terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Dadi - Meu caminho, é chão e céu

   

Dadi é um daqueles músicos que todos amam tocar juntos ou mesmo apreciar a sua técnica... A nova geração com certeza vai lembrar da sua participação no grupo A Cor do Som e mesmo no Barão Vermelho. Mas a sua caminhada vem de longa data e é toda contada passo a passo neste belo livro numa espécie de diário além de vir recheado de muitas fotos raras. Vale a pena ler os comentários de dois importantes nomes da nossa música sobre o baixista.



"Dadi é artigo músico-luxo, categoria talento hours concours!"



Rita Lee  



"Precisávamos de um baixista nós os Novos Baianos. O show estava marcado pra dali a quinze dias. Marília, minha namorada à época, conhecia um garoto que era baixista. Fomos todos ao Arpoador, conhecê-lo em seu habitat. Estávamos com o projeto de gravar um novo disco, o Acabou Chorare. Pois é, daquele momento em diante ficou tudo lindo. Tínhamos uma banda maravilhosa, onde Dadi se destacava com seu baixão, como ele mesmo dizia."



Moraes Moreira



O livro resgata uma parte esquecida da história da nossa autêntica MPB e do próprio rock. Vale apena adquirir antes que saia de catálogo e vire artigo raro nos sebos. Há ainda elogios de Caetano Veloso, Marisa Monte, Roberto de Carvalho, Jorge Benjor, Arnaldo Antunes e André Midani; a discografia completa das bandas que foi integrante e mesmo a sua participação nos discos de vários artistas (inclusive alguns citados acima!).

John Tennessee, sangue novo no rock nacional!


Cansado de tanto ouvir as mesmas coisas no dial das rádios, nas capas das revistas e nas falsas listas de paradas de sucessos, resolvi buscar no underground e no passado bandas com rock'n'roll nas veias e sangue nas ventas. E numa dessas garimpadas dei de cara com o John Tennessee uma banda que produz um rock cheio de tesão e não pensei duas vezes em pedir uma exclusiva que você lê abaixo.  


2112. Como e quando foi formada a banda? 

Leandro Cesar. A banda foi formada no final de Maio de 2015, quando o Rafael Vinicius (amigo de longa data que havia se mudado para o interior) voltou para São Paulo após um longo período fora, com a ideia de reunir os amigos para formar uma banda. No começo tínhamos somente 04 integrantes, Jonas Fongozi (Vocais), Rafael Vinicius (Bateria), Leandro Cesar (Guitarra) e Raphael Martins (Guitarra). Ficamos um bom tempo compondo e ensaiando desta forma, até que outro amigo de longa data, Chico Oliveira, aceitou o convite para integrar a John Tennessee e assim assumir o Baixo. 

2112. O nome John Tennessee é bem interessante e lembra mais o nome de um membro de uma banda country que o nome de uma banda de rock... De quem foi a ideia? 

Leandro Cesar. Haha! O nome é bem peculiar... Não negamos, temos alguns integrantes que curtem um Country, porém não levamos esse estilo musical para a banda (ainda)!Quando estávamos no começo da banda, logo sentamos para conversar e escolher um nome. E isso foi uma das coisas mais difíceis que fizemos como banda, rs! De tanto martelar, tentar achar um nome em algum lugar escrito por aí, o nome veio de forma inusitada. Em um churrasco na casa do Jonas Fongozi, com 02 violões e tocando alguns covers, eis que surge uma pronúncia do tipo “embromation” da letra da música “Through Glass” do Stone Sour que soava como “dionastenessi”, cantada pelo nosso vocalista a plenos pulmões. No momento todos rolaram no chão de tanto rir daquela tentativa de cantar a música sem ter decorado a letra, mas ao passar 5 minutos aquela pronúncia ficou em nossa cabeça e então resolvemos adotar o som da pronuncia como nome da banda, alterada levemente, ficando assim “John Tennessee”.

2112. Como vocês definem o som da banda?

Leandro Cesar. Definimos o som da banda como uma mistura de estilos, englobados ao rock, mas indo desde o grunge, stoner rock, até ao pop rock mesmo. A banda possui 05 integrantes que possuem estilos bem diferentes um do outro, mas acabamos utilizando isso para criar novos estilos e misturas de sons, sem sair do rock.

2112. A música Nada Mais foi o primeiro registro de vocês em estúdio. Foi difícil transpor a agitação das apresentações da banda para o estúdio?

Leandro Cesar. Transposições sempre são difíceis, complicadas, que requerem tempo e paciência. A composição da música “Nada Mais” não durou mais do que 30 minutos, no meu quarto mesmo. Enquanto estava deitado veio um estalo na cabeça e peguei o violão e comecei a traduzir tudo o que eu conseguia ouvir dentro da minha mente. Mas quando entramos em estúdio para gravar aquele que seria o primeiro trabalho da banda, começamos a encontrar diversos desafios, estudos e constantes melhorias para poder inserir na música toda a agitação que a banda possuía no momento.  

2112. O resultado final ficou como o esperado? 

Leandro Cesar. Quando tivemos a oportunidade de ouvir o trabalho finalizado, tudo em seu devido lugar, não tivemos dúvidas de que o trabalho ficou melhor que o esperado. Tanto que resolvemos investir em um clipe para a música.

2112. Como é o processo de composição de vocês?

Leandro Cesar. Temos diversos compositores na banda, todos contribuem de alguma forma. Eu já tinha algumas composições e utilizamos na banda, outras composições o Raphael Martins tinha algum refrão pronto, me passava, e eu finalizava a música. Costumo compor bastante, tanto melodia quanto letra. Por ser assim “inquieto” a maioria das composições acabam passando por mim.

2112. Como foi composto o material de Aleatório e como surgiu a proposta para gravar no Bay Area Studios?

Leandro Cesar. Todas as músicas do álbum “Aleatório” foram compostas em períodos completamente diferentes, que não se conectam, mas se completam. Devido aos estilos variados de cada música, resolvemos dar esse nome ao álbum. Eu conheço o Bay Area Estudios desde a sua fundação, e também conheço de longa data o seu fundador, Diego Rocha. Desde o início da banda que o Diego Rocha se mostrava predisposto a enfrentar o desafio de gravar novos estilos de sons, querendo extrair ao máximo alguma qualidade que a banda demonstrava.

2112. Como foi trabalhar como Diego Rocha? A masterização de Brendan Duffey em Davis, California saiu ao gosto da banda? 

Leandro Cesar. O Diego Rocha é nosso conhecido a pelo menos uns 10 anos. Sempre conversamos sobre música e mesmo sem querer estávamos sempre envolvidos neste meio. Apesar de estilos completamente diferentes, o Diego é um cara que sabe extrair o máximo de cada músico, e que ao mesmo tempo também sabe ouvir e aceitar novas propostas musicais. Então o trabalho foi muito tranquilo e satisfatório, tendo certeza de que o resultado sairia do nosso agrado. Em relação ao Brendan Duffey, é um cara que tem um histórico muito extenso de serviços prestados a grandes músicos. E por indicação do Diego Rocha acabamos por masterizar com o Brendan. O resultado saiu acima de qualquer expectativa que havíamos gerado na época.

2112. Qual música deu mais trabalho para ser gravada?

Leandro Cesar. As músicas “Ecos” e “Sobrevida” possuem algumas trocas de tempo (metrônomo) no meio de cada uma. Esse tipo de mudança fazendo ao vivo é bem tranquila, pois todos estão na mesma vibe, tocando e sentindo a música. Mas quando você vai gravar essas mudanças em estúdio, com alterações de tempo, você acaba ficando louco a cada vez que tenta gravar e precisa repetir pois não casou o tempo! Essas foram as mais difíceis.

2112. Muitas das bandas brasileiras (90%...) tem escrito seu material em inglês visando ganhar o mercado exterior ao contrário de vocês que dão preferência cantar em português. O porquê de remar contra a maré?

Leandro Cesar. Não queremos fugir de nossas raízes. Entendemos sim que um material todo cantado em inglês abre muitas portas no mercado exterior. Mas ao mesmo tempo vemos a carência que temos de novas bandas nacionais, com material no bom e velho português. Gostamos muito do rock nacional e damos muito valor a isso!

2112. O que vocês pensam de roqueiros que valorizam mais as bandas gringas que as brasileiras... algum recado para essas pessoas?

Leandro Cesar. O povo brasileiro passa por uma fase em que você encontra esse tipo de situação não só com as bandas gringas, mas com TUDO! Qualquer coisa vindo de fora é melhor do que temos aqui, segundo os nossos atuais brasileiros. A falta de valor que é dada às coisas nacionais é um tipo de cultura que estamos acostumados (infelizmente), e precisamos mudar urgentemente. Vejo muitas reclamações de que não existem novas bandas boas no cenário rock do Brasil. Mas ao mesmo tempo que uma banda boa e promissora desponta no mercado, a mesma é atacada por críticas e rotulagens que acabam por ser sem sentido, pois “só o que vem de fora que presta”. O recado que temos para quem estiver lendo é: Deem valor ao que temos aqui. Não precisa esquecer o que vem de fora, mas procurem que existem muitas bandas ótimas aqui no nosso Brasil! 

2112. Quais os projetos da banda para o futuro?

Leandro Cesar. Estamos fazendo diversos shows para divulgação do nosso primeiro álbum. Iremos divulgar ao máximo para assim, muito em breve, começar um novo processo de composições e gravações. Temos planos para um novo clipe e uma live session, a definir ainda. Estamos focados em levar o nosso trabalho o mais longe possível e expandir assim as pessoas que venham a nos acompanhar, que serão sempre muito bem vindas!

                                                 Rafael Vinícius (batera)

                                                 Leandro Cesar (guitarrista)

                                                 Chico Oliveira (baixo)

                                                   Jonas Fongozi (vocal)
 
                                                   Raphael Martins (guitarra)

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