaliarem como funciona a cena americana? Ela difere muito da nossa?
Dilson. Talvez, seja justo dizer que a principal diferença é que o público dos EUA, de maneira geral, é mais aberto à novidades. Chegávamos nos bares e as pessoas estavam assistindo algum esporte na TV, nem pareciam perceber nossa existência enquanto montávamos o equipamento, mas quando começávamos a tocar, elas se aproximavam e prestavam atenção. Uns vibravam, dançavam, gritavam, outros não, mas no geral, estavam todos sempre atentos. Dá pra comprar com uma ida ao cinema, que você senta lá apenas com uma ideia do que vai ver, mas assiste até o fim. Algumas casas, inclusive, são bem voltadas ao som autoral, chegando até mesmo a vetar cover. Aconteceu algumas vezes de vir alguém da plateia e dizer pra gente que veio assistir ao show porque recebeu um e-mail da newsletter da casa dizendo que era uma banda de rock instrumental do Brasil, ou que viu a notícia em algum outro veículo de mídia, até mesmo na rádio. Essa resposta do público com certeza acaba refletindo na cena e em como a rotatividade e oportunidade de lugares pra tocar acontece.

2112. Vocês gastaram quanto tempo de estúdio? A aparelhagem utilizada era digital ou vintage?
Guilherme. Passamos cerca de 4 horas lá, a captação começou pelo sistema analógico, batera e amplificadores microfonados, passando por uma mesa vintage do estúdio, alguns racks depois indo para um conversor AD e sendo registrado no Pro Tools.
2112. Como surgiu a idéia do lançamento da fita K7? Como foi realizada a escolha do material?
Dilson. A fita K7 é um dos frutos da nossa parceria com a Silent Brew Records. Eles conhecem muito melhor o mercado estadounidense que nós, pois um dos responsáveis pelo selo mora lá, mais especificamente em Nova York, e ele nos disse que lá, a onda do analógico, vinil, K7 e tudo mais, estava voltando com tudo. Não tínhamos noção disso até chegar lá, e realmente, lojas enormes, com infinitas prateleiras, cheias de discos de vinil e K7. Os CD's ficam numa mesinha, no cantinho. Portanto, o material em K7 é um meio interessante de conseguir entrar no mercado deles. Sobre a escolha do material, quisemos ser o mais abragentes possível, por isso, temos tanto uma coletânea de faixas dos discos de estúdio, que mostra nossas vertentes mais "roqueiras", "funkeiras" e tudo mais, e do outro lado, performances retiradas dos Safe Sessions, nosso show em formato reduzido, com equipamento e volume menores, que nasceu da ideia de estar preparado para qualquer tipo de palco e situação, podendo, assim, levar nossa música a mais lugares.
2112. A fita se divide em dois momentos: o Lado A  traz um álbum de estúdio com seis faixas e o Lado B com material gravado ao vivo. Esse material é um divisor de águas na carreira de vocês ou segue o fluxo natural da sonoridade da banda?
Guilherme. O K7 é uma introdução ao nosso trabalho, um material focado em mostrar ao público nova-iorquino o que é e o que faz o StringBreaker & the StuffBreakers. Por isso temos um lado com as músicas gravadas nos nossos três primeiros álbuns, apresentando a face mais roqueira, forte e visceral da banda e do outro lado temos as gravações do nosso repertório no formato Safe Sessions, onde a banda apresenta releituras explorando as características da dinâmica do som, com arranjos diferenciados e mais espaço para a improvisação e exploração de novos caminhos musicais.
Acredito que seja um divisor de águas por ser o nosso primeiro lançamento focado em um mercado diferente do Brasil. Talvez seja o primeiro passo na internacionalização da banda.
2112. As gravações ao vivo contidas no lado b são jams realizadas no estúdio?
Guilherme. O lado B contém músicas dos nossos discos de estúdio porém em releitura “Safe Sessions”, que dá mais espaço para jams e abertura para novas partes. Como se fosse um viés mais jazzístico do nosso trabalho.
2112. Quem produziu, arranjou e mixou o trabalho?
Sérgio. A produção, mix e master ficou mais uma vez a cargo do Spilack, os arranjos são resultado do trabalho coletivo da banda, o track list foi escolhido em parceria com a Silent Brew Records que tinha o formato do K7 mais pronto e pensado para o mercado norte americano e a arte conta com fotos do Diego Almeida e Designe do Adriano Fonseca.
2112. Segundo informação do encarte o material inspirado nos concertos de rock dos anos 70. Como foi tirar os timbres daquela época para os dias de hoje?
Guilherme. Na verdade, procuramos essa verve dos 70s desde o começo do StringBreaker e somos muito preocupados em soar oldschooll sem soar datado. Nas mix trabalho exclusivamente com o som captado e busco manter tudo o mais orgânico possível. É uma mix mais preocupada em fazer todo mundo aparecer e ter um som forte e coeso do que necessariamente inventar sons em busca de volume, pressão e definição exacerbada usando sound replacement e coisa do tipo. Não precisamos necessariamente gravar com equipamentos vintage pra ter esse som mais orgânico. É claro que a estrutura colabora, mas o som está muito mais na cabeça do mixer do que no equipamento. 
2112. Esse material foi lançado apenas em cassete. Vocês pretendem lançar as músicas nas plataformas digitais ou mesmo lançar em cd ou vinil?
Sérgio. Este material do K7 é uma coletânea de faixas já existentes, nos discos e nas playlists do nosso canal do Youtube, ou seja, está presente online por aí. Temos planos para um lançamento em Vinyl que ainda está em fase de projeto. Quanto à CD, fizemos gravações em todas as apresentações da tour, e compilamos um "Live in USA" que já está disponível nas plataformas digitais e chega em formato físico até o final do ano.
2112. Como fã da banda estou orgulhoso dessa nova empreitada da StringBreaker. Parabéns não só para vocês mas para todas as bandas que ao invés de ficar reclamando vão a luta.
Banda. Agradecemos demais a consideração e o apoio ao nosso trabalho! Isso é de grande importância! Ver essa relação com o nosso som nos dá mais energia pra continuar trabalhando em busca de crescimento e fortalecimento da cena e da banda.
2112. Qual o telefone/e-mail para contratar vocês?
Banda. 11 9 9313 8692 e o e-mail é o info@stringbreakerrock.com.
2112. ... o microfone é de vocês!
Banda. Primeiramente gostaríamos de agradecer ao pessoal do 2112 mais uma vez pelo espaço e pelo constante apoio ao nosso trabalho. São essas coisas que nos dão força para ir mais longe e encarar novos desafios como foi essa tour para nós. Ainda na parte de agradecimentos, novamente é importante citar o Mike Lemke, nosso grande amigo de Ohio que começou essa idéia e foi um dos grandes responsáveis por torná-la possível! Mike, você é fera! Além dele agradecemos também ao Rodney e ao Adriano da Silent Brew Records pela confiança no nosso trabalho e pela parceria. Agradecemos também aos nossos amigos daqui que nos acompanharam diariamente através do Facebook e Instagram, interagindo conosco, mandando mensagens, curtindo nossas lives e nossas presepadas. Mesmo de longe o sentimento foi que nós levamos muito amigos juntos nessa viagem, e isso foi sensacional! Por fim agradecemos aos amigos e a todo o público americano em geral, que nos recebeu muito bem, se dispôs a conhecer uma tal banda de rock brasileira que apareceu por lá do nada e curtiu com a gente essa viagem sonora show após show. Foi uma experiência incrível!
Fotos: Arquivo pessoal da banda (Facebook & Instagran)

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