Egisto. O TRANSE, faz parte de um projeto, uma
TRILOGIA de álbuns, que iniciei no VERTIGENS, e ainda terá um outro para
fechar, já sendo gravado, em estado adiantado. Nos objetivos de resultados
artísticos/sonoros do TRANSE eu busquei as minhas canções que exatamente saíssem
da linguagem rock (apesar de Fraullie Candy, que é o que ela é, puro rock...),
e que permitissem experimentar com músicos que trabalham com o jazz e o
instrumental em Porto Alegre, alguns mestres, uns contemporâneos e as promessas
de novas gerações, juntei tudo, juntei todos, quase todos não se encontraram no
estúdio. Eu fui o elo de ligação e escolha das partes de cada um aproveitadas,
no arranjo final, deixei todos a vontade pra improvisar e dar o melhor, segundo
a sua linguagem, queria ver como soava a minha música com artistas mais
refinados, ou apenas mais aptos a linguagem buscada. A idéia era um disco acústico
(Vertigens) e cru, com músicas compostas ontem, antes de gravar, ou até no estúdio
mesmo, um disco "brasileiro" (Transe), arranjado com
"jazzistas" e o terceiro que é mais "rock/carreira", e ai
com parceiros de toda a carreira, pra ser um panorama da minha obra autoral, em
3 maneiras de escutar diferentes, essa é a idéia da trilogia, o volume 3, deve
sair 2023.
2112. Admiro quando um músico/banda sai da
sua zona de conforto e se auto desafia a traçar novos rumos na sua carreira.
Como você trabalhou esse projeto na sua cabeça?
Egisto. A exclusão (51% auto/49% dos donos da
cidade) da panelinha rock da cidade e a aproximação com pessoal do jazz, num
projeto que fiz em 2013 no Bar Opinião me fez gostar de estar perto de alguns,
que já éramos amigos da noite e da cultura local, mas nunca tínhamos tocado
junto. Eu gosto de aproximar pessoas, músicos e artistas, acho que cada um que
realmente se entrega pra canção, pode contribuir definitivamente pra beleza do
arranjo. Ah, e desde o Colarinhos
Caóticos (1987-1998) gosto de misturar informações, estilos, linguagens. No
fundo, meu trabalho sempre é pesquisa e sempre é experimental, cada um focado
de uma ótica diferente, ou apenas variada. Esses, todos esses, músicos que
convidei, sou fã, os considero fora de série, gente de criatividade e
dedicadíssimos aos seus instrumentos, músicos que em qualquer lugar do mundo
podem seguir a carreira.
2112. Influências com certeza você
deve ter muitas... mas para gravar esse álbum quem mais te influenciou? Você
ouve todo tipo de música?
Egisto. Eu ouço muitos tipos de música... ou
ouvi, ouvi muito mais do que ouço hoje, como faço música quase o tempo todo. Estou
sempre muito ocupado com meus discos e meus arranjos e minhas letras e
composições e as parcerias, que desenvolvo várias - e com certeza tudo me
influencia. Esse disco eu vejo referências do Beto Guedes a Cassiano, Tim Maia
passando por Stevie Wonder, Bossa Nova, Tom Jobim, Hyldon, Lô Borges, os compositores
da chamada MPG, a música popular de Porto Alegre, também estão ali Nei Lisboa,
Raul Ellwanger, Nelson Coelho de Castro, Mario Barbará, Claudio Vera Cruz... Mas vejo tudo isso como referências apenas,
são coisas que já tão no meu sangue desde o começo, eu fui um audiófilo alucinado
desde 1977, então em 1981, quando aprendi a tocar, eu já tava tocando toda essa
gente que eu adorava, eu sempre devorei todas as informações de um disco,
conheço nomes de engenheiros, fotógrafos, capistas, etc, desde essa época.
2112. Por algum momento você pensou
em voltar atrás e fazer um disco de rock que é mais a sua praia?
Egisto. Nunca pensei em desistir! Entrei nesse
disco com tudo - e cada disco meu, dos que vem pela frente, terão linguagens
diferentes, claro que o ROCK sempre estará presente, e alguns deles, serão PURO
ROCK - mas, tenho muitas idéias diferentes entre si, pra colocar pra fora, e
pretendo manter um ritmo constante de lançamentos;
2112. Ouvindo o trabalho pronto ele
te satisfez como músico, compositor e produtor?
Egisto. Gosto muito do resultado do TRANSE, tive
ajuda preciosa do Vini Tonello (do estúdio V-TONELLO) que me ajudou a
selecionar os "melhores" trechos de cada um, ou as vezes, apenas o
que combinava mais. Eu gosto de graves, acho que ele tá bem servido de boas
frequências a favor da expressão das canções. Masterizei junto, levamos até o
final a lapidação da sonoridade. Eu praticamente tentei tocar pouco no disco,
mais os baixos, que faço questão, acreditei na mistura minha com os super
músicos, e "especiais" como bandolim e moog, ai não resisto, e são
instrumentos naturais em mim, que gravo a muito tempo; Como produtor, fiquei
orgulhoso.
2112. "Muito Obrigado" tem um
delicioso tempero mezzo jazz, mezzo latino que com certeza daria um belo remix
para as pistas de danças. Já pensou nessa possibilidade?
Egisto. Nunca pensei em Remix meus, mas tem sim
possibilidades, ela tem muito groove, incrivelmente para uma música em 6x8, era
um lado B, que pela recepção, tá virando lado a. A gente brincava na gravação,
músicos, técnicos, fotógrafos e eu, que seria um disco de "sucessos",
mas, sabemos que não é assim. Mas estamos abertos a REMIXE'S, seria uma
maravilha.
2112. "Então, Me Liga?"
soa como um prog jazz que me lembrou os trabalhos do King Crinson do início dos
anos 70. A inclusão da flauta deu um toque todo especial na música. Parabéns,
ficou muito linda!
Egisto. Que bom que tu viste KING CRIMSON em mim,
tem por demais. Então, Me Liga? nasceu muito da emoção que eu tava sentindo e a
necessidade de expressar ela numa suavidade extrema, e o amor apaixonado assim,
tu sabe, a gente tá meio exagerado, possuído, só pensa em estar junto, e era
difícil, pela nossa vida diferente (eu e ela) e o trabalho exaustivo (e
dificuldade financeira) dos dois. Então cada encontro era tudo, e a canção
tinha que ser o mantra, o apelo, a trilha sonora desse encontro de amor em paz,
caliente pero suave, tranquilo, amigo, sereno. Muito obrigado pelo elogio,
gosto muito dela também, tanto que não acho ela cara de lado A, mas ela conta
de onde veio toda a viagem emocional do álbum, por isso abre. A tônica do disco
é o amor, e tentar bem vivê-lo, mesmo nos momentos duros, como em muito
obrigado, que é o oposto, é fim de relacionamento. O FRANCO SALVADORETTI, o
flautista, é um dos grandes músicos de Porto Alegre do momento. Tá num nível
muito alto, ele é absurdo!
2112. Outro destaque foi a
participação de Maria Luzia Benitez em "Sol e Seca" fazendo um belo
contraponto a sua voz. Como surgiu a participação dela no disco?
Egisto. Da MARIA LUIZA BENITEZ, sou fã desde o
final dos anos 70, quando ela arrasava nas "Califórnias da Canção Nativa"(festivais
com música de cunho folclórico, mas também com projeção, muito importantes à
época, aqui no RS), e ficamos amigos. Quando, em 2000 fomos jurados do “Troféu
Açorianos de Música” e fomos conhecendo dessa vez a pessoa, além do artista,
ela é uma grande cantora, amiga querida e uma xamã poderosa. Traz na alma o
índio charrua e uma força com sabedoria, foi muito difícil cantar com ela,
porque ela canta demais e eu sou apenas um compositor esforçado. Gravei umas
várias vezes, até achar que fiz bem a minha parte, mas, claro nem comparo, ela
deu ouro e luz à milonga jazz, o arranjo do PEDRO TAGLIANI (do Raiz de Pedra banda
que vi muuuuitos show no início dos 80!) também levou pra outro nível.
2112. Você já escolheu a música que
será trabalhada nas rádios?
Egisto. Sobre "música de trabalho", eu
penso que sim, que HÁ TEMPOS é essa canção. Agora no mês de abril gravaremos o
clip com participação do Tonho Crocco e muito provavelmente de vários músicos
que participaram do álbum, não necessariamente nessa faixa. Até agora, só
mandei pra Rádio Cultura FM, estatal, aqui de Porto Alegre que está tocando na
programação uma faixa, não sei qual ainda, logo saberei. Não acredito muito
mais em divulgação, apenas em meios direcionados e especializados e que vai até
o fã de música como aqui no 2112, gracias, baita.
2112. Teremos o lançamento de alguns
singles com faixas extras?
Egisto. Faixas extras não temos. Existem
possibilidades de edições futuras com remixagens e aproveitamento de outros
takes. Ao contrário, o álbum sairá também em vinil (LP) o que deixará duas
faixas de fora, possivelmente lançadas em compacto. Se conseguirmos viabilizar
mais esse projeto, ou então serão direcionadas pra álbuns de
coletâneas/perdidos.
2112. Você já participou de diversas
bandas (mais de trinta!), já recebeu vários troféus, fundou a Purnada YPranada
detentora de mais de cinquenta álbuns entre coletâneas, CD's, discos, fitas
demo; já foi gravado por diversos artistas, fundou o Segunda Sem Ley onde você
produziu mais de setecentas bandas gaúchas etc. Quais são seus próximos
projetos?
Egisto. No momento participo das banda
Histórias do Rock Gaúcho (que ainda esse ano entra em estúdio pra completar um
álbum, que já está pela metade, e existe há 21 anos!). A Bebeco Garcia Tributo
Oficial (que lançará álbum também, em breve! 10 anos de projeto), a Portuguese
In Blues que é só blues cantado em português, autorais e ícones com o Celso
Blues Boy, Blues Etílicos, Cazuza, Raul etc e o Egisto Dal Santo Trio
Semi-Acústico que faz um show de MPB ROCKEIRA, esses são meus shows, no
momento. Mas meu foco mesmo está nos discos, estou fazendo muitos deles, ao
mesmo tempo, cada um com suas particularidades e conceito, som e tema das
letras - No momento a PURNADA YPRANADA faz uma parceria com a ENCOSTOH, e
pretendemos muitas coisas, estamos dando duro pra lançar muitas coisas
interessantes, gaúchas, nacionais e internacionais. O sonho é cada vez maior,
VINIL, CD e K7 nos projetos principais. Música boa é o objetivo, se vender, der
resultado ótimo, mas não é meta principal, o objetivo é lançar o que a gente
gosta e acredita, claro, que com toda a minha experiência e relações aqui,
temos muitas descobertas gaúchas pra acontecer em breve, novidades e perdidos
raridades momentos históricos. Tem também a 5ª banda SETEMBRINOS que faz ritmos
gaudérios/gaúchos, com pegada rock, instrumental sem firulas/virtuosismos, mas
é uma banda de estúdio, pelo menos por
enquanto, vai saber...
2112. Você é muito exigente e
perfeccionista com seu trabalho?
Egisto. Eu sou perfeccionista, mas
nunca daqueles que vai limpando o som ou vai sujando o som. Eu vou atrás de meu
projeto, e permito que ele tenha mudanças no caminho e, se adapte ao possível.
Mas sempre tô querendo fazer o melhor disco do universo, dentro dos recursos
que tenho a mão. Já como músico gravando, eu prefiro sempre gravar "de
primeira", first take, acho mais saudável, espontâneo e ingênuo, no melhor
dos sentidos, mas avalio tudo, e, se preciso, refaço tudo, mas geralmente gosto
do primeiro take, e não vou pro estúdio com arranjo não, gosto de deixar uma
coisa levar a outra, e as idéias vão fluindo quando se está concentrado em
estética, uma coisa leva a outra, simplesmente flui, deve ser um ramo da magia.
2112. Como produtor: o que mais te chama
atenção ao ouvir uma banda/músico seja em disco ou show?
Egisto. O que mais me chama a atenção
num artista/banda/coisa é a particularidade, a capacidade de tornar seu o que é
de todos nós, personalidade pra mim vem até antes de criatividade ou
inventividade, porque sem amor próprio não rola pra mim. Artista tem que ser da
sua arte e vice versa, unidade e transmissão de conhecimento e brilho. Mesmo
deprê, tem que ser deprê mesmo! Artista mesmo, pra mim é espontâneo também,
complicou, buracratizou é porque já era, desbaratinou. Acontece.
2112. Egisto, como é ser músico do outro
lado da sala de gravação? Você dá seus pitacos ou apenas faz o trabalho de
casa?
Egisto. Ah, trabalhar como músico e
não dar pitaco na gravação, é impossível, pra mim, acabo produzindo, quase
sempre, rsrsrsrsrrs. Mas dependendo do instrumento que estou gravando, vou no
simples, eu gosto do simples, acho legal o cara chegar e dizer "bah aquele
teu baixo é du caralho e tri fácil de fazer, já tirei, tô tocando". Acho
que isso incentiva a gurizada a aprender a tocar (rock), simplicidade. O blues,
por exemplo, poderia ser facilmente entendido por crianças na escola, sempre em
12 compassos, sempre os acordes, sempre a volta, é fácil entender, e as
crianças poderiam levar ele a outro patamar, deixar de ser purista baseado em
lendas e no passado, sempre o passado, como se não existisse presente, nem
futuro, pra um estilo, se pensássemos assim, Schoenberg e Frank Zappa não teria
existido. Mas, SIMPLES, não é POBRE, é preciso entender. Paul, por exemplo, é
um baixista SIMPLES, extremamente melódico, revolucionário e criativo, porém
SIMPLES, toco cada nota que ele tocou...
2112. Que conselhos você daria para quem
está pensado em gravar pela primeira vez? O que é mais essencial para entrar em
estúdio?
Egisto. Pra quem vai gravar a primeira
vez, se é banda, muito importante estar ensaiado e com certeza dos arranjos. Estúdio
é caro e estressa quem não está acostumado com ele. É bicho xucro e deve ser
domado, mas não muito, senão perde a magia e vira só frieza e técnica.
Valorizem o som, mas não esqueçam do arranjo, vejo muita banda "nova"
com excelentes timbres e sem uma música no disco todo, dói, os caras tocam tri
bem e não vêem a diferença entre música "boa" e "ruim". Gosto
se discute sim, gosto depende de cultura, educação, estudo, caráter,
sensibilidade e oportunidade. Vá pro estúdio com certezas, e, com certeza, sai
algo vivo, isso é mais importante do que bonito ou "perfeito". Não
existe fórmula, só a do fracasso, ela é "siga a fórmula". Ah, e
alugue ou arrume emprestado BONS instrumentos, com equipamento RUIM, é quase
impossível fazer boa arte, EXISTEM EXCESSÕES, mas não podemos nos basear em
excessões, quer som? Use o que sai som...
2112. Aos poucos os locais para shows
estão sendo liberados. Você pretende promover "Transe" o ou o cd foi
apenas um projeto de estúdio?
Egisto. Pretendo sim, montar uma super
banda para fazer pelo menos uns dez shows de lançamento do TRANSE quando ele
chegar em VINIL. Até lá vou preparando o terreno e tentando fazer uns 2 ou 3
clips - também ter essa banda não é nada BARATO, eu quero muito, vamos ver o
que acontece, acredito que será possível, agora com a lei PAULO GUSTAVO.
Pretendo inscrever o projeto de shows de lançamento, mas aqui no SUL é tudo
muito underground, é um sacrifício fazer, muito pouca valorização, cachês
semi-amadores e estruturas muito pequenas de equipamentos. Estamos na luta - eu
quero muito lançar e ir pra estrada, acho que o TRANSE poderia ser um show pra
apresentar minha música ao país, mas, isso é sonho, nós não conseguimos sair
daqui, aqui é cemitério de artistas, tem muita gente boa que não passa na
fronteira, nós ainda vamos ao Sudeste do Paraná e Oeste Catarinense, além do
interior do RS, nem todo, mas aos poucos amplia-se. Caso não aconteça
espalharei as canções pelos repertórios das quatro bandas. Algumas delas já
venho tocando no shows de violão e voz ou dupla, há alguns anos, como Há Tempos
e Domingo Vai Ser Lindo.
2112. O Colarinhos Caóticos assim como o
Violeta de Outono, o Harry, o Vzyadoq Moe, o Black Future, o Último Número,
Fellini... sempre se manteve a margem do movimento BRRock. Você curtiu a cena
da época?
Egisto. o BRRock era uma coisa muito de
mídia, rádio, TV, jabá e investimento de multi nacionais, aos
alternativos/underground sobrou o preconceito e a dificuldade e levar a banda
em frente. Muitos desistiram por isso, eu precisei me adaptar muito, pra poder
seguir trabalhando com música. O espaço era praticamente exclusividade das
grandes bandas, e havia pouquíssima ou nenhuma interatividade entre as bandas.
Nós os gaúchos, sempre ficamos longe demais de tudo, infelizmente, nem
aparecemos em listas nacionais praticamente nunca. A galera se recolheu pra cá.
Aqui tem algum espaço, no interior do estado, mas segue sendo um desbravamento,
principalmente a música alternativa. Eu mesmo, já tenho vários hits (mais de dez
que as pessoas cantam, na voz de "outros"...), com outros ou
parceiros, e mesmo assim, sigo muito confundido, aqui é dificil, mas a gente
tem tradição de enfrentar o difícil. Meu bisavô perdeu um filho no navio,
quando veio da Itália, não estamos pra brincadeira. Meu avô fabricava gaitas.
Minha mãe cantava na rádio. Eu tive bons contatos com personalidades dessa
época, chegando a ter como pensar após bastante conversa com Renato Russo,
Paulo Ricardo e fazer um som com Edgar Scandura no tempo em que ele foi um
integrante transitório da A Cretinice Me Atray. Ah, sobre projetos, ainda penso
em lançar um documentariozinho sobre o Segunda Sem Ley sobre os 10 anos (ou
mais se pensar bem...), em que muitas bandas nasceram de jams e misturas entre
bandas, e bandas se apresentaram pela primeira vez, fora quando eram sessões
temáticas, com bandas de estilos diferentes arranjando um tema ou artista. Eu
senti falta de parceria entre as bandas. Na época havia muito estrelismo, as
próprias bandas gaúchas "famosas", só foram ficar nossos
"amigos", depois que a fama e o sucesso passou ou baixou a poeira
cósmica. Não era fácil ser underground e explicar que não tocava nas rádios
(porque tinha que pagar o jabá!) mas tinha qualidade, mesmo assim. A própria
noção de UNDERGROUND ainda não era moeda corrente, uma banda tinha que fazer
sucesso pra ser considerada boa. Agora tenha certeza, que eu estudei muito o
BRROCK, quando decidi fazer a COLARINHOS CAÓTICOS, escutei tudo a exaustão na
intenção de que a minha banda fosse exclusiva, ter a certeza de um som
extremamente nosso, particular e original, dentro do impossível, claro. Acho que
conseguimos!
2112. Daquela época quais bandas você
ainda ouve e quais os trabalhos mais relevantes na sua opinião?
Egisto. As bandas que gosto até hoje,
daquela época são Mercenárias, Smack, Patife Band, Nau, Wzyadoq Moe. De todas
elas a Patife é a minha favorita, mas as cinco tem seus grandes momentos e
contribuição pra linguagem que ainda está em fase de desenvolvimento e
experimentação, que é o "fazer rock" em português. Não é fácil, mas é
afú. Ah, e o Paulo Barnabé é gênio, nunca tive nenhuma dúvida disso, e me
oriento por essa bússula... Do Pamps eu soube muita coisa interessante demais,
pela Marcinha Punk, do Chance, minha amiga e produtora, que gravou duas faixas
comigo em outro álbum, e infelizmente já nos deixou;
OBS: No meu caminho tive uma grande
amizade com Pedrinho Batera, do Som Nosso de Cada Dia e com Aline Mendonça, cantora
mineira, pioneira nos discos independentes. Esses foram meus mestres pra ir me
valorizando e desenvolvendo a capacidade de absorver estética/linguagens/jeitos,
sem copiar.
2112. Outro projeto interessante é o
Spacequera (que atualmente chama Setembrinos!) misturando música gaudéria com
rock. Como foi trabalhar ritmos tão diferentes para alcançar um som próprio?
Egisto. O lance dos SETEMBRINOS, é uma coisa
de infância mesmo, incrustada na alma, mais raízes históricas pessoais do que
tudo, tanto eu como o Vini Tonello que é o tecladista, somos de SOLEDADE, no
planalto médio, numa zona onde o gaúcho de bombacha e o cavalo foi uma
realidade até os anos 80, muito forte e muito presente. Nós criamos dançando
danças folclóricas no colégio e nos CTG's, isso está a flor da pele. E ao invés
de fechar nas tristezas e saudades das milongas melodiosas e tristes,
preferimos centrar em ritmos festivos e alegres, é um disco sem firulas que
nasceu ao acaso, quando vimos tomou essa forma, ele meio que se construiu
sozinho, foram 3 ou 4 anos gravando nos estúdios dos outros dois integrantes da
banda Paulo Arcari e Vini Tonello. O resultado é esse, já fizemos dois clips
sem humanos e faremos outros na sequência. É uma coisa realmente regional,
existe escola e tradição desses estilos, ritmos, aqui no RS, mas ninguém faz
com essa pegada rock'n'roll, tem até uns que dizem que fazem, mas eu te digo,
não fazem não, aqui é rock mesmo, e contém elementos de atualização como se o
futuro fossem os anos 60, é uma espécie de THE VENTURES VARZEANOS E PAMPEANOS,
esses não se entregam...Tanto Paulo, quanto Vini eram também originalmente do Spacequera.
2112. Qual o telefone/e-mail para
aquisição de materiais de merchandising, contratar seus shows ou seus serviços
de produtor?
Egisto. Telefone para contatos whats 51 998
98 3124. E-mail: egistodalsanto@yahoo.com . Podem também chamar pelo Facebook,
sem problemas e o canal no YouTube é Egisto Dal Santo Música. Lá tô publicando
tudo o que faço/fiz.
2112. ... o microfone é seu!
Egisto. Entre projetos atuais e futuros,
trabalho para a mãe do JÚPITER MAÇÃ, garantindo uma qualidade/padrão doido, ao
que é lançado, e relançado. Estou lançando pela PURNADA YPRANADA o álbum THE
MAN WAS, de músicas inéditas dele e com ele, e tenho outros materiais que
pretendo desenvolver, acabar, vários projetos interessantes - também estamos
lançando com o selo ENCOSTOH (que lançou o TRANSE) um álbum do Nei Lisboa Ao
Vivo, e temos vários projetos na mira e entrando já na linha de produção.
Também pretendo relançar em CD e VINIL, meus álbuns solo mais antigos, desde o
século passado. Tenho muito material que é apenas local, agora tô decidido a
reeditá-los - mas o foco mesmo são os discos novos, que estou construindo, são
vários e cada um tem sua cor e aroma. Tudo de bom, muito obrigado!