quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Entrevista Isaura La Cour

2112. Primeiramente como surgiu o programa Metal Messiah Radio?

Isaura. Na verdade não é um programa e sim uma web radio internacional que foi criada em janeiro de 2008, e que toca o bom e velho metal em uma programação com DJ’s em todas as partes do planeta, abrangem bandas e artistas de todos os continentes com doses cavalares de Heavy Metal 24 horas por dia/7 dias por semana. Logicamente que o Brasil não ficaria de fora e eu que sou brasileira, agora radicada nos Estados Unidos, sempre tive o metal correndo nas veias desde os anos 80 quando eu era produtora da Praça do Rock e assessora de algumas bandas. Quando me mudei parar os EUA em 2000, sempre tive o sonho de poder divulgar por aqui as bandas brasileiras. Então entrei em contato com o DJ Matthew Szablewicz que faz o programa NYC Metal Scene, e ele adorou a idéia de ter no programa um bloco dedicado ao Brasil. O programa vem obtendo um enorme reconhecimento não só das bandas, mas também de grandes gravadoras, fruto de uma equipe honesta, índole e que trabalha corretamente em prol do Metal! O Programa NYC Metal Scene Show, na Metal Messiah Radio, já está com o bloco brasileiro há 3 anos. Sem necessidade de aplicativos, sem vendas inoportunas, sem pop-ups, ou seja, somente conteúdo recheado de muita música boa, entrevistas ao vivo, chat online e completa interação entre todos com o melhor do metal mundial e do Brasil às terças feiras.

2112. Todo início de projeto é complicado, é como tentar correr num terreno acidentado sem levar tombos. Quais foram as maiores dificuldades enfrentadas até o programa se firmar?

Isaura. Na verdade não tive dificuldade alguma em criar esse projeto com a aprovação do Matthew (Matt). Tive dificuldade sim em encontrar e ter a credibilidade das bandas do Brasil. Precisávamos de material, então coloquei o Vagner Ferreira que é nosso contato do Brasil para nos acessorar aqui. Hoje temos ele que nos manda material, o Thiago do Cangaço do Megal, a Assessoria de Imprensa feita pelo Metal na Lata do Jonnhy Z, o programa de entrevistas Ethnos Rock no YouTube com nosso parceiro Claudio Tiberios, e as produtoras Som do Darma da Susi dos Santos e do Eliton Tomasi e a Sangue Frio Produções do Patrick de Souza. 

2112. ... o programa é um dos maiores divulgadores do nosso metal no exterior. Existe realmente barreiras em relação às bandas que não cantem em inglês ou isso é folclore?

Isaura. O programa não é "um dos" haha... é o maior kkkkkk. Não existe barreira alguma. Os gringos até gostam de ouvir em português como era a galera da minha geração, quando ouvíamos em inglês e não entendíamos nada. Mas sabíamos que arrepiava até a alma. 

2112. Tirando Sepultura, Angra, Viver, Shaman etc que tiveram grande exposição que outras bandas tem ou estão tendo uma boa repercussão no mercado americano de metal?

Isaura. Tem sim. Existem bandas que estão tendo um destaque grande aqui fora como o Claustrofobia, Krisium... e estamos tentando enfiar goela abaixo o Sacrifix, Vulcano, Deathgeist e muitas outras que já participaram do programa. 

2112. A set lists dos programas são pré-montadas ou os ouvintes podem ligar pedindo músicas?

Isaura. Não. Nós selecionamos as bandas que nos manda material e são muitas. Toda semana temos até 4 bandas brasileiras em cada programa. Às vezes acontece de fazermos entrevistas ao vivo.

2112. ... a título de curiosidade, quais são as bandas mais pedidas?

Isaura. Pedidas não há. Existem as que mais participaram do programa. Holocausto War Metal, Metauro, Sacrifix, Siengrid Ingrid, Chaosfear, Nervochaos, Gomorra, Genocidio, e a banda que temos um carinho muito grande que foi a primeira a entrar na programação: o Scalped de Minas Gerais. Mas tem muitos outras que estão sempre renovando material e estamos dando o espaço para a divulgação e se eu destacar somente essas estarei sendo injusta. Não existe banda que toca mais do que a outra e sim bandas que estão sempre conosco desde o primeiro programa. Chamamos as bandas também de parceiras. Todas tem um lugar e uma história muito especial com a gente. Acabamos virando uma grande família que as bandas sabem que podem contar com a gente aqui no hemisfério norte para serem divulgadas em uma web radio pelo mundo todo. 

2112. Isaura, e como as bandas podem enviar material para vocês?

Isaura. Podem mandar material para o seguinte e-mail: brmetalmessiah@aol.com ou  entrar em contato com nossos representantes no Brasil: Vagner Ferreira: vagnermetalheart@gmail.com ou Thiago Loureiro: cangacodometal666@gmail.com . Eles passam todas as informações para as bandas. 

2112. Sempre gostei de mulheres no rock, elas dão um charme todo especial ao estilo e a prova disso é a banda Nervosa que quebrou os parâmetros machistas do metal com um som avassalador. Como fã e divulgadora do metal, o que isso significa para você?

Isaura. Eu acho sensacional. A Nervosa veio em um momento que estávamos carentes de mulheres na cena. Tínhamos o Ajna com a Tibet, uma grande vocalista e representante dos vocais femininos, que representa até hoje a mulherada do e nos anos 80 havia a banda Ozone e Volkanas. A chegada da Nervosa foi um estouro, pois uma banda de metal feminina do Brasil ser comparada com outras bandas clássicas com décadas de estrada como Kreator, Destruction, Slayer, Exodus, e Suicidal Tendencies é muito orgulho. É pra se aplaudir de pé.  

2112. Que eu me lembre apenas as Runnaways, Girlschool e L7 tiveram um relativo sucesso. O que você tem ouvido de interessante nesse segmento?

Isaura. Bom, são três bandas diferentes. Runnaways e Girlschool são mais para o lado do punk rock anos 70/80. Já L7 entrou de sola na geração grunge anos 90. Eu ouvi muito Warlock, Heart, Vixen também... e hoje gosto muito do som da banda californiana Dorothy. 

2112. ... antes que reclamem, não citei Suzy Quatro, Joan Jet, Doro Pesh, Lita Ford, Wendy O. Williams etc porque os seus grupos eram/são mistos. Mas nada que tire os seus méritos, não é?

Isaura. De forma alguma. Mesmo por que eu citei algumas delas anteriormente. Ano retrasado estive no show da Joan Jet. Foi muito bom. Doro e Lita são deusas. Wendy história! Nina Strauss é pura tecnica... Cada uma com seu valor independente da época. 

2112. Isaura, que bandas você mais ouve? Você tem algum álbum de cabeceira?

Isaura. Sim. Sou muito eclética. Não ouço apenas metal. Ouço de tudo desde que tenha alguma coisa que me chame atenção. Metal amo Exodus e Rob Zombie. Gosto muito do estilo Stoner Rock, e gosto muito também dos vikings do Amon Amarth. Do Brasil não sei como não furei ainda o CD da banda Scars. Hahaha 

2112. Você curte outro estilos ou ouve apenas metal?

Isaura. Gosto sim de outros estilos. Gosto muito de Funk anos 70/Disco Music, Rock Progressivo, e música clássica. Mas como eu disse: se tiver letra boa e ritmo bom tô dentro. Até samba de roda eu encaro kkkk. 

2112. Tem alguma banda que você curte e o público do metal detesta?

Isaura. Vixi....deixa eu pensar... Ah já sei! POISON! hahahaha  

2112. O programa já promoveu ou promove shows de bandas brasileiras aí em Nova York?

Isaura. Ainda não. Mas espaço não falta. O problema são as bandas do Brasil sair da caixinha e irem atrás de passaporte e os membros tirarem férias do trabalho na mesma época. Querer todo mundo quer. O problema é se mexer. Nós divulgamos, mas não podemos dar tudo mastigado e te digo uma coisa: tem músico que quer ser estrela do rock mas tem preguiça até de mandar material. Daí fica dificil. 

2112. ... entendo bem disso. Ano passado o Sepultura anunciou o encerramento de suas atividades após quarenta anos. Qual a sua opinião sobre o assunto? Você acha que a banda ainda tinha lenha para queimar ou eles pararam no momento certo?

Isaura. Bom, minha opinião sobre o Sepultura (desde quando eu tive um relacionamento rápido com o Max nos final dos anos 80...) sempre achei que ter acabado a banda foi a maior estupidez do mundo. O som deles era redondo. Um completava outro. Daí, veio o rabo de saia e interesses monetários. E o Sepultura atual perdeu a alma do original. Eu posso dizer que "aceitava" mas tinha alguma coisa ali que não estava completa. Mas acho que eles sabem o que fazem. Quem sou eu pra falar se era ou não momento de parar. Chega uma hora na vida da gente que mudam os nossos valores e nossos objetivos. E com eles não foi diferente. Mesmo se o original voltasse com o Max, não seria a mesma coisa. A magia havia se quebrado. 

2112. Roots é um puta álbum que abriu portas para o metal experimentar novos caminhos assim como o Black Sabbath já havia feito em Never Say Die ao incluir passagens jazzisticas em algumas músicas do álbum. O que você acha dessas fusões?

Isaura. Eu acho excelente. Música é isso. É isso que os headbangers precisam entender. Música é arte! E nessa arte não existe apenas Heavy Metal. Existe muita coisa legal pra ser explorada. Só não misturar lixos como funk carioca que já está tudo lindo, porque aquilo pode ser tudo, menos música e arte. hahahaha 

2112. O que você achou dos irmãos Cavalleras regravarem os dois primeiros álbuns da banda? Na sua opinião ainda soa como Sepultura?

Isaura. Foi como eu te disse anteriormente, é Sepultura, mas não é a mesma coisa. Algo se perdeu no caminho...

2112. O selo Classic Metal Records tem realizado um trabalho fantástico ao relançar diversos álbuns raros de hard e metal. Você tem acompanhado de perto esses relançamentos?

Isaura. De perto não, mas tenho acompanhado pelas mídias sociais. Vi coisas realmente muito boas sendo lançadas principalmente nacionais dos anos 90 como Cavalo Vapor, Patrulha do Espaço e Siegrid Ingrid. 

2112. Apesar do pioneirismo das bandas Stress e Karisma foi com o lançamento dos álbuns SP Metal I & II que a cena metálica se concretizou. E esse ano ambos os álbuns completam quarenta anos e eu te pergunto: que balanço você faz desses últimos quarenta anos do metal brasileiro?

Isaura. O metal brasileiro evoluiu muito como era de se esperar com a tecnologia. Mas infelizmente, a mesma tecnologia fez com que o espaço fosse mais disputado entre as bandas. Hoje existe uma competição muito arisca entre as bandas. É muita gravação de cds mas pouquíssimos espaços e nada de shows. O negócio do momento é imprimir novos álbuns, divulgar e parar por ai.  Virou uma mesmisse. Sem contar que agora o rock está dividido em opiniões políticas. Muito triste isso. O rock não pode ser politizado. O rock é livre de tudo. 

2112. Entre as novas bandas quais tem chamado a sua atenção?

Isaura. Sgaile e Drain.

2112. (Considerações finais) ... o microfone é seu!

Isaura. Bom, gostaria de agradecer a você por este espaço e convidar todos para sintonizar a Metal Messiah Radio e principalnente o NYC Metal Scene que acontece todas as terças-feiras das 19h EST. (21h Brasil), direto de Nova York totalmente GRATUITO, sem comerciais e sem aplicativo! Basta acessar: https://nycmetalscene.com ou www.metalmessiahradio.com .Um link para ouvir, o outro para entrar no chat mais maluco do mundo. Não há pop-ups e ninguém está tentando vender nada. Apenas o metal matador estará tocando. E se você tem banda, conte conosco!!!! Obrigada 

 


Johnny Z.

 
 Thiago Loureiro  
 

 Vagner Ferreira
 
 
Dedico esta entrevista a todos os radialistas que promovem o rock brasileiro. 

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Entrevista Fernando Magalhães (Barão Vermelho)


2112. ... pouco ou quase nada encontrei sobre o início de sua carreira pré-Barão Vermelho. O que você fazia antes de entrar na banda?

Fernando. A primeira banda que eu toquei se chamava 402, era uma banda punk, formada com amigos, tocamos numa danceteria chamada Dancin’Meyer, num festival punk, que teve a abertura dos Paralamas do Sucesso, antes de eles terem o primeiro álbum gravado. O Hebert, até hoje, me chama de Fernandinho 402!!!rsss

2112. Existe registros dessas bandas seja no formato físico ou disponíveis nas plataformas digitais?

Fernando. Que eu saiba, não saiu nada do Páginas Amarelas nas plataformas digitais.

2112. Você é autodidata?

Fernando. Aprendi os primeiros acordes com o meu irmão André Luiz, e por muito tempo fui autodidata, aprendendo e trocando informações com amigos. Basicamente posso me considerar 95% autodidata. O Zé da Gaita me convidou para fazer parte, “como baixista”, de um projeto chamado Zé Who, só com músicas do The Who. Ele sabia que eu era fã da banda e sabia tocar algumas músicas. A banda era ele na guitarra e vocal, eu no baixo, e na guitarra e bateria, nada mais e nada menos que, Roberto Frejat e Guto Goffi. Ensaiamos no Western Club, no Humaita, e ali já criamos uma amizade bacana. O show foi no Circo voador, em janeiro de 1983. Eu comecei a tocar ‘mais’ profissionalmente com o Zé da Gaita, roqueiro carioca, que eu conheci através do Mauricio Valadares, do Ronca Ronca. Fiquei um tempo tocando com o Zé, que me apresentou para o baixista Ricardo Trajano, eles eram amigos a anos e tocavam juntos. O Trajano tocava como o compositor e tecladista, Clovis Neto, que tinha um trabalho pop/jazzeado e suas músicas já tocavam na Rádio Fluminense. Ele me convidou para tocar na banda do Clovis e eu fui, fiquei por volta de um ano tocando com eles. O Clovis recebeu um convite para gravar um EP pela gravadora Polygram, e fomos gravar, saiu com o nome de Páginas Amarelas. Logo em seguida eu fui convidado para ir trabalhar com o Barão.

2112. Fernando como surgiu o convite para acompanhar o Barão em turnês e gravações? Vocês já se conheciam?

Fernando. Em 1985, quando o Cazuza saiu da banda e o Frejat assumiu os vocais do Barão, eles precisaram de um guitarrista a mais para os shows. Foi aí que o Guto se lembrou de mim, e eles me convidaram para trabalhar com a banda.

2112. Em 1989 você e o Peninha (in memoriam) são efetivados como membros oficiais. Essa mudança mudou a sua visão sobre a banda? Afinal fazer parte do todo é bem diferente de ser músico contrato, não?

Fernando. Eu e o Peninha já estávamos tocando ao vivo com a banda desde 1985, e em 1988, gravamos o álbum Carnaval inteiro com o Barão. Já éramos uma unidade sonora juntos, mesmo não sendo integrantes da banda. Quando o Dé saiu da banda, e o DADI foi convidado para ser integrante, eu e Peninha fomos convidados para sermos integrantes também. As mudanças foram mais na parte de construção musical, na imagem da banda, agora estávamos nas fotos, como banda. Não em gerenciamento de escritório, e sim na parte lúdica da coisa.

2112. Entre os álbuns gravados pelo banda com a sua participação quais são os seus preferidos?

Fernando. Barão ao vivo, Na calada da noite, Carne crua e Barão 40.

2112. ... existe um solo em particular que você se orgulha de ter gravado?

Fernando. Adoro o meu solo em “Um índio”, releitura do Caetano Veloso, que saiu no “Álbum” de 1996.

2112. Você poderia falar um pouco sobre "Fernando Magalhães" seu primeiro álbum solo lançado em 2007? Ele também é instrumental como o Rock It? 

Fernando. Quando o Barão teve a sua primeira parada em 2001, eu fui tocar com amigos, Blitz, Gabriel o pensador, Vinny… produzi o primeiro álbum dos Detonautas e resolvi gravar um álbum com vários riffs e composições que eu tinha guardados no armário. Comecei o álbum produzindo algumas faixas com o meu amigo e baterista do Blues Etílicos (na época), Pedro Strasser. Nesta época eu estava tocando com o Vinny, e fiquei muito amigo do seu baixista e produtor Roberto Lly, que era baixista do Herva Doce. O Roberto, além de ser um grande baixista, ele era um baita produtor e engenheiro de áudio. Mostrei alguma coisa para ele que eu tinha já gravado e ele comprou de fazer o álbum todo.

2112. Quem participou das gravações? Você mesmo compôs o material?

Fernando. No álbum além do Pedro Strasser, tocam, o tecladista Sérgio Villarim, os baixistas Leonel, Vagner (do Dr.Silvana) e o próprio Roberto Lly. 70% deste álbum eram riffs inacabados, idéias que não tinha ainda onde colocá-las. Finalizei muitas coisas bacanas neste álbum. As composições são minhas, algumas com parcerias com Roberto Lly, Pedro Strasser, um amigo Marcos Mattos, Frejat e Mauro Santa Cecília.

2112. Entre o primeiro álbum e Rock It existe uma lacuna de sete anos. A agenda do Barão para shows/gravações eram muito intensas a ponto de não dar tempo para você trabalhar material solo ou você não tinha pressa para lançar um novo álbum?

Fernando. Tudo isso o que você falou.

2112. Uma curiosidade... você nunca tentou gravar cantando? 

Fernando. Até agora, nunca me senti confiante em mim, confortável com a minha voz, para cantar. Eu adoro este álbum, é um dos poucos que eu gravei que o ouço e curto como ouvinte rsss.

2112. Rock It é um ótimo álbum para quem curte não apenas guitarras como dizem muitos fãs... mas também música instrumental de qualidade. Gosto de ouví-lo durante minhas caminhadas ou correndo de bike. É uma ótima trilha sonora... 

Fernando. Também, já dei caminhadas ouvindo-o. Ele me emociona, adoro as músicas, os arranjos, o significado daquelas músicas. Impressionante, foram compostas num instante, mas representam algo enorme, atemporal, muito forte da minha vida. Ele é um álbum dedicado a minha adolescência, aos meus amigos de infância, e todas as descobertas que tivemos juntos. A capa do Humberto Barros é muito certeira, ele entendeu tudo e fez aquele desenho perfeito.

2112. Que músicos são influências diretas no seu jeito de tocar e compor?

Fernando. Como guitarrista, os meus heróis são guitarristas mais “comuns”, Keith Richards, Mick Taylor, Ron Wood, Pete Townshend, John e George, Luis Carlini, Edgard Scandurra, Hebert, Toni Belloto... É uma lista infinita. Falei de guitarristas, fora todos os baixista, bateristas, tecladistas…

2112. Existe um ou uns álbuns que foram fundamentais na sua formação como músico? 

Fernando. Todos os dos Beatles, Stones, The Who… Let there be rock do AC/DC, London Calling do Clash, Jesus não tem dentes… dos Titãs, Harvest, Neil Young etc. Lista difícil!!!

2112. Entre a nova geração de guitarristas quais você citaria como revelação? 

Fernando. Gosto muito do Mateus Asato, brasileiro que mora nos Estados Unidos. Muito talentoso, toca muito, toca bonito.

2112. Você curte solos com velocidade?

Fernando. Adoro Joe Satriani, Steve Stevens, Yngwie Malmsteen...

2112. Particularmente sou mais vintage curto mais Hendrix, Beck, Hélio Delmiro, Lanny Gordin, Clapton, Page, Luis Sérgio Carlini, Alvin Lee, Leslie West, Toninho Horta, Sérgio Dias, Buddy Guy, B.B. King etc. Valorizo mais o feeling que a velocidade... e você?

Fernando. Gosto, mas a minha escola é esta e todos estes que você citou, mas admiro os velozes e extremamente técnicos também. Mais como ouvinte, e não almejando chegar perto deles, não é o meu caminho ou possiblidade.

2112. Não que eu seja contra o uso de velocidade mas vim de uma época onde solos como o de Sérgio Carlini em Ovelha Negra fazia toda a diferença.

Fernando. Ovelha negra tem o solo mais simples e mais lindo de todos os tempos, na minha opinião. Me emociono profundamente e arrepio forte quando o ouço, até hoje. Música é isto, bater no coração e te levar para lugares maravilhosos. E este solo, junto com a magia da canção, que é maravilhosa, fazem isto, ao menos comigo. Eu mandei uma cópia do álbum para o meu amigo e herói Luís Carlini, e ele me falou: “- Pô meu, você não gravou um álbum instrumental, você apenas não cantou!” Pra mim foi o elogio máximo que eu podia receber. 

2112. E como surgiu projeto do álbum Efeito Borboleta com Rodrigo Santos?

Fernando. Eu estava tocando com o Rodrigo, no seu trabalho solo, a muitos anos, ao vivo e gravando nos seus álbuns. Um dia nós conversamos e pensamos: “- Nunca fizemos um álbum juntos, vamos fazer!” Posso dizer que foi um trabalho extremamente prazeiroso de fazer, primeiro pela nossa amizade e segundo pela condição de estarmos tão ligados musicalmente pela estrada.  Compomos o álbum em um ou dois meses. Muitas idéias o Rodrigo já tinha e eu algumas, finalizamos juntos tudo, e compomos várias do zero. Fomos para o estúdio com o baterista e nosso amigo querido, Lucas Frainer, e começamos a gravar. Humberto Barros gravou os teclados e é isto. Eu e o Rodrigo adoramos este álbum, sempre que nos encontramos falamos isto.

2112. E como foi a recepção do álbum afinal continha dois membros do Barão e a expectativa por parte dos fãs deve ter sido grande, não é?

Fernando. A recepção foi bacana, nada grandioso, não teve grande divulgação o álbum. Não o fizemos ao vivo. Acho que ele merece uma segunda rodada, com shows e divulgação rsss

2112. O material gráfico ficou lindo, parabéns pelo belo acabamento. 

Fernando. Mais uma capa certeira do no nosso querido amigo Humberto Barros. Adoro a capa. 

2112. O grupo Os Lenhadores com o Rodrigo veio antes ou depois do álbum? Que tipo de som vocês faziam? Os demais integrantes são músicos convidados ou tem formação fixa?

Fernando. Veio antes, era o Rodrigo, eu e o Kadu Menezes.

2112. Para esse ano existe projeto de um novo álbum solo? 

Fernando. Talvez sim, estou com o armário cheio de riffs e músicas guardadas, uma hora vai tudo sair. Seja no Barão, solo...

2112. ... o microfone é seu!

Fernando. Muito obrigado pelo o carinho e interesse na minha vida musical. Amo a minha vida e minha carreira. É um prazer poder contar para vocês.

 
Obs.: As fotos utilizadas nessa postagem foram retiradas do Facebook do guitarrista. Créditos as fotógrafas: Mila Maluhy e Valeska Rocha.