Dia 09 estará acontecendo a nona
edição do Festival PIB (Produto Instrumental Bruto) sob a coordenação de Inti
Queiroz, produtora cultural e pesquisadora das políticas públicas de cultura. E
nós do 2112 fomos lá bater um papo com ela para sabermos um pouco mais sobre
este importante projeto que apóia a música instrumental!
2112. Primeiramente quero parabenizar
vocês pelo projeto visionário que é o PIB que mostra em shows gratuitos o
melhor da música instrumental brasileira. Como surgiu a idéia deste projeto?
Inti Queiroz. Entre
2003 e 2004 trabalhei numa grande produtora de projetos culturais e tive a
oportunidade de fazer várias viagens a trabalho pelo país. Nas viagens conheci
várias cenas locais de perto e percebi que as bandas instrumentais estavam
pipocando por ai e que a sonoridade dessas bandas era realmente diferente da
tradicional música instrumental brasileira. O que chamou atenção foi que eram
bandas de vários estilos, algumas com estilos musicais indefinidos, mas tinham
uma veia de música alternativa, algo entre o rock, o experimental, o
psicodélico e o étnico. Já sabia que existia demanda para projetos instrumentais
e que as leis de incentivo à cultura favoreciam esse tipo de música.
Junto a uma equipe, criamos o que seria o embrião do Festival PIB.
Em 2006, a secretaria estadual de cultura de SP abriu um edital para festivais
de música e uma das modalidades era para festivais de música instrumental.
Enviei o PIB e ele foi contemplado no edital do Proac e a
primeira edição aconteceu em 2007. Depois disso fizemos 8 edições em 10 anos. A
maioria delas com pequenos apoios e recursos próprios. O importante é não
deixar de fazer.
2112. A diversidade e a qualidade da
música instrumental brasileira é fabulosa. Tem música para todos os tons e
gostos não é?
Inti. Sim, por isso decidimos fazer o
festival. Percebemos que boa parte dessas bandas instrumentais não tinha
espaço. Principalmente aquelas que não se enquadravam nos estilos mais
tradicionais como o jazz brazuca e o choro. O PIB foi pensado justamente para
dar espaços para estes outros estilos como o eletrônico, o rock, o afrobeat, o
experimental, etc.
2112. Me diz uma coisa, como uma banda faz
para participar do festival? As inscrições são feitas via internet?
Inti. Desde
2016 estamos mapeando as bandas brasileiras que trazem o perfil vanguarda que o
festival possui. Não fazemos mais inscrições como fazíamos no começo. Abrimos o
chamamento para a atualização do mapeamento desde então. Todo mundo pode
sugerir banda para o mapeamento no chamamento que acontece geralmente no meio
do ano em nossa página do Facebook. Desse mapeamento selecionamos as bandas que
tocarão no festival. O Mapeamento atualmente conta com 311 bandas. http://www.festivalpib.com.br/mapeament/
2112. E quais são os requisitos que a
banda precisar ter além de ser claro, instrumental?
Inti. Quando
faço a curadoria do festival levo em conta diversos pontos. Primeiramente a
música e o diálogo do trabalho que a banda vem realizando com a proposta do
festival, que busca mostrar a música instrumental de vanguarda e em lapidação.
Outro ponto importante é mostrar propostas em formato de bandas, não de
artistas solo e com repertórios 100% autorais. Outro olhar relevante, leva
em conta bandas que assim como o festival, fazem um contraste entre o primitivo
e o moderno, o bruto e o lapidado, o natural e o sintético. É observada também
a produção, a divulgação e a estética da banda em plano geral, como o cuidado
com a parte técnica, canais de divulgação, o empenho e resultados em redes
sociais, apresentações ao vivo e materiais dispostos em vídeos na internet.
Para fechar a curadoria, um diálogo entre as bandas selecionadas também é
observado, para que cada edição traga uma proposta única dentro de determinada
estética e possa mostrar o estado da arte da cena desta nova música
instrumental.
2112. Qual o critério usado por vocês
na hora da escolha das bandas? A peneiragem é difícil?
Inti. É
difícil pois é um universo muito grande de bandas e só posso escolher poucas a
cada ano e todo mundo quer tocar. O mais importante é trazer bandas que estão
se destacando na cena independente naquele momento. Outro fator problemático é
grana. Infelizmente é bem difícil captar recursos para um festival tão
diferente. É muito difícil trazer bandas de outros estados sem bons
patrocínios. Já tivemos bandas de vários estados do Brasil, mas está cada vez
mais difícil bancar isso.
2112. Já houve caso de vocês
reaproveitarem bandas dispensadas de outras edições?
Inti. Nunca
dispensamos bandas. Escolhemos bandas. Mas em alguns casos, bandas que quase
entraram numa edição acabam sendo chamadas nas edições seguintes. O que importa
é ela estar num momento propício fazendo um bom trabalho na cena independente.
Tocar bastante por aí acaba chamando atenção da gente...
2112. Neste mês ocorre a 11° edição do
festival com a participação das bandas Kaoll, Ralo, Mescalines, O Grande
Ogro, Zumbi e o Folclore. Todos os sons... uma só tribo?
Inti. Na
verdade é a nona edição edição do festival em 11 anos de existência. Dois anos
destes 11 não conseguimos realizar o festival por falta de recursos. Não acho
que somos uma só tribo. Mas é uma cena compostas de sub cenas e a música
instrumental é uma linguagem diferenciada da música popular cantada. Dentro da
cena da música instrumental tem várias cenas e o PIB tenta mostrar um recorte
atual de várias. Tem a turma do eletrônico, do stoner rock, do afrobeat, do
experimental, do post rock, do neojazz, etc etc.
2112. Qual a reação do público diante
dessa pluridade musical?
Inti. Depende.
Tem muita gente que acompanha a cena de perto há muitos anos e conhece a
maioria das bandas. E muitas pessoas que chegam pela primeira vez e se
surpreendem. Vai muito de cada um e da bagagem musical que tem. Mas uma reação
que sempre acontece é que as pessoas não conhecem as bandas e acabam virando
fãs quando participam do festival, pois geralmente é tudo muito diferente do
que estão acostumados a ver por ai. Quem vem numa edição do festival PIB acaba
vindo em outras pra conhecer mais bandas novas.
2112. Já estamos na nona primeira
edição do festival e eu te pergunto: Qual o balanço que você faz de todo esse
tempo?
Inti. O
balanço é bom. Porém é bem difícil trabalhar com música não cantada no Brasil
se não for jazz. E jazz não é o nosso foco. É extremamente difícil
conseguir patrocínios, a maioria das pessoas desconhece esse tipo de vertente
da música instrumental. Acho que o PIB foi fundamental para a disseminação
desse tipo novo de música instrumental, principalmente por ter tido dois
especiais da MTV nas segunda e terceira edição. Isso acabou lançando no mercado
da música uma nova perspectiva. Somos uma festival que nunca teve ambição de
ser um grande festival, já que nosso recorte é sempre de bandas brasileiras e
que atuam no meio independente. Gostamos de atuar no meio independente e manter
essa independência.
2112. No palco do PIB já passou mais de
70 bandas... Isso é uma baita vitória levando em conta se tratar de um estilo
de música com pouco acesso nas mídia, não é?
Inti. Já
tivemos 70 bandas no PIB. De 14 estados diferentes do Brasil. Hoje o mapeamento
das bandas com nosso perfil é de 311.
2112. No blog já entrevistei algumas
bandas instrumentais como Quartetinho, Duo Instrumental, Silibrina, Jazzmine...
Você conhece? São bandas maravilhosas com um trabalho impecável...
Inti. Já ouvi
falar sim, são bandas legais.
2112. E o Expresso Jazz? Quando será
realizado?
Inti. No
momento estamos em busca de patrocínio pelo Proac, mas por enquanto não há
previsão.
2112. Vocês já escolheram as bandas ou
ainda estão no processo de seleção?
Inti. As
bandas da edição 2018 já estão selecionadas e foram divulgadas desde o dia 25/10.
São todas da cidade de SP. É a primeira vez que só mostramos bandas da cidade.
2112. Inti, agradeço pelo bate papo,
pela sua disponibilidade em responder as perguntas. O microfone é seu...
Inti. Eu que
agradeço o espaço. Venham para o festival dia 09/12 na Casa das Caldeiras
curtir o Festival PIB. A diversão é garantida e a boa música também. A Entrada
é gratuita. Começa cedo e acaba cedo e dá pra trazer todo mundo, inclusive a
criançada. Mais detalhes no evento.
PiB - Um Festival
Diferente!
O PIB – Produto Instrumental Bruto é um
festival de bandas instrumentais brasileiras que acontece desde 2007 e visa
promover a cultura da música instrumental contemporânea e inovadora em toda a
sua diversidade de estilos musicais. Sempre em busca de um panorama atual da
vanguarda da música brasileira.
O Festival PIB -
PRODUTO INSTRUMENTAL BRUTO – desde sua primeira edição em 2007, traz um novo olhar para a
música instrumental brasileira, fazendo um contraste entre o primitivo e o
moderno, o bruto e o lapidado, a natureza e a cultura.
Nesta edição o festival apresentará pela primeira vez um
recorte bem diversificado da cena paulistana, com 5 bandas da cidade de São
Paulo. Teremos shows com as bandas: KAOLL com sua música viajante e boa para
contar histórias surreais, MESCALINES com sonoridades sensíveis e psicodélicas,
O GRANDE OGRO com o experimentalismo orgânico que mistura o hardcore oitentista
e o pós-rock, RALO com seu stoner rock potente e ZUMBI E O FOLCLORE que traz
uma mistura da música brasileira contemporânea com sonoridades da world
music.
O PIB tem como objetivo a divulgação de alguns dos muitos
projetos interessantes que vem sendo produzidos na nova música instrumental
brasileira, considerando principalmente a diversidade de estilos musicais e o
conceito artístico de vanguarda que se esconde em cada uma das bandas da nova
cena. As edições anteriores foram um grande sucesso de público e mídia operando
para que a nova cena instrumental pudesse ser observada mais de perto não só
por iniciados e formadores de opinião, mas também pelo grande público.
Além dos shows, o festival também contará com DJs, oficinas,
exposições, feira cultural e intervenções artísticas que buscam mostrar os
diálogos possíveis da nova música instrumental com outras linguagens de arte e
cultura. A curadoria das exposições de
artes visuais este ano é responsabilidade do artista plástico Fabio Quaglio e
deverá apresentar 10 artistas da nova geração de artistas da cidade de São Paulo. (artistas
confirmados: Aguidavid Xukuru, Ana Luz, Fabio Quaglio, Florido, Lokano, Joyce
Melguiso , Mayara Polizer, Maysa
Ribeiro, Tais F. Bêrtollim)
A curadoria do projeto é assinada por Inti Queiroz, produtora
executiva e criadora do festival. A curadoria do festival leva em conta
diversos pontos. Primeiramente a música e o diálogo do trabalho que a banda vem
realizando com a proposta do festival, que busca mostrar a música instrumental
em lapidação. Outro ponto importante é mostrar propostas em formato de bandas,
não de artistas solo e com repertórios 100% autorais Outro olhar relevante, leva em conta bandas
que assim como o festival, fazem um contraste entre o primitivo e o moderno, o
bruto e o lapidado, o natural e o sintético. É observada também a produção, a
divulgação e a estética da banda em plano geral, como o cuidado com a parte
técnica, canais de divulgação, o empenho e resultados em redes sociais,
apresentações ao vivo e materiais dispostos em vídeos na internet. Para fechar
a curadoria, um diálogo entre as bandas selecionadas também é observado, para
que cada edição traga uma proposta única dentro de determinada estética e possa
mostrar o estado da arte da cena desta nova música instrumental.
O Festival PIB – Produto Instrumental Bruto é realizado pela
produtora Erativa Cultural e tem apoio da Associação Cultural Casa das
Caldeiras e este ano faz parte da programação da SIM SP (Semana Internacional
de Música de SP).
Bandas que participarão
do Festival PIB 2018:
KAOLL
www.kaoll.com
MESCALINES https://mescalines.bandcamp.com/
O GRANDE OGRO
http://ograndeogro.wixsite.com/ograndeogro
RALO https://www.facebook.com/RaloBand/
ZUMBI E O FOLCLORE
https://www.facebook.com/zumbieofolclore/
PROGRAMAÇÃO: (outras atrações serão inseridas nos
próximos dias)
15h - Abertura da casa – Início Feira cultural 15h - DJs
(artistas a confirmar) 15h30 – Início visitação exposições de artes visuais – Curadoria
Fabio Quaglio 15h30 – 16h30 Oficina de produção cultural - O que será do futuro
da produção cultural no Brasil? Com Inti Queiroz 16h30 – Início dos shows com a
banda Kaoll 17h40 – Show banda Mescalines 18h50 – Show banda O Grande Ogro
19h40 - Intervenção artística - Dança contemporânea (artista a confirmar) 20h –
Show banda Ralo Band 21h10 – Show Zumbi e o Folclore
(Outras atrações a
confirmar)
Serviço:
Festival PIB 2018 – Produto Instrumental Bruto: Data: 09
de dezembro de 2018 – das 15h às 22h Local: Casa das Caldeiras – Av. Francisco
Matarazzo 2000, Água Branca – São Paulo – SP.
Entrada Franca e censura livre. O
local não possui estacionamento próprio.
Histórico Festival PIB
A primeira edição do projeto aconteceu no SESC POMPÉIA, em São
Paulo, em 2007 onde tivemos shows com as 12 bandas: Pata de Elefante (RS),
Cosmorama (SP), Lenore (GO), Mama Gumbo (SP), Dead Rocks (São Carlos – SP),
Búfalos D’Água (Londrina – PR), Gasolines (São Paulo – SP), Maremotos (Curitiba
– PR), Fóssil (Fortaleza – CE), Mamma Cadela (SP), Labirinto (SP) e Músicas
Intermináveis para Viagem (Porto Alegre – RS) e ainda 2 oficinas interativas,
debate e feira cultural.
Na segunda edição em 2009, tivemos 16 bandas de diversos
estilos musicais e regiões do país, cada uma delas com sua influência regional
e sotaque musical. Bandas de 2009: Aerotrio (Campina Grande - PB), Chimpanzé
Clube Trio (SP), Tigre Dente de Sabre (SP), Elma (SP), Fantasmagore (RJ),
Grooverdose (SP), Macaco Bong (Cuiabá - MT), Malditas Ovelhas (São Carlos - SP)
Retrofoguetes (Salvador - BA), Reverba Trio (Porto Alegre - RS), SaunoFlex (SP)
e The Violentures (Campinas - SP). E as
madrinhas: Mama Gumbo, Gasolines e
Labirinto (SP) Intravenal Groove S/A de Campinas (SP). Além dos shows, desta
vez no Clube Belfiore (CB Bar), tivemos 4 oficinas, debate e feira cultural na
Casa das Caldeiras.
Na terceira edição em 2010, tivemos 20 bandas, também
mostrando a total diversidade do festival: Bandas 2010: Aeromoças e Tenistas
Russas (SP), Mamma Cadela (SP), O Garfo (CE), Tigre Dente de Sabre (SP),
HellFishes (PR), Kozmic Gorillas (PR), Mullet Monster Orquestra (SP),
Retrofoguetes (BA), Bufalo (SP), Epcos (PE), Huey (SP), Fantasmagore (RJ),
Discotiki (SP), Martinez (SP), 3 Cruzeiros (SP), Saunoflex (SP), Astronauta
Pinguim (RS), Groove Groove (SP), Pé na Cozinha (SP), Wash! (SP). Além dos
shows tivemos 6 oficinas, debate, feira cultural e exposição de fotos.
Em 2011 tivemos uma quarta edição na Casa das Caldeiras com a
apresentação das bandas: Mamma Cadela (SP), Três Cruzeiros(SP), Huey (SP). Além
dos shows tivemos um debate, feira cultural e exposições.
Após um intervalo de três anos, realizamos a quinta edição em
2014, em apenas um dia de festival na Casa das Caldeiras. As bandas
participantes foram: Herod (São Paulo – SP) , Kubata (S. Bernardo do Campo –
SP), Os Pontas (Sorocaba – SP), Projeto Ccoma (Caxias do Sul – RS), Testemolde
(São Paulo – SP). Além dos shows tivemos diversas intervenções artísticas de
artes visuais, audiovisual e dança.
A sexta edição do Festival PIB no ano de 2015, retornou ao
seu formato inicial de 3 dias, dois dias no Complexo Cultural FUNARTE SP e o
terceiro dia na Casa das Caldeiras. Com as 8 bandas: Aeromoças e Tenistas
Russas (SP), Bombay Groove (SP), Meneio (SP), The Tape Disaster (Porto Alegre -
RS), Boom Project (SP), Horta Project (Brasilia - DF), Skrotes (Florianópolis -
SC), Camarones Orquestra Guitarrística (Natal - RN). Além disso, esta edição
contou com duas oficinas, exposição e feira cultural.
Nossa sétima edição em 2016, aconteceu durante a Virada
Cultural como parte da programação do Palco Instrumental e contou com shows das
bandas: Tigre Dente de Sabre (SP), Huey (SP) e Skrotes (SC).
Na oitava edição em 2017, o festival completou 10 anos de
existência e tivemos um dia de Festival PIB na Casa das Caldeiras com a
apresentação de 5 bandas da nova geração da música instrumental: Amoradia do
Som (SP), E a terra nunca me pareceu tão distante...(SP), Mais Valia (Jaú- SP),
Rock Trash (Guarulhos - SP) e Ema Stoned (SP). Além dos shows tivemos feira
cultural, oficina de percussão em sucata e exposições.
Maiores
informações:
festivalpib@gmail.com (contato)
www.festivalpib.com.br/
https://www.facebook.com/festivalpib
KAOLL
MESCALINES
O GRANDE OGRO
RALO
ZUMBI E O FOLCLORE
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