Depois de
entrevistar Álvaro & Eric Assmar dois dignos representantes do blues baiano
agora é a vez de Ney Goiaba a frente da sua Try2experience. A banda já gravou
dois álbuns e faz shows de tirar o fôlego da audiência. É blues rock em alta
voltagem!!
2112. Porque quando
se menciona o nome da Bahia em termos de música quase não se fala sobre o
blues, o rock, o punk e o metal produzido aí?
Ney Goiaba. Acredito que
isso se deve ao pouco espaço que a produção desse tipo de material tem no
Brasil inteiro, não apenas na Bahia. Com a geração do Instagram também, boa
parte dos músicos estão mais preocupados em gravar um vídeo perfeito de 1
minuto do que compor uma música, tocar ao vivo suas próprias músicas ou
desenvolver versões das músicas que gosta, tudo isso é trabalhoso, demora um
bom tempo para assimilar, infelizmente a falta de incentivo atrelada também a
essas questões de mídias sociais torna o músico mais limitado e cada vez mais
desmotivado a produzir material próprio.
2112. As redes
sociais tem tido um papel determinante na divulgação das bandas, não é? Eu por
exemplo tomei conhecimento do seu trabalho via Instagram.
Ney. Tem sim, hoje
em dia é impossível fugir das mídias sociais, entretanto, vejo como importante
mostrar fidelidade ao que se vê na internet, muitas bandas fazem super produções,
materiais curtos impressionantes nas redes sociais, ai você vai ver o play ao
vivo é outra história…
2112. Na sua
opinião a mídia baiana explora pouco a cena underground levando em conta que as
bandas não tem a mesma exposição que o axé por exemplo?
Ney. Acredito que
isso não é um fator apenas relacionado a mídia, o underground sempre será
underground, independente do estilo, o que falta talvez seja a organização das
pessoas que estão no underground para se juntarem e criarem eventos, e esse tipo
de coisa, aqui na Bahia são poucos os festivais
2112. As rádios se
propõe a ajudar as bandas tocando o material em suas programações? Como
funciona essa interação banda/rádio?
Ney. Acredito que
hoje em dia o papel da rádio já não é o mesmo do que há 10, 20 anos atrás, o
mais importante é ter network e saber divulgar nas redes sociais
2112. Mas me diga
uma coisa: Como é a cena blues baiana?
Ney. Existem
excelentes músicos, principalmente em Salvador onde o blues já é tradicional
desde os anos 70-80… entretanto boa parte desses músicos tocam em outros
lugares, Brasil e mundo afora
2112. Tive o grande
prazer de entrevistar o Sr. Álvaro e o seu filho Eric Assmar e agora você. Quem
mais você destacaria com um trabalho bacana e que merece ser divulgado?
Ney. São
excelentes pessoas e músicos, meu pai é muito fã do Álvaro e também sou hoje,
além do Eric!! Acredito que dos bluesman brasileiros, os que eu mais curto hoje
atualmente são Artur Menezes, Fillipe Dias, Fred Sunwalk..
2112. Quando você
ouviu o blues pela primeira vez e qual foi a sua reação?
Ney. A primeira
vez que eu escutei blues foi quando eu estava enchendo o saco de um grande
guitarrista de São Paulo chamado Hard Alexandre, estava querendo desenvolver
melhor os vibratos e pedi para ele alguma dica, algum guitarrista para escutar,
aí ele falou, escuta Stevie Ray Vaughan… foi daí que vi um vídeo dele tocando
Scuttle Buttin em Tokyo, com um cachimbo na boca e fazendo um riff espetacular
na guitarra, desse dia em diante minha vida se tornou blues e blues e blues...
2112. É notório que
Jimi Hendrix é uma das suas maiores influências não apenas na música como no
próprio visual. Mas quem mais você curte e que também é influência na sua
música?
Ney. Eu gosto
muito do Hendrix, entretanto minhas maiores influencias são David Gilmour,
Stevie Ray Vaughan, esses foram os 2 guitarristas que mais estudei… depois
Hendrix e Eric Clapton, óbvio que todos se influenciavam entre si, meu estudo
sobre o Hendrix é mais recente, principalmente interpretando as harmonias,
interpretando as letras que são fantásticas! Pra mim ele é o melhor compositor
de todos os tempos.
2112. Você é
autodidata ou teve aulas com professores?
Ney. Sempre
estudei sozinho na internet, pedindo dicas aos amigos que eu via na internet e
sabia tocar… depois fiz aulas com o Guty Rodrigues q era um desses amigos q eu
enchia o saco pedindo ajuda também, e que me guiou muito. Hoje em dia recomendo
a qualquer pessoa fazer aulas.
2112. Um músico
para criar sua identidade músical precisa estar em sintonia com o universo
sonoro que o rodeia para não se tornar figura de um determinado período. O que
você ouve além do blues e do rock?
Ney. Eu gosto
bastante de Reggae, Rap e Forró, acredito q esses estilos completam meu estilo
de tocar também!
2112. A sua voz
grave muito me lembra os cantores de soul e também os pioneiros do blues. Quem
é influência direta no seu jeito de cantar?
Ney. Então, quando
criança eu fui diagnosticado com alguns calos nas cordas vocais, eu sempre
achei q n seria capaz de cantar, daí comecei logo tentando cantar Alice in
Chains, não deu muito certo porque eu não tinha técnica nenhuma, daí resolvi
cantar novamente quando comecei a estudar blues, as maiores influencias na voz
são Steve Ray Vaughan, Clapton pois possuem também a voz “rouca” e grave, então
me identifiquei bastante, logo depois Hendrix e Gilmour também.
2112. Nos seus
shows você demonstra total controle sobre a sua música atitude que hipnotiza a
platéia. Qual o poder que a música exerce sobre você?
Ney. Essa não sei
explicar muito bem, apenas sentir, antes eu relutava a dizer que eu nasci para
fazer isso, porém a cada apresentação e cidade diferente que eu passo, parece
que realmente eu nasci para esse propósito...
2112. Conte como foi
o período da pré-produção e gravação do cd?
Ney. Do primeiro
CD, “Try 2 Experience” foi simplesmente: precisamos de um cd para vender no
verão, vamos fazer, em menos de uma semana escrevi todas as músicas e riffs,
entramos no home studio do vinicius que e o baixista da banda e em umas 15
horas gravamos o cd todo, com exceção da música Benjamin que já havia sido
gravado anteriormente com outro baterista que é o Caio (que gravou o segundo cd
com a gente).
No segundo CD, ficamos uns 8 meses produzindo, ensaiavamos todas as quintas feiras, então iamos desenvolvendo as ideias nos ensaios, registrando e assim fizemos aproximadamente 10 músicas, conseguimos gravar 7, pois as outras n estavamos muito prontos para executar em estúdio, a gravação foi feita ao vivo em um estúdio profissional complexo B em Arraial D’ Ajuda
No segundo CD, ficamos uns 8 meses produzindo, ensaiavamos todas as quintas feiras, então iamos desenvolvendo as ideias nos ensaios, registrando e assim fizemos aproximadamente 10 músicas, conseguimos gravar 7, pois as outras n estavamos muito prontos para executar em estúdio, a gravação foi feita ao vivo em um estúdio profissional complexo B em Arraial D’ Ajuda
2112. Como vocês
fizeram para reproduzir as emoções dos shows da banda para dentro do estúdio?
Afinal são mundos completamente diferentes...
Ney. Acredito que
isso se deve a forma com que gravamos, que foram gravações sem muitos takes,
sem muita delonga, plug play and rec, nos 2 cds, no segundo ainda gravamos
juntos, ao vivo, o que dá mais essa energia do ao vivo
2112. O álbum foi
gravado do modo convencional instrumentos separados ou tudo ao vivo com adição
de posteriores overdubs?
Ney. O primeiro cd
foi gravado de forma separada pois não tínhamos condições de gravar ao vivo,
não fizemos nenhum tipo de dobra e etc. O segundo cd foi gravado ao vivo o
instrumental, e as vozes gravadas numa outra semana posterior, também sem
dobras.
2112. Na banda
todos compõem?
Ney. Geralmente eu
trago as ideias principais e as letras, porém a banda também me ajuda a
desenvolver as ideias e as letras também, então acaba sendo algo conjunto
2112. A abertura
com Running Out e a finalização com Benjamin Part Caio César é perfeita. Na
minha opinião o álbum é sem sombra de dúvidas um clássico do blues rock.
Parabéns!
Ney. Muito
obrigado, esse CD para gente hoje é um pouco estranho de se escutar pela forma
que foi desenvolvido, poderia ter sido muito melhor, mas pensando pelo lado da
experiência e de que muitas pessoas gostaram do álbum, ficamos felizes com
isso!
2112. Outro detalhe
é a capa com motivos psicodélicos... perfeita para o tipo de som que vocês
fazem. Quem foi o autor?
Ney. O autor da
capa eu não sei precisar quem foi, foi um amigo do nosso amigo Jukaballa haha
2112. Disco na
mão... como anda as vendas e os shows?
Ney. Esse primeiro
disco já vendemos mais de 1500 cópias tocando na rua e na internet… agora
estamos tocando mais fora de Arraial D’ Ajuda, fizemos recentemente em Junho
uma Tour pelo triangulo mineiro passando por Uberlândia, Uberaba, Araxá, Patos
MG, Araguari… Agora em Setembro estaremos em São Carlos e Ribeirão preto um
final de semana, e em setembro voltaremos ao triangulo mineiro para mais shows,
vamos ver como desenvolve...
2112. Quais
equipamentos você usa nos shows?
Ney. Nos shows na
praça aqui em Arraial eu uso um amplificador Tmiranda Micro 800, com meu
pedalboard que consiste em um afinador Korg minipitch, um boss CE-3 modificado
pelo JRMOD, Klon Centaur e Tubescreamer 808 feitos pelo Guilherme Collateral FX
de Uberlandia, Bog Deep Trip feito pelo Du Menegozzo, um Wah Wah Vox modificado
pelo Collateral e um delay mooer reecho. As guitarras ultimamente tenho usado
uma Vintage V6 Ressuie com captação Fullertone Purple Haze feitos pelo Eduardo
José Dias, e uma Tagima Semi Acustica Blues 3000, com captação Kalamazoo 57 também
Fullertone
2112. Informe como
as pessoas fazem para adquirir o cd e também agendar shows com a Try 2
Experience?
Ney. Podem entrar em contato com a gente pelo
Instagram: Try2Experience/Neygoiaba, assim como o facebook também ou por
telefone preferencialmente whatsapp: 73988682454
2112. Uma mera
curiosidade... porque Ney Goiaba?
Ney. O Goiaba um professor disse que eu tinha
sorriso de goiaba e ficou hehe, o Ney é porque uma época eu jogava bastante
bola, e eu era o único santista da turma e era bem na época do Neymar, aí
começaram a me chamar de Ney... Goiaba, juntou tudo heheh
2112. ... o
microfone é de vocês!
Ney. Bem, gostaria de agradecer a oportunidade de
estar aqui falando um pouco sobre a banda, é um projeto novo, tem apenas 2
anos, mas está crescendo cada vez mais, nosso show tem um diferencial da
improvisação, de energia que hoje são poucas bandas que tem, então vamos
explorando isso e fazendo acontecer!