sábado, 20 de maio de 2017

Entrevista Banda AJNA


Rock é uma verdade de vida... ou você vive intensamente ou morre sem fôlego na beira da praia. Tibet é uma das poucas mulheres a frente de uma banda de rock e sua banda AJNA é a prova de que não existe preconceito quando todos se respeitam... Nesta exclusiva ela fala abertamente sobre suas lutas, preconceitos, sua trajetória etc. Uma história que daria uma ótima biografia!!

2112. Primeiramente devo dizer que achei muito interessante o nome da banda (Anja ao contrário). De quem foi a idéia?

Tibet: Bom, isso vem de criança, quando falávamos tudo de traz para frente, para nenhum adulto entender o que estávamos falando. Meu apelido Tibet, vem de Beth ao contrário, pois meu nome é Elizabeth. AJNA é o contrário de ANJA, mas o nome também significa o Chácara do Terceiro Olho. Tanto que no último disco do AJNA, temos uma música THE EYES OF AJNA, que é uma alusão à esse terceiro olho.

2112. Você é uma pessoa religiosa?

Tibet: Não. Sou psicóloga e Psicanalísta, já tive minhas fases astróloga e taróloga, mas nessa fase da minha vida ,estou totalmente agnóstica. I believe in me.

2112. Como e quando surgiu a banda?

Tibet: O AJNA estreou no Dama Xoc em 1990, foi uma banda que começou na Dynamo, um bar de rock muito importante nos anos 80/90 e que depois virou Revista Dynamite, onde eu era editora chefe juntamente com André Pomba Cagni. Na época o AJNA chegou a fazer vários shows com bandas como Korzus, Angra, Ratos de Porão e outras bandas importantes dos anos 90. Chegamos a abrir no Aeroanta para banda argentina chamada Rata Blanca.

2112. Em sua opinião mesmo depois de nomes reinantes como Janis Joplin, Grace Slick, Runnaways, Girlschool, Lita Ford, Joan Jett, Doro Pesh... o rock ainda é machista?

Tibet. Acho sim. Mas acho também acho que as minas que fazem rock são feministas, veja o caso da Rita Lee, só para pegar um exemplo brasileiro. Quando a mulher dá pra ser líder, ela é quem manda e fim de papo. Tem muita mulher capitaneando bandas masculinas atualmente, vide por exemplo Amy Lee no Evanescence, Jinjer banda hardcore ucraniana liderada por Tatiana Shmaylyk e muitas outras

2112. Como você dribla para sobreviver nesse universo?

Tibet. Sou psicóloga e Psicanalísta e tenho consultório próprio em São Paulo.
 

2112. Tibet, você tem uma longa folha de prestação de serviço ao rock brasileiro. Comente o início de sua carreira até a fundação do AJNA?

Tibet:  A primeira banda que eu tive foi com o Carlini, Lisergia, ensaiávamos na aclimação, mas foi uma banda que nunca fez show, mas era o Serginho DelaMônica na batera e o Carlini na guitarra, depois fui para banda Quarto Crescente que era a banda do Percy Weiss e foi através dele que conheci o pessoal do MADE IN BRAZIL, com quem fiz vários shows e gravei vários discos fazendo baking vocal, entre eles “Pauliceia Desvairada”, Made in Blues e Rock de Verdade. Mas a RCA Victor em 1978, me chamou para gravar um EP, na época era um compacto simples com duas músicas, Suada de Amor e I dont Like Inglês.

Tá no youtube:https://www.youtube.com/watch?v=TC3DPH_wrRo   confere aí.

Esse disco teve a participação de Serginho Dias Batista e Rui Castro (Mutantes) e Serginho Herval (Roupa Nova). Em 1979, eu tinha contrato com a RCA para gravar um LP, ai eu chamei o Carlini, que veio com o TUTTI FRUTTI, eles tinham acabado de sair da Rita Lee, pois ela tinha colocado o Roberto De Carvalho. Aí gravamos o meu disco Solo, um trabalho lindíssimo onde cantei vários autores entre eles, Eduardo Araujo, Guilherme Arantes e Zé Rodrigues. E com participação de ótimos músicos entre eles Manito, Marinho Thomas, Símbas e Marinho Testone (Casa das Máquinas)
Escuta aí algumas músicas:


Depois dessa fase eu precisei parar um pouco com a música, casei e tive três filhas, mas em 1990 não aguentava mais ficar sem o Rock and Roll, como diz o Oswaldo Vecchione “O rock and roll não me larga” Então me separei, vendi minha aliança de casamento e com o dinheiro comprei uma guitarra. Entrei como assessora de Imprensa da Dynamo, e fiz os dois primeiros fanzines da Dynamite, que era um fanzine da Dynamo, pra falar dos shows e da cena que rolava around da Dynamo. Depois é que virou Revista Dynamite.
Foi aí que nasceu o AJNA, ensaiando nos porões da Dynamo. Essa primeira fase do AJNA durou 12 anos, época em fizemos vários shows e que gravamos um Splip álbum (1992), um, EP (1994) e um LP (1998), Mirror, produzido por Marcelo Pompeu (Korzus). Nessa fase do AJNA passaram ótimos músicos como; Lippo Baldassarinni, Pitchu Ferraz, Ivan Vale, Saulio Issao Ito, Nelson Brito (Golpe de Estado) e foi nessa fase lançamos um vídeo Hermanos: https://www.youtube.com/watch?v=dViH4M7blBI

Em 2002, parei um pouco com o AJNA e sai da Revista Dynamite, fui estudar, fiz faculdade de Psicologia Clínica e especialização em Psicanálise.
2112. Como é o processo de composição da banda? Todos colaboram? Em que vocês se inspiram na hora de compor?

Tibet: Geralmente eu faço as letras e a métrica da melodia de voz, as vezes os meninos me mandam um tema e eu coloco a letra em cima. Outras vezes faço no violão mesmo a pegada e a melodia de voz e levo pros meninos fazerem os arranjos.

Escuta ai uns sons do AJNA:

2112. Vocês incluem covers nos shows?

Tibet. Não tocamos Cover, sou de uma época em que o som autoral tinha valor e prova disso é que as grandes bandas que estão no ar hoje, foram formadas nos anos 80 e 90, época onde existia uma honestidade musical e uma criatividade incrível. Uma coisa é você ter influência de uma banda, outra coisa é você querer ser uma banda, uma coisa que você não é e nunca poderá ser. Acho ridículo aqueles caras que acham que são o Bruce Dickinson, nunca chegaram nem aos pés dele. Outra coisa importante, os músicos precisaram abrir as pernas para as casas noturnas, que pagam 100 reais de cache e faturam uma puta grana em cima de Banda Cover, tá na hora de mudar isso galera, por isso fiz o projeto QUEM SABE FAZ AUTORAL quem quiser saber mais entre no site:
http://quemsabefazautoral.blogspot.com.br/  e visite nossas pagina no face:

Nenhum comentário:

Postar um comentário